_ Ele bateu em você, Murilo? (Passando a mão em meu rosto o irlandês me encarava preocupado).
Então balancei a cabeça negando, eu sentia um pouco seguro falando com Díoman, as vezes ele era chato, mas era meu único amigo ou inimigo, eu não sei, mas eu tinha medo de falar aquilo.
_ Não! (Assim disse cabisbaixo para ele).
_ Tem certeza? Se ele lhe bateu, você pode contar a mim, irei colocar gelo, e não irá doer mais! (Assim o irlandês ficou intrigado me olhando).
_ Não, você vai contar pra minha mãe! Eu não quero que ela veja isso! (Eu o encarei sério e assustado, eu não era burro de dizer que havia apanhado).
_ Eu não vou contar pra ninguém! Somos confidentes, você se lembra? Nunca contamos segredos um do outro! Você não tinha me pedido isso, quando te vi mexendo com os sapos no laboratório de ciências e você os soltou assustando a escola inteira? Eu não contei para ninguém que foi você! (Ele me dizia sério).
_ Eles iam matar os sapos, eles são seres vivos, não pode ser morto assim! Iam ficar sem ver as famílias deles! (Eu dizia pra ele pensativo).
Falando aquilo, então confiei nele novamente. A escola inteira teve que ficar parada para retirar os sapos das salas, e o irlandês foi o único que viu aquilo e não me dedurou. A diretora ficou muito brava e disse que se descobrisse quem tivesse feito aquilo, ia expulsar da escola, mas ela não descobriu e ainda estou lá por causa de Díoman.
_ Você me dá meu remédio? Eu não consigo fazer nada direito sem eles, minha cabeça está pensando muito! (Eu apontava pro meu armário de comprimidos, eu não podia pegar sozinho quando não estou bem, pois eu sempre pego remédio a mais e eu confundia eles, por alguns serem parecidos, então sempre alguém tinha que me dá quando eu ficava mal).
_ Estes? Quais são? (O irlandês me mostrou as cartelas e eu afirmei com a cabeça).
Aí eu levantei do chão e foi até ele animado, eu ia parar de sentir a cabeça girando. Eu sentia confiança no irlandês.
_ É um de cada! A receita tá lá em cima, mas minha mãe não gosta que eu fico com ela nas mãos quando não estou bem, só posso ver e colocar lá de novo no mesmo tempo, porquê eu confundo os remédios, e as vezes tomos dois do mesmo remédio e nenhum do outro e sumo com a receita! (Eu falava alegre pra ele).
_ Você tá tremendo, machucou a perna? (Ele olhou pra mim atento e apontou pra minha marca vermelha).
_ Eu bati na cama! (Sem graça eu desviei meu olhar do dele).
_ Posso ver? (Ele me deu meus remédios e se ajoelhou curioso).
_ Pode, mas não ri tá bom! (Aí eu o mostrei, estava um pouco roxa, mas eu tinha tantos roxinhos, eu vivia batendo em tudo, minha noção espacial era um lixo).
_ Você tem certeza que bateu na cama? Parece estar pior que uma simoles batida na cama, esta inchada a sua perna! (Confuso Díoman me olhava).
E eu assustado o encarei de volta, ele me olhava muito pasmado com aquilo. Parecia que ele nunca havia apanhado, por ter me olhado daquele jeito.
_ Você não cai não? Eu caí por ser desobediente, agora aprendi e já fui corrigido pra não errar mais! (Eu dizia sério para ele).
_ Corrigido pela cama? (Ele era tão burro).
_ Não né irlandês, camas não corrigem pessoas, eu caí por ser desobediente e bati na cama quando me defendia da minha surra! Não seja estúpido irlandês, camas não corrigem pessoas! (O respondi bem discreto e irlandês me encarava feito um besta com aqueles olhos arregalados, parecia que ele não me entendia).
_ Aquele homem lhe bateu? Você está roxo por causa dele? (Ele me dizia aquilo franzido o rosto e ficando estranho).
_ N-não, ninguém me bateu! (Respondi desviando o olhar sem graça).
_ A sua mãe sabe disso? (Ele falou muito sério e eu fiquei assustado quando ele pois a mão em mim).
_ Minha mãe não sabe de nada, porquê não tá acontecendo nada! (Franzi o rosto pra ele e tirei meu braço).
_ Eu vou contar para a Michelle! (Ele falou aquilo e tentou encostar em mim, então o neguei).
_ Você disse que não ia contar! Seu mentiroso! Fingi ser meu amigo, mas é mentiroso! (Desesperado eu falava com ele, então o empurrei o mandando ir embora).
_ Murilo, sou seu amigo! Por isso que estou falando isso! Você está sendo maltratado e não está percebendo! Eu quero te ajudar e cuidar de você! (Como o irlandês era mentiroso).
_ Sai daqui! Vai embora! Fica longe de mim! Mentiroso, todo mundo mente pra mim e me odeia! Você quer que minha mãe suma e eu fique sozinho! (Eu dizia desesperado pra ele e o empurrando para fora).
_ Docinho, quero ajudar você! Está sofrendo e por isso está assim! Eu prometo que se você deixar eu te ajudar, ninguém vai sumir com sua mãe! Eu juro! (O irlandês tentava me fazer mudar de ideia, mas eu estava assustado demais e o empurrei para fora e tranquei minha porta).
Não queria ver ninguém, nem falar com ninguém, eu queria meus pais e ponto. Queria morar com meu pai, pois ele me entende e os outros não! Todos mentem pra mim, até o irlandês a pessoa que eu confiei!
_ Por favor Murilo, deixe-me lhe ajudar! Se você negar eu vou ter que fazer isso sozinho! Eu quero que você aceite a ser ajudado, e não que eu faça isso contra a sua vontade! (O irlandês era mentiroso e queria me ver sem minha mãe).
Então não respondi nada a ele. Ele continuou falando, mas o ignorei, então depois de um tempo o irlandês foi embora. E sozinho encolhido no chão eu fiquei desesperado, com meus pensamentos gritando em minha cabeça. De um lado ao outro eu esfregava o rosto sem parar, como era um idiota por acreditar novamente nas pessoas!
Fiquei horas trancado no quarto, aquele homem batia e mandava eu sair, mas eu o ignorava com todas as forças. Até sentir que ele ia abrir e ia me surrar novamente, então entrei debaixo da cama, só ia sair de lá quando minha mãe voltasse, como eu queria que ela estivesse comigo.
Isso já havia acontecido outras vezes e todas as vezes ela estava trabalhando. Todas vezes sentia medo e ela não estava comigo. Todas as vezes eu tentava contar a ela, mas eu sentia que algo ruim ia acontecer e fingia que nada estava acontecendo. E toda vez que isso acontecia, mais sozinho e inseguro eu ficava, como me sentia um ninguém!
Minha cabeça explodia, meus pensamento giravam em meu torno, e medo de morrer sem ver meu pai era muito grande. Então com tudo girando em minha volta eu ouvi alguém batendo na porta desesperado.
Eu me encolhi e tampei os ouvidos, eu comecei a entrar em pânico, quando ouvi muito bate boca, eu não aguento ouvir muito falatório, isso me enlouquecia. E depois de muito tempo com aqueles falatórios apavorantes minha cabeça girava, e parecia que gritavam meu nome, até alguém arrombar minha porta.
Eu não sabia quem era, pois estava encolhido no chão chorando apavorado e com os olhos fechados.
Aí a pessoa chamava meu nome, mas não conseguia escutá-la, eu me perdia dentro de mim e não conseguia encontrar aquela voz. Até sentir alguém encostando em minhas mãos e falando que estava tudo bem, que eu poderia abrir os olhos que já estava tudo bem.
Mas eu não conseguia, eu sentia que ia explodir com meus pensamentos gritando, e apavorado com aquilo eu chorava encolhido debaixo da cama.
_ Tá tudo bem Murilo! A mamãe tá aqui, não precisa temer! (Eu a ouvia, mas não conseguia encontrá-la sua voz estava distante, e se misturava com todas as outras vozes de minha cabeça, eu não conseguia encontrar minha mãe).
_ Faz parar! Elas não param de falar em minha cabeça! As vozes gritam muito alto! (Apavorado eu dizia para minha mãe).
_ Sou eu, Murilo! Eu quero ver você, ninguém vai lhe fazer mal! O seu amigo veio conversar comigo, disse que voce esta machucado, deixa eu ver, vou te ajudar a fazer um curativo! (Ela dizia tão suave comigo, então abri meus olhos fundos e desesperados).
_ Eu tou com medo mãe! (Eu olhei pra ela assustado).
_ Vem aqui para fora, para eu te ver e te proteger! Para eu cuidar de você! Ninguém vai fazer mal a você! (Assim ela me deu sua mão, e eu peguei na mão dela).
Aí eu saí debaixo da cama, vi que ela estava só. Ela olhou assustada para meu rosto e deu um suspiro. Assim minha mãe tirou a poeira que estava em mim, passou a mão em meu cabelo repicado e tirou os fios que estavam agarrados em mim delicadamente.
Ela passou a mão em meu rosto e me deu um abraço suave, e me acariciou e sussurrava para mim que agora estava tudo bem, e que era para contar o que aconteceu se eu quisesse.
Assustado eu contei pra ela que Jonata havia me dado remédios demais e nao os tomei, e a minha cabeca e meu corpo esravam horríveis. Depois ela pediu para ver meu corpo, eu sentia vergonha das minhas marcas, não queria que ninguém soubesse daquilo, mas o irlandês bocudo a assustou falando bobeiras sobre meus roxos.
Mais minha mãe era insistentes e me obrigou a mostrar os machucados, e quando ela viu aquilo, ficou um pouco pálida e por mais que ela não demonstrasse eu sentia ela arrasada me olhando.
_ Eu vou sair e pegar um remédio para passar nisso está bem! Não precisa temer, eu já volto! (Minha mãe me olhava extremamente arrasada, eu sentia aquilo).
Eu sempre acredito em minha mãe, por isso a obedeci, sei que ela não quer meu mal, e a esperei sentado na cama tentando entender aquilo e colocar minha blusa. Eu sentia vergonha de ser tão medroso e fraco, nada daquilo teria acontecido se eu fosse mais esperto, mais alto, mais forte, e inteligente. Tudo aquilo era minha culpa, eu deixei minha mãe chateada, quando me viu com aqueles cortes e roxos e tudo aquilo era culpa daquele estúpido irlandês boca de caçapa.
Aí tentando raciocinar isso tudo, vi um pé do lado de fora do quarto, parecia que havia alguém sentado na porta do meu quarto do lado de fora. Então levantei e foi lá ver quem era, estava receioso, mas não achava que era o Jonata e nem um monstro.
_ O que você está fazendo aqui? (Assustado eu via aqueles cabelos castanhos escuros desgrenhado, encolhido no joelho cabisbaixo, escondendo seu rosto e o cutuquei pasmo).
_ Eu estava preocupado com você! Queria saber como estava! Eu não consegui ir para casa lhe vendo naquele estado e não podia ficar sem fazer nada vendo você machucado daquele jeito! Eu fiquei apavorado vendo o modo que você estava sendo tratado e fui buscar sua mãe para ela ver isso e lhe ajudar! (O irlandês me olhou aliviado, ele estava lá a horas sentado me esperando, ele era louco, ja estava de noite e ele devria ir para casa ver a sua família).
_ Mas está tarde, sua mãe está preocupada com você, irlandês! Você mora muito longe, é perigoso você ficar em um lugar desconhecido até tarde! (Eu estava com raiva dele, mas ele ficou em minha casa até tarde e isso era perigoso).
_ Minha mãe não se importa, ela não está aqui! Eu estou tão feliz ao lhe ver bem! Agora não terá mais ninguém lhe maltratando, e se estiver eu farei algo! Ninguém pode lhe maltratar! (Ele dizia animado e se levantou do chão, ele estava a muito tempo lá, pois já era a noite e ele foi na minha casa no início da tarde).
_ Você é um estúpido! Mentiu para mim, e contou pra minha mãe! Ela tá estranha comigo, por sua causa irlandês! E se isso tivesse dado errado? Como eu ia ficar sem você na escola, em? Seu idiota! (Eu dei um tapa na cabeça dele pra vê se ele tomava juízo, todo mundo sabe que não pode reagir às pessoas más).
_ Mas Murilo! Eu fiz isso por você! Eu senti a sua falta em falar comigo! Você andava muito estranho! (Ele dizia passando a mão na cabeça e confuso).
_ Seu idiota! E se tivesse acontecido alguma coisa com você! Era para você ter ido embora, não viu que é perigoso falar com gente estranha e ameaçá-la? ! Ele podia ter matado você e minha mãe! Eu não ia aguentar ficar sem ver vocês! (Só de pensar naquilo meu peito apertou, eu não queria ficar sem eles).
_ Mas eu estou aqui! E eu sei que voce faria isso por mim também! (Ele levantou meu rosto delicadamente e eu o encarei, eu acho que não faria isso por ele, irlandes é muito ingênuo, mexer com pessoas más é muito perigoso).
Eu senti algo quando ele fez aquilo, senti que aquele estúpido deveria está sentindo a mesma coisa que eu, pois via como seus olhos olhavam os meus, ou estava me manipulando de novo. O encarando eu sorria para ele aliviado por ele estar bem! Então peguei em sua mão que estava em meu queixo e a coloquei perto de minha bochecha e a alisei meu rosto nela com os olhos fechados. Sentia que estava seguro de novo, só faltava meu pai ali naquele momento, mas me senti culpado por pensad que não o defenderia, eu sou muito fraco e medroso para fazer certas coisas.
E gostando da sensação de alívio, em não ver mais aquele cara comigo eu abri meus olhos e encarei o irlandês e senti vontade de abraçá-lo. Eu sentia algo muito forte e estranho comigo, eu estava delirando ou estava o desejando um abraço dele, então saí de perto dele confuso.
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Atualizado até capítulo 142
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