No dia seguinte, pela manhã, acordo com uma mensagem de bom dia do meu pai. Ontem Ricardo fez questão que eu avisasse. Meu pai deve ter acabado de visualizar, por mandou resposta. Ricardo acorda em seguida.
— Bom dia, minha linda.
— Bom dia, meu amor. — Falo beijando-o.
— Está acordada há muito tempo.
— Não. Acabo de acordar, meu pai deve ter visto minha mensagem agora cedo.
— Ok. Está na hora de levantarmos mesmo.
— Tem certeza? — Falo subindo em cima dele.
— Tenho Melissa. Não faz isso. Não posso me atrasar.
— Atrase uns minutinhos apenas.
Ricardo sorri e rapidamente inverte a posição que estávamos ficando por cima de mim.
— E agora quer que eu me atrase?
— Quero, quero muito. — Eu o beijo e novamente fazemos amor.
Logo depois levanto, Ricardo me leva para o chuveiro e ali novamente nos amamos com tanta intensidade que confesso, nem proteção, nós usamos. Mas não quero pensar nisso agora. É um sentimento tão forte que não nos preocupamos com nada ao nosso redor. Sinceramente nem parece que nos conhecemos há tão pouco tempo. Depois, quando estamos tomando nosso café, do nada me lembro de Camila. Ela vem ao meu pensamento.
Ricardo me notando quieta e pensativa, pergunta:
— Em que você está pensando, meu amor?
— Na Camila, na surra que ela deu na Carolina e em como é a vida.
— O que houve?
— Eu já fui fofinha como ela.
— Sério? Não parece. — Ricardo em pé e eu sentada, ele vem por trás da cadeira e faz uma massagem gostosa em meu ombro.
— Sim! Mas com doze anos comecei a emagrecer e não parei mais. Ai que bom isso Ricardo. Aperta mais aqui. — Aponto para o lado direito. Ele faz e eu continuo a falar: — Agora parece que tenho tendência a emagrecer. Acho que sei como ela se sente, sabe? Qualquer pessoa com uma limitação sofre algum tipo de preconceito. Até meu pai, já vi algumas situações que não gostei.
— Existe muito desrespeito com cadeirantes.
— Sim. Pessoas que param seus veículos erradamente. Empresas e demais locais sem acesso especial, porque sabemos que mesmo diminuindo ainda existe. Vagas de estacionamento, etc. Meu pai ainda tem como se locomover por onde quiser. Mas os que não têm?
— E você, Melissa? Sofreu “bullying” por acaso?
— Hahaha. Não, porque eu ameaçava a todos dizendo que meu pai era da polícia.
Ricardo ri de mim e eu continuo a dizer:
— Imagina uma garota de 10, 11 anos falando isso.
— Você utilizou uma boa arma.
— Ai, continua, faz assim que gosto mais. — Ele aperta carinhosamente meus dois ombros em sua massagem. — Sim. Gostaria de fazer algo pela Camila.
— Se houver oportunidade você faz.
— Sim. Preciso ajudá-la.
— Pronto, mocinha, acabou a massagem.
— Ah, já? — Pergunto lamentando.
— Sim. Melhor acabar por aqui. Esses seus suspiros estão me deixando maluco.
— Olha que posso te ameaçar igual fazia quando eu tinha 10 anos.
— Nossa! Estou com muito medo! Nem sei o que farei. Que arma você utilizará?
— Essa. — Tiro minha blusa para ele e ele se senta.
— Preciso de mais Melissa. Sua ameaça ainda está fraca.
Vou para o colo de Ricardo, sento de frente para ele e digo fitando em seus olhos:
— Ou você passa o dia todo comigo.
— Ou?
Pego as mãos de Ricardo e ele me deixa segurar seus pulsos. Só assim também, porque nem em sonho posso com ele. Rio em meu pensamento.
— Ou eu te faço meu prisioneiro aqui nessa cadeira, sem beijar, sem abraçar, sem sexo nenhum.
— Não. Por favor, isso é tortura. Eu não aguentarei. Eu me rendo.
— Se rende? Hum! — Ricardo ri.
— Não ria, deixe-me terminar a ameaça.
— Ok. Continue.
— Posso te prender na cama também.
— É uma ameaça convincente. Mas você se esqueceu de um detalhe.
— Que detalhe.
— Esse!
Ricardo se levanta facilmente comigo em seu colo e me leva para seu quarto, chegando me joga na cama, mas não brutalmente e nem gentil demais. Mas com amor. Rapidamente ele fica por cima e agora segurando minhas mãos no alto da cabeça, pergunta:
— E agora? Quem manda no jogo?
— Você!
— Quando for me ameaçar, pense em todo seu plano antes de iniciar.
— O que você vai fazer comigo?
— Nesse momento nada, está de castigo. — Diz ele levantando me deixando deitada.
— Ah, não! Não faça isso comigo. Por favor.
— Sem beijar, sem abraçar, sem sexo nenhum. Você que disse.
— Eu estava brincando.
— Eu não.
— Volte aqui, Ricardo. Faça o que quiser. — Falo enquanto ele se direciona a saída.
Ele volta, se aproxima, me faz um carinho no rosto, me beija delicadamente e pergunta:
— E eu posso fazer o que eu quiser, com essa mocinha?
— Pode. Sou toda sua.
— Como se pede?
— Por favor. Faço o que você quiser, já disse.
— O que eu quiser? Tem certeza?
— Sim. O que você quiser.
— Vem até aqui então! — Diz ele levantando e estendendo sua mão. — Vamos.
— Ah, por quê?
— Vamos meu amor. Pegue sua blusa e vista. Precisamos ir.
— Sério?
— Sim, minha menina.
— Vamos meu lindão. Fazer o quê? — Após colocar a blusa, dou o braço a Ricardo e saímos.
***
Algumas horas depois, em meu trabalho, vou até à sala de Vitor e o encontro pensativo. Interrompo ele de suas divagações.
— Por que você não foi ontem?
— Fui conversar com o pai da Camila.
— Depois só eu que me envolvo.
— É sério! Conversei com o pai dela sobre essa inferioridade que ela sente. O problema dela é muito sério, Ricardo. Não é só físico. É na mente dela também. Estamos trabalhando lá. Mas se eu puder ajudar alguém, eu farei isso, você sabe. E essa pessoa é a Camila, ela precisa da minha ajuda. Vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para ajudá-la.
— Você não está apaixonado por ela, está?
— Mesmo que eu estivesse, ela não se ama. Enquanto isso não acontecer, ela não conseguirá ter um relacionamento saudável com ninguém. E não quero vê-la entregando-se por carência ou ver alguém brincando com os sentimentos dela. Acabo com o miserável que tentar brincar com ela. — Diz Vitor dando um soco em sua mesa.
— Acalme-se.
— Ela não pode sofrer mais, Ricardo. Eu não deixarei!
— Você me surpreende a cada dia mais meu amigo. Poucas vezes lhe vi falando assim com tanto amor.
— Vou ajudá-la a se amar. Ela merece isso.
— Concordo plenamente com você! Se precisar da minha ajuda, estarei aqui.
— Obrigado meu irmão.
***
Na empresa de meu pai, “fico nas nuvens” pensando em Ricardo. Mas por pouco tempo. Do nada o insuportável do Rodrigo chega e pergunta e eu respondo com raiva:
— Pensando na vida, princesa linda?
— Meça suas palavras. Nunca lhe dei intimidade para falar comigo assim.
Faço menção de me afastar e ele me segura.
— É uma pena! Pois, você é muito gostosa! Poderíamos sair daqui agora e ir para um lugar mais calmo, o que acha?
Pela primeira vez sinto medo dele, mas não deixo transparecer. Ajo com muita raiva.
— Nunca mais na sua vida atreva-se a mexer comigo dessa forma. Seu imbecil!
Ele me solta e muda seu comportamento.
— Perdão Melissa. Extrapolei. Mas gostei de você desde a primeira vez que te vi.
— Tenho namorado. Respeite-me e não faça mais isso!
— Tudo bem. Não está mais aqui quem falou. Perdoe-me.
Meu pai chega e fala com entusiasmo. Ele gosta tanto de Rodrigo que nem percebe a situação. Como ele pediu desculpas, deixarei quieto por enquanto.
— Ah! Que bom que vocês estão aí, temos vários assuntos para tratar hoje! Vamos para mais uma reunião?
— Claro pai. Agora! — Olho para Rodrigo com raiva. Atitude imbecil a dele.
— Você não perde por esperar, garota ridícula.
— O que você disse?
— Nada. Apenas pensei alto.
— Acho bom.
***
No fim da tarde, no bar de meu pai, ele percebe que fiquei quieta o dia inteiro e me chama para conversar. Ele nunca fez isso. Não entendo o porquê disso agora.
— Minha filha. Aproveitando que o bar ainda está fechado, você tem um tempinho livre para nós dois conversarmos em meu escritório, por favor?
— Claro, pai, eu fiz algo de errado aqui? — Pergunto estranhando a atitude dele.
— Só venha, por favor. — Fala ele andando à minha frente.
Chego perto de minha irmã e pergunto:
— O que será que ele quer Magda?
— Não sei Camila, melhor ir ver.
— Venha Camila. — Ele chama novamente.
— Estou indo pai.
Mesmo estando apreensiva, sigo para o escritório com meu pai. Quando subo, encontro-o sentado em um sofá e pergunto:
— Oi, pai, o que houve? Fiz algo de errado? Pode falar.
— Não, minha filha. Sente-se aqui, por favor.
Vou até a ele, sento-me ao seu lado, o ouço dizer:
— Deite-se aqui no meu colo como você fazia quando era pequena.
Eu me deito e ele faz um carinho em meus cabelos. Fico com meu coração apertado querendo saber e pergunto:
— O que foi pai? Fala pra mim.
— Nada, eu só quero estar um momento a sós com você, depois conversar com a Magda para perguntar.
— Perguntar o quê? O que houve? O senhor está estranho. Não estou gostando.
— Você é feliz minha filha?
Estranho totalmente àquela pergunta, pois ninguém nunca havia perguntado isso a mim.
— Feliz? Eu? Eu não sei como lhe responder isso. Nunca precisei responder essa pergunta a ninguém. Aliás, nunca ninguém se importou comigo a ponto de perguntar isso pai.
***
Benício agora percebendo com clareza o que Vitor quis dizer.
— Minha filha, eu estou aqui para ajudar você e sua irmã no que for preciso. Eu me importo com você, sim. Estou te notando triste depois que entrou nessa faculdade. Aliás, esses quase quatro anos em que você passou mais tempo com a sua tia do que aqui, acredito que eu não tenha reparado tanto assim. Agora que você está mais perto, estou notando isso. Está acontecendo algo que eu não sei?
Camila levantando-se fica de costas para ele começando a chorar, lembra-se do que passou nos últimos dias e responde-lhe:
— Não, pai, está tudo bem! Não tem nada de diferente acontecendo. Ainda estou triste por minha tia não estar mais aqui.
Ele vai atrás dela e virando-a para si, abraça-a com muito amor. Benício sente a voz dela embargada, também chora quando fala:
— Chora, pode chorar, estou aqui. O que eu puder fazer por você, eu vou fazer.
— Pai. Essa dor que sinto é muito grande.
Ele surpreendendo-se.
— Dor? Por sua tia, por sua mãe? É isso?
— Também.
— Também? Filha, eu estou aqui. Nada de mal vai lhe acontecer. Diz pra mim o que está acontecendo realmente.
Camila resolve falar a verdade a seu pai.
— Eu não sei explicar, mas eu sempre tento me enturmar aonde vou, porém, nunca sou bem aceita. E, além disso, as pessoas não medem esforços para ferir as outras e me machucam muito com suas palavras.
— Ô meu amor. Se eu pudesse, te protegeria de ouvir qualquer uma dessas pessoas más.
Camila, ainda abraçada a seu pai, começa a rir de repente e Benício estranha.
— O que houve, por que você está rindo agora?
— Dei uma surra numa menina da faculdade.
— Camila, você nunca se meteu com brigas, minha filha.
— Ela passou dos limites. Mereceu. Não me arrependo e faria de novo.
Benício rindo com carinho.
— Não concordo com violência, mas acredito que você fez isso porque essa dor estava grande.
— Sim. Eu não aguentei. Perdoe-me por isso?
— Não tenho nada que te perdoar. Amo muito você!
Magda, que estava ouvindo tudo, entra e pergunta aos dois:
— Tem lugar para mim nesse abraço?
— Claro que tem minha filha, eu amo muito vocês. — Fala Benício estendendo seu braço para sua outra filha.
— Também amo vocês demais.
— Também. Amo muito! — Diz Camila concordando com os dois.
Depois Magda pergunta à Camila.
— Irmã, você quer sair dessa situação?
— Sim, irmã. Quero, mas como?
— Vamos procurar ajuda médica? Vou com você.
— Vamos. Quero mudar!
Começa a nascer um brilho no olhar de Camila e seu pai enfatiza:
— Eu também vou.
— Sério pai? O senhor vai? — Camila pergunta, emocionada com a atitude dos dois.
— Sério, se isso vai te fazer feliz. Vamos tratar ok?
— Vamos. Obrigada. Amo vocês demais!
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Atualizado até capítulo 43
Comments
Eliane Renata de Oliveira Oliveira
O que tudo família unida vence unida.
2024-05-10
3
Imaculada Abreu
Aínda bem que ela aceitou ajuda.O mundo real é cheio de preconceitos.
2023-07-10
2
Rosa 🌹
Estou amando essa história 😍❤️
2023-06-10
0