A Trapaça

A Trapaça

Adrian dormia profundamente, estava tão frustrado por ter feito sua amada chorar que só queria se esquecer que aquele dia maldito existiu. Seu sono era agitado e sua culpa estava o corroendo, nunca durante toda sua secular existência havia experimentado uma infelicidade tão grande.

Keira ficou observando seu amo dormir por uns instantes. O desconforto do Sr. Harper era evidente e ela pretendia explorar a dor e a fragilidade do Conde para tentar enganá-lo. A escrava deitou ao lado do vampiro e deu início a sua farsa:

— Meu amo... perdoe-me por tê-lo desrespeitado hoje... eu sinto muito. — Implorou a cozinheira teatralmente tocando-o.

— Quem está ai? — Perguntou o Conde desorientado.

— Sou eu meu senhor... Yelena...

— Yelena? O que houve com sua voz? — Disse Adrian surpreso sem conseguir abrir os olhos.

— Estou rouca de tanto chorar. — Afirmou Keira soluçando dissimulada.

Por um breve instante a embriaguez do Conde confundiu sua percepção e por um instante ele acreditou que realmente era sua amada escrava de sangue deitada ao seu lado.

— Meu anjo... perdoe-me... eu nunca mais quero vê-la chorar. — Suplicou o vampiro abraçando aquela mulher que ele acreditava se Yelena.

— Adrian... eu te amo! — Disse a mulher choramingando.

O vampiro foi envolvido nessa teia de mentiras e em seu devaneio reivindicou os lábios da falsa Yelena com um beijo afoito e apaixonado.

No intuito de não ser facilmente reconhecida Keira pegou um lenço do Conde e propôs vendá-lo.

— Senhor... estaria disposto a fazer um jogo?

— Meu anjo.... estou disposto a fazer o que você quiser.

Sem perder tempo a escrava venda os olhos do Conde e dessa forma, protegida pelo anonimato decide ser mais ousada. Estava habituada a deitar-se com homens em troca de dinheiro, vestidos e presentes. Entretanto agora desejava algo muito mais valioso do que essas ninharias... deseja ser mulher do homem mais rico do vilarejo e não importava o que seria preciso fazer para alcançar seu objetivo.

Keira ajuda o vampiro a se libertar de suas vestes, acariciando cada parte de seu corpo. Ao vê-lo como veio ao mundo, teve certeza que jamais havia se deitado com homem mais belo ou viril. Sem perder tempo colocou em pratica todos seus segredos de alcova. Reivindicou sua masculinidade com a boca provocando gemidos exagerados em seu amo, ele tentou tocá-la mas foi impedido, pois ser descoberta prematuramente poderia atrapalhar sus planos.

— Yelena? Quando ficou tão atrevida? — Perguntou surpreso tentando em vão retribuir os afagos.

Ela não respondeu, tentaria falar o mínimo possível para não despertar mais suspeitas. Provocou o ex nobre com sua língua até esse implorar que ela parasse.

— Minha criança... eu não vou aguentar... — Balbuciou ele.

Keira ainda em silencio procurou se acomodar para se Adrian a penetrasse. O Conde percebendo o rumo que aqueles carinhos ousados estavam tomando ficou agitado, só pensava em preservar a pureza de seu anjo.

— Não! Sabe que não posso... se eu a reivindicar perderei para sempre meu bem mais precioso... seu sangue virginal!

A escrava não entendeu do que seu amo estava falando, todavia fazer qualquer pergunta poderia dar indícios de que não era Yelena que estava ali...

— Não tenha medo meu senhor, se me reivindicar por trás... preservarei minha pureza... — Mentiu ela.

Adrian ficou desconfiado, como Yelena poderia saber de uma coisa tão luxuriosa como aquela? Porém sua embriaguez e a crescente excitação que tomava cada centímetro do seu corpo não permitiam que o vampiro pensasse com clareza. Ainda vendado, o Conde acomodou a escrava de costas na beirada da cama e a invadiu. O grito de Keira pode ser ouvido em todos os quartos do casarão, mas ninguém ousou se levantar e ir verificar o que estava acontecendo.

O vampiro se satisfez completamente, não se deitava com uma mulher desde que foi preso nas masmorras do Imperador, no momento que explodia de prazer mordeu o ombro da parceira que ele acreditava ser sua amada... imediatamente ao beber o primeiro gole de sangue identificou um gosto peculiar compatível com uma mulher que já se deitou com muitos homens. Zangado, rapidamente tirou a venda e percebeu que havia sido enganado como um tolo. Como havia demorado tanto a perceber? A bebida poderia tê-lo tornado assim tão manipulável? Era um completo idiota! Deveria ter vergonha de se intitular vampiro!

— Senhor você me mordeu? — Perguntou Keira com a mão sobre as marcas tentando inutilmente estacar o sangramento.

Diferente do habitual, Adrian estava louco e havia mordido sua presa de forma violenta. Sua ira se intensificou ao olhar a expressão dissimulada que a escrava exibia em seu rosto. Em um ataque de fúria o Conde a suspendeu pelo pescoço apertando com força.

— Sou eu quem faz as perguntas aqui! O que você estava pensando sua rameira? Acha que pode tentar me enganar e que nada irá lhe acontecer?

— Não é nada disso senhor... me solte... por favor... está me sufocando... eu só fiz isso por que eu o amo.

— Acha que sou esses homens ingênuos que você manipula como quer? Acha que pode me enganar com suas mentiras? Desapareça da minha frente meretriz! E se tentar me enganar outra vez para se deitar comigo, beberei seu sangue até deixá-la seca... maldita! — Bradou o vampiro largando-a como escória.

A escrava ficou apavorada e fugiu dos aposentos do Lorde enrolada em um lençol. Mas ainda assim, não estava disposta a desistir. Mesmo seu plano não tendo todo o êxito esperado, tratou de tripudiar sobre sua rival com sua pequena vitória. Repentinamente, Keira apareceu no quarto da jovem e a acordou:

— Boa noite Yelena... você sabe onde eu estava? Eu estava agora mesmo na cama com o Conde... o beijo dele é tão bom...

A jovem ainda sonolenta, mal pode creditar nas palavras da cozinheira, ela realmente estava falando a verdade?

— Você está mentindo! — Afirmou ela chorando.

— Tem certeza? E que relação estranha é essa que liga você a ele? O Conde bebe seu sangue? Você é uma pervertida!

Keira conseguiu exatamente o que queria, semeou sua semente da discórdia... agora era só esperar e colher os frutos.

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