Desengano

Desengano

O Conde buscou refúgio em sua cripta no porão. Estava embriagado e sentindo-se miseravelmente infeliz. Deitou-se em seu caixão perguntando-se por quanto tempo ainda teria que suportar tanto sofrimento.

As horas passam e Adrian finalmente consegue dormir, acordou por volta do meio dia sentindo um enorme vazio e tendo sua alma dilacerada. Percebendo o movimento na cripta, Vladimir levou para seu mestre um cálice de sangue de ovelha o qual o vampiro bebeu de um gole só.

— Bom dia senhor! — Disse o servo com toda sua cortesia.

— Bom dia para quem? — Respondeu o Conde com seu habitual mau humor.

— Problemas com Yelena senhor? Eu já disse como pode resolver isso...

— Eu duvido muito meu fiel amigo... fiz uma serie de escolhas ruins... acho que a perdi para sempre...

— Se ela o amar tanto quanto eu imagino que ela o ama senhor... ela irá perdoá-lo...

— Está sendo muito otimista... traga-me uma garrafa de Whisky, pode ser daquele ruim que servimos na taberna... eu não mereço bebida de boa qualidade, eu não mereço um anjo como Yelena... eu nem sequer mereço ser chamado de Conde...

— Farei o que me pede Milorde. — Respondeu curvando-se.

O vampiro estava muito infeliz e por hora Vladimir resolveu não contrariá-lo, Adrian passou o dia todo sem sair do quarto.

Yelena também não estava em seus melhores dias, tentando não pensar em seu amo, a jovem dedicou-se a seus afazeres na taberna. Sua evidente tristeza não passou despercebida ao olhar atento de Boris, aquela seria sua chance, de forma alguma poderia deixar aquela oportunidade passar.

— Boa tarde senhorita. Está mais animada hoje? Pensou na minha proposta? Um pouco de ciúmes certamente fará o Conde prestar mais atenção em você...

— Não sei... tenho medo que o ciúme só faça a distância que

há entre nós aumentar...

— Eu não me preocuparia com isso... o medo de te perder fará com que nosso Mestre tome uma atitude.

— Preciso de alguns dias para pensar...

— Não demore... cada minuto é precioso! — Afirmou o homem se afastando indo passar o esfregão no chão.

Yelena não confiava nele e sua intuição dizia que tentar provocar o Conde só serviria para irritá-lo.

A jovem continuou a ir vê-lo todas as noites para levar seu cálice de vinho, depois de dois dias, Adrian estava tão embriagado que mal conseguiu balbuciar algumas palavras.

— Será que beber um pouco do meu sangue fará ele se sentir melhor? — Pensou ela extremamente preocupada.

Yelena deixou a bandeja sobre a cômoda e com cuidado aproximou-se da cama, o conde estava sem camisa, dormindo esparramando em seu leito, os longos cabelos brancos totalmente desalinhados. A jovem tocou o rosto do ex nobre, acomodando delicadamente uma mecha do cabelo atrás da orelha, repentinamente o Conde agarra seu pulso com força.

— Quem está ai? Quem ousa me tocar e atrapalhar meu descanso? — Pergunta ele zangado.

— Sou eu senhor... Yelena.

— Yelena? Saia daqui! Não quero que veja assim!

— Alimente-se de mim meu amo... acredito que isso vai fazê-lo se sentir melhor...

— Não mereço beber seu sangue divino! Devo me alimentar de porcos, de cadáveres e de prostitutas doentes.

— Senhor... não diga isso. — Respondeu a jovem chorando.

— Qualquer coisa que eu faça, meu anjo... sempre acaba te fazendo chorar... deixe-me sozinho.

Sem saber o que fazer, a jovem escrava de sangue resolveu obedecê-lo, estava se retirando quando um caco de vidro de uma garrafa que o Conde havia deixado cair feriu seu pé fazendo sangrar abundantemente. O cheiro do sangue fez os olhos do nobre flamejarem. Em um piscar de olhos, ele pulou da cama jogando-se aos pés da jovem sugando seu corte.

Yelena ficou assustada, mas não ousou reagir, Adrian estava sofrendo tanto quanto ela. Aceitar a proposta de Boris já não lhe parecia tão absurdo agora.... Isso poderia libertar seu Conde?

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