Abrindo o Jogo

Abrindo o Jogo

Yelena não conseguiu dormir, suas dúvidas castigavam seu coração e nem o abraço acolhedor de seu Conde pode acalmar suas incertezas. Adrian dormia como um anjo, exibindo um sorriso encantador em seu rosto, ela ficou admirando-o silenciosamente, precisavam conversar e decidiu esperar até que ele acordasse. As horas passavam com lentidão, até que finalmente ele resolveu acordar. Estava de ótimo humor.

— Bom dia meu anjo... dormiu bem? — Perguntou alegre.

— Eu não dormi senhor... — Respondeu objetiva.

— Mas por que? Eu pensei que minha proposta de torná-la minha mulher a faria feliz...

— Meu Conde, eu nunca estive com um homem em seu leito, porém sei que você não me amou completamente ontem a noite. Vejo que nada mudou... não pretendo ser sua amazia, pois entendi que deseja se alimentar de mim para sempre e não está disposto a abrir mão disso. Dessa forma, decidi que serei apenas isso meu amo, sua fonte inesgotável de alimento, e eu lhe prometo que farei valer as 300 peças de ouro que pagou por mim.

— Yelena... você não pode estar falando sério! — Disse ele vestindo suas calças e a camisa.

— Nunca falei tão sério, senhor. Com licença, eu não pude terminar meus afazeres ontem e pretendo terminá-los agora.

A jovem deixou a camisola da Imperatriz sobre a cama e voltou a vestir seu vestido simples, estava saindo dos aposentos de seu Conde quando esse, subitamente caiu de joelhos aos seus pés suplicando que ela não o abandonasse:

— Yelena... eu imploro por tudo que há de mais sagrado.... Não me deixe! Eu não estava mentindo! Vou assumir nosso compromisso e farei de você minha esposa!

— Eu não preciso de um titulo de esposa! Eu preciso que você me ame por inteiro!

— Você acha que eu não quero amá-la por inteiro? Que não desejo fazê-la minha? Eu lhe asseguro que existem varias formas com as quais posso amá-la! — Afirmou, tentando convencê-la.

— Acho que quer dizer que “existem várias formas de me amar e de me manter virgem” não é... meu amo?

— Yelena... tenha piedade! Eu... eu...

— Senhor... não me prometa nada que não pode cumprir.

— Me de uma chance... eu... eu vou abrir o jogo! Apenas me escute! — Implorou ele com os olhos cheios de lagrimas agarrado a barra do vestido de sua amada.

A jovem se comoveu com a dor de seu amado vampiro, decidiu ouvi-lo, mas também estava decidida a não suportar mais nem um minuto de humilhação.

— Como sabe, eu era Conde na Romênia, rico, poderoso, era irmão da Imperatriz Amara e gozava de grande prestigio. Até a ambição dela extrapolar os limites da loucura... sorrateiramente, minha irmã evocou um demônio negociador de almas... Hazahell, também conhecido por “Asas Infernais” ou “Asas do Inferno”.

Amara desejava ter poderes de bruxa, ela os conseguiu, porém não foi muito cuidadosa e foi descoberta... para tentar escapar da condenação, minha irmã me acusou de seus próprios crimes, ela pretendia que eu fosse condenado em seu lugar.

— E como conseguiu provar sua inocência amo?

— Uma criada testemunhou ao meu favor... mas mesmo não sendo executado, fui condenado ao exilio, perdi meu título de nobreza, fui destituído de meus pertences, das propriedades, do haras, das obras de arte e de tudo o que eu tinha de valor... tudo o que me restou está aqui nesse casarão.

— Aonde quer chegar me contando isso senhor?

— Eu perdi tudo Yelena! Todo o conforto, todos os luxos! Desembarquei nessa terra miserável sem nada! Vladimir me ajudou a não acabar pelas ruas me alimentando dos mortos como um andarilho.... Ele me convenceu a ir naquele leilão... e quando eu a vi... sabia que precisava comprá-la... sabia que eu precisava fazê-la minha.

— Então me faça sua Milorde... — Implorou ela.

— Meu anjo... a única alegria da minha vida é beber seu sangue... se você não for mais donzela... a única coisa que me faz feliz terá fim!

— Sr. Harper... eu tenho outros meios para fazê-lo feliz... — Disse ela sem esconder sua tristeza.

— Eu sei! Apenas me dê mais um tempo! Para me despedir

desse prazer... você não entende... mas sangue de virgem para um vampiro é como ópio... quanto mais se tem... mais se quer.

— Eu vou lhe dar tempo, mas não será infinito...

Adrian pegou um caixa dentro do baú de joias da imperatriz e ainda de joelhos fez a declaração:

— O tempo que pedi... não precisa ser eterno... basta que seja... até o casamento. Senhorita Yelena Barkov... aceita ser a minha esposa e Condessa de lugar nenhum?

— Eu aceito! Porém... o que seria o título de Condessa de lugar nenhum?

— Bem como eu lhe segredei ontem... eu não tenho mais o título de Conde...

— Tudo bem... pra mim você será eternamente meu Conde.

Sem esconder sua satisfação o vampiro colocou o anel na mão da noiva e realizado afirmou que hoje mesmo marcaria a data do casamento e faria o comunicado oficial.

— Vou marcar a data e dar inicio aos preparativos, mas antes acredito que se faz necessário comunicar os demais moradores desta casa.

— E quando será nosso casamento?

— Que tal no seu aniversário de 26 anos?

— Daqui a dez anos? Claro que não! Eu não conseguirei esperar até lá! — Respondeu indignada.

— Bom... não me culpe por tentar.... Não fique triste meu amor, eu estava apenas brincando. — Esclareceu ele.

O Sr. Harper beijou sua amada e a conduziu até a sala de estar, gritou chamando Vladimir sentando na poltrona com a noiva em seu colo. Seu servo demorou alguns minutos para chegar, mas hoje, nada estragaria seu bom humor.

— Por que demorou tanto imbecil? Reúna os escravos... tenho um comunicado a fazer...

— Senhor... você e Yelena estão...

— Além de imbecil você agora também é cego? Vá cumprir minhas ordens e pare de bisbilhotar!

— Por que trata o senhor Vladimir tão mal meu amo?

— Meu anjo... Vladimir não é apenas um criado... ele também é meu amigo, ele não me deixou sozinho, nem quando perdi tudo. Não me chame mais de “amo” agora sou seu noivo e você não é mais minha escrava.

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