Capítulo 14 — Ameaçador

Num primeiro momento fico atônito com o que ouço de Mônica que desliga o telefone em seguida. Melissa ao ver minha reação fica assustada também.

— O que foi?

— Um problema, minha princesa, eu vou ter que sair para resolver.

***

Na casa de Mônica, ao vê-la desligando o telefone, puxo-a pelos cabelos e grito propositalmente para que ela se intimide.

— Eu te deixo um tempo só e você já começa a fazer merda. Para quem você estava ligando, fale agora!

— Para ninguém, solte-me! Está machucando. — Ela responde chorando.

— Foi para aquele imbecil do seu ex, não foi? Anda, me dê esse celular. Quero ver.

— Não! Não foi Rodrigo.

— Me dê agora! — Digo tomando o celular de suas mãos.

Olho e não vejo nenhuma ligação, rio cinicamente.

— É muito burra mesmo. Acaba de falar com alguém e apaga todos os registros. Da próxima vez apague só o último, sua imbecil! — Digo apertando o pescoço dela. A vontade é de matá-la agora. Mas hoje deixarei passar.

— Solte-me Rodrigo! Está doendo.

— Não se atreva a me enganar, sua vadia! Falo enquanto a jogo na cama e ela chora bastante. — Calada! Para de chorar.

***

— O filho é seu! Imbecil. Só pode ser seu. Transei com o Ricardo com proteção. — Ela pensa. “E com o Vitor, além de ter sido protegida, não houve tempo suficiente para, já estou com quase dois meses.”

Ele a olha com ódio e fala:

— Cala a boca! Éramos amantes, vocês que eram namorados, que se entendam. Não quero saber de filho.

— Você foi o único que abusou de mim, seu monstro.

— Bem que você gostou. Fale isso para alguém para ver o que faço com você.

***

Em minha casa, quando Ricardo fala que irá precisar sair para resolver um problema, interfiro imediatamente e sou bem direta quando pergunto:

— Que problema? Fale agora!

— Não sei se você vai gostar de saber. Não quero estragar esse momento.

Olho bem nos olhos dele e o fuzilo para falar logo.

— Diga de uma vez. Não esconda nada de mim.

— Tudo bem! A minha ex ligou dizendo que está grávida.

— E você está pensando em ir até ela? — Pergunto assustada.

— Sim, quero colocar tudo em pratos limpos.

— E esse filho é seu Ricardo? — Minha voz soa apreensiva e estou mesmo, mas quando ele responde, respiro aliviada.

— Não!

— Pois vou com você!

— Melissa, eu não quero que você se magoe.

— Você acha mesmo que vou deixar meu namorado ir sozinho encontrar com a ex? Hahaha… Não mesmo! Não existe essa possibilidade, meu amor!

Ricardo ri de mim e me beija com amor.

— Chamo isso de ciúmes.

— Pode chamar do que quiser. Vou com você e acabou!

— Que linda que você é, sabia?

— Óbvio que eu sei!

— Você tem certeza?

— Sim. Vamos agora homem!

— Vamos, então mulher! — Diz ele me imitando e fico um pouco mais relaxada. Em seguida saímos rumo à casa da tal ex dele.

Quando chegamos à casa de dela, Ricardo toca a campainha e fica aguardando.

***

Ouço a campainha tocar e mando a infeliz que ainda chora atender.

— Limpe esse rosto e vá atender agora! Deve ser a pizza que eu pedi.

— Estou indo seu grosso!

— Daqui a pouco mostro a você quem é grosso.

***

Mônica abre a porta, depara-se com comigo ao lado de Ricardo e pergunta:

— Ricardo? Quem é essa?

Prontamente respondo a ela:

— Meu nome é Melissa, sou a namorada do Ricardo. — Respondo e sem querer, olhando de soslaio para dentro da casa, arregalo meus olhos ao ver Rodrigo e não posso deixar de ficar boquiaberta.

— Rodrigo?

— Melissa? — Pergunta ele também assustado levantando-se.

— Rodrigo? Você aqui?

Ricardo estranha também e pergunta:

— O que está havendo aqui?

— Ele trabalha com meu pai, amor.

Vejo que Ricardo pouco se importa com a presença de Rodrigo e diz à Mônica:

— Eu não acredito que você me liga Mônica para dizer que está grávida e com toda certeza é desse cara aí.

Mônica, com uma lágrima caindo de seus olhos.

— Eu, eu não sabia que você já estava namorando. Se eu soubesse, não teria ligado.

Ricardo e eu observamos Mônica em detalhes e Ricardo pergunta:

— Que marca é essa no seu pescoço, Mônica?

Ela coloca a mão tapando o pescoço e a noto com medo de Rodrigo quando responde a Ricardo.

— Eu, eu me machuquei. — Balbucia ela sem querer dar detalhes.

— E essa cara de choro é pelo machucado também?

— Sim. Caí quase agora.

Imediatamente vemos quando Rodrigo vai até Mônica, faz um carinho nos cabelos dela. Não sei se ele faz isso para intimidar ela ou para passar uma imagem diferenciada para mim e para Ricardo. Sabia que aquele olhar frio dele era diferente. Só não pensei que ele maltratasse mulheres. Mesmo que essa seja ex do Ricardo, sinto pena. Saio de meus pensamentos quando ouço Rodrigo cinicamente dizer enquanto a afaga.

— Não tem nada de errado com ela, tem meu amor?

— Claro que não, eu só te falei Ricardo, porque descobri hoje e pensei que você ia gostar de saber.

— Então esse filho com certeza é dele?

Mônica fica sem ação e Rodrigo direcionando-se a Ricardo.

— E se for seu?

Ricardo responde a ele, mas ainda olhando para Mônica.

— Não é! E ela sabe! Eu só vim aqui para afirmar isso para você, Mônica. Mas pelo visto você também sabe disso. — Diz ele olhando para Rodrigo agora, logo após ele me abraça e diz à Mônica: — Estamos namorando! Caso você precise de ajuda, pode me ligar imediatamente.

Estarei pronto a te ajudar! Mas se for sobre o que já tivemos, por favor não me incomode mais. Você quer minha ajuda agora Mônica? — Ele olha em seus olhos.

Rodrigo olha para Ricardo com ódio. Vejo isso em seus olhos. Ele é bem enfático.

— Ela não precisa de sua ajuda para nada.

Ricardo se desprende de mim, deixando-me atrás dele em forma de proteção, dá um passo a frente e ele sendo bem mais alto e forte do que Rodrigo, fala olhando em seus olhos:

— Deixe que ela responda!

Olho a reação de Ricardo e fico assustada. Rodrigo dá um passo para trás. Ricardo continua e olha nos olhos de Mônica perguntando mais uma vez:

— Mônica, você quer a minha ajuda? Eu te tiro daqui agora!

Mônica com muita raiva naquele momento.

— Eu não preciso de sua ajuda. Vá embora com sua namorada. Obrigada!

— Você tem certeza?

Mônica responde rispidamente mais uma vez.

— Absoluta! Podem ir embora, por favor!

Enxergo a decepção na face de Ricardo em não poder ajudar e concordar em ir embora. Ainda assim, ele fala a ela pela última vez:

— Ok. Eu não posso te tirar a força daqui. Você sabe como me encontrar. Com licença! Vamos, Melissa?

Olho para Rodrigo e falo com ódio:

— Francamente, hein Rodrigo. — Direcionando-me para Ricardo, respondo: — Vamos amor.

***

Enfim aqueles dois vão embora. Bato a porta, olho para Mônica seriamente. Novamente pego-a pelo pescoço para fazê-la entender com quem está.

— Sua imbecil! Agora nem dar em cima dela eu posso.

— Sai da minha casa!

Aperto-a ainda mais propositalmente.

— Você vai tirar esse filho! Você não vai estragar meu futuro na empresa.

— Seu ordinário! Ai.

***

Rodrigo a solta e bate em seu rosto. Mônica cai e chorando diz:

— Desgraçado!

— Você não sabe com quem está se metendo Mônica! — Ela chora ainda mais e ele fala com ódio. — E você, Melissa, vai me pagar!

Mônica olha para ele com medo.

***

No carro de Ricardo, quando estamos indo embora, ainda reajo assustada por tudo o que vi.

— Ricardo, o que foi isso que nos aconteceu? Preciso saber como foi o relacionamento de vocês.

Ricardo altera sua voz ao me responder, mas eu não deixo por menos e também altero a minha tocando em seu braço.

— Não quero falar disso, Melissa!

— Primeiramente, não grite comigo e em segundo lugar, eu preciso saber!

Ricardo percebendo que não adianta me enrolar.

— Ok. Faz uma semana que terminamos.

— Nossa! Estou surpresa!

— Uma semana que terminamos oficialmente. Porque já nada havia entre nós há algum tempo.

— Você acredita que ele esteja batendo nela?

— Sim. Mas você viu. Ela não quer ajuda.

— Sim, eu vi. Situação complicada essa. A pessoa vê de fora, denuncia e depois a mulher volta para o cara.

— Exatamente. Conheço inúmeras histórias assim.

Fico mais relaxada no banco e seguimos até a minha sem dizer mais nada. Ricardo faz o mesmo. Permaneço calada e ela observa meu desânimo. Noto pela minha visão periférica que ele me olha, mas não digo uma palavra. Quando chegamos,

Ricardo fala secamente e eu respondo no mesmo tom:

— Pronto, está entregue!

— Ok, obrigada! — Digo na mesma hora em que faço menção de sair do carro.

Ricardo me interrompe perguntando:

— Ei, e meu beijo?

— Não sei se está merecendo.

Pelo seu olhar, vejo que está incrédulo com minha atitude, mas o que ele queria? Como queria que eu reagisse depois disso tudo? Fico encarando ele até que ele se defende:

— Melissa, pare com isso. Terminei com a mulher domingo, te conheci na segunda, hoje é sábado, já estamos namorando. Algo que não estava em meus planos e você chateada?

Nesse momento finjo estar pensando e sou bem irônica quando digo a ele:

— Vendo por esse lado, analisando tudo o que está em jogo, ok, você merece meu perdão. Está perdoado. — Falo saindo do carro.

Ricardo ri também e em seguida sai de seu carro, me alcançando facilmente e fazendo um carinho em meus cabelos.

— Mais é mole ou quer mais? Eu não sei o que farei com você.

— Eu sei.

— Hum! Qual sua proposta? — Pergunta ele próximo ao meu ouvido.

— Na verdade, é um convite.

— Diga. Estou preparado para ouvir.

— Só me levar para o meu quarto e saberá exatamente o que fazer.

— Convite tentador esse.

Pego Ricardo pela mão e subimos para o meu quarto.

— Então vem.

Quando chegamos ao quarto, começo a tirar a camisa de Ricardo e ele por sua vez me fala:

— Não, não menina. Eu faço isso!

— Fique à vontade, sou toda sua. — Digo sorrindo.

Vejo tanto amor no olhar de Ricardo quando me pega em seu colo, me coloca na cama e novamente faz amor comigo. E parece que cada momento melhora. Ricardo me ensina o que gosta e me faz sentir a mulher mais feliz do mundo, me amando em cada detalhe. Depois que nos amamos, mesmo sendo depois da meia-noite, não dormimos ainda. Ficamos abraçados e ainda ofegantes sinto cada carinho dele em mim.

— Ei, você não cansa?

— Impossível Melissa! — Responde ele me beijando e fazendo um carinho em meus cabelos. Fico pensativa e ele me pergunta: — Em que está pensando?

— Você não ficou preocupado com ela?

— Melissa, namoramos por quase um ano. Mas há alguns meses nossa relação não estava nada boa.

— O que houve?

— Não faz isso, Melissa.

— Ricardo, o que houve? — Pergunto me afastando e olhando em seus olhos.

— Muitas brigas desnecessárias. Ela queria que eu largasse a profissão por causa dela.

— Que absurdo!

***

Olho com orgulho para Melissa quando ela diz isso e continuo dizendo:

— Com certeza, ela me traiu com aquele idiota. Esse é o caminho que ela escolheu. Ofereci ajuda, ela não aceitou, não farei mais nada. Não quero mais falar dela, ok?

— Ok. Seja como você quiser. Mudando de assunto. Há quanto tempo você trabalha com essa profissão?

— Seis anos, assim que terminei a faculdade.

— Você já terminou uma faculdade? Nossa!

Não pode ser! — Melissa sendo irônica.

— Sabe por que gosto de você?

— Porque sou gostosa!

— Concordo! Isso também! Mas é por esse seu jeito. Faz as coisas com alegria, tem simpatia para dar e vender. Você me faz sentir bem estando ao seu lado.

— Eu também me sinto ótima em sua presença. Não quero que esse momento acabe.

— Então vamos aproveitar e continuar de onde paramos?

***

Quando Ricardo fala para aproveitarmos de onde paramos, mostro meus pulsos a ele para provocar.

— Só me prender que não saio daqui.

Ricardo rindo do meu jeito carinhoso.

— Ah, é? Assim que você gosta, então? Pois, deixe-me fazer isso aqui.

Ricardo começa a me beijar Melissa na barriga e vai descendo. Até que falo:

— Ai, que delícia! Continua assim.

— Não, não. Está de castigo!

— Ah, você vai parar?

— Parei.