A Virgem

A Virgem

O Conde entrou na carruagem, sentou no banco de veludo vermelho olhando fixamente Vladimir que se aproximava trazendo a moça, ela estava descalça, enrolada em um lençol imundo, chorando lagrimas de uma dor silenciosa. Porque aquela jovem estava em estado tão deplorável? Não sabia a razão, mas aquela cena deprimente fez seu sangue gélido ferver... jurou para si mesmo que todos aqueles que a fizeram sofrer pagariam com suas vidas.

Em um gesto impensável, estendeu a mão protegida pela delicada luva de couro para ela, a fim ajudá-la a embarcar no coche. A jovem aceitou a ajuda baixando a cabeça sem dizer uma única palavra. O silencio era ensurdecedor. Sem tirar os olhos dela, o vampiro exilado se apresentou:

— Boa Noite. Sou o Conde Adrian Harper... eu... comprei você e de hoje em diante, serei seu senhor. Qual seu nome?

— Yelena Barkov. — Respondeu ela com os olhos cheios de lagrimas.

— Me conte como foi parar naquele lugar horrível, minha criança. — Perguntou ele acariciando o gastão de sua bengala.

— Meu pai... me vendeu. — Afirmou ela tentando cobrir o ombro para ocultar um enorme hematoma.

— Ele... te batia? — Perguntou o ex nobre extremamente observador.

— Sim... — Respondeu ela monossilábica soluçando.

— Não tenha medo. Eu... não vou te bater... nunca. Onde estão suas roupas? — Indagou ao perceber que ela tremia, em uma tóxica mistura de frio e pavor.

— Era só um vestido velho...

— Quem tirou ele de você? Algum homem te tocou?

O Conde estava possuído pela raiva, seus olhos flamejavam, nem quando perdeu tudo ficou assim tão furioso.

— Não senhor... eu nunca fui tocada por um homem. Quanto a minha roupa... uma mulher que também seria vendida, que usava apenas esse lençol sujo para se cobrir, me ameaçou e

tomou meu vestido de mim.

A jovem não fazia ideia, mas a mulher que pegou seu vestido, foi levada ao leilão pelo próprio marido. O infeliz chegou em casa um pouco mais cedo que o habitual e a surpreendeu cometendo adultério. Para lavar sua honra ele matou o amante da esposa e como castigo a levou para o leilão. Esperava que algum prostibulo a comprasse devido a sua nudez vergonhosa, porém era uma víbora esperta e a sorte estava por acobertá-la, essa mulher infiel, Keira, também foi comprada por Adrian.

Após pagar os escravos o servo retornou a carruagem, assumindo a função de cocheiro. Em seguida puseram-se a caminho do casarão.

O Conde tirou seu casaco de peles e o entregou a Yelena. Com o olhar severo e voz firme ele ordenou:

— Jogue esse lençol sujo pela janela e vista o meu sobretudo. Quando chegarmos em casa, vou banhá-la e fazer uma pequena inspeção em seu corpo... preciso confirmar se o que você diz é verdade.

— Não estou mentindo senhor... essas marcas em meu corpo são fruto das constantes surras.

— Paguei 300 peças de ouro por uma donzela... e espero não ter sido enganado...

— Eu juro que falo a verdade... — Respondeu levantando a voz, sem esconder que ficou triste e constrangida.

O Sr. Harper se arrependeu de dizer que ela não estava falando a verdade... por um breve momento, lembrou de seu julgamento, quando foi acusado de mentir e isso o fez se sentir miserável.... Será que as palavras dele também haviam feito ela se sentir ainda mais miserável? Seu maldito orgulho não permitiu que ele se desculpasse.

A senhorita Barkov se livrou do lençol e vestiu o casaco, sem cessar seu pranto, o vampiro admirou fixamente cada arranhão, cada cicatriz e cada roxo que seu olhar avido pode notar.

Em silencio, ele tirou as luvas e afagou o rosto da jovem recolhendo as lagrimas fugidias com o dedo indicador curvado. Ela em resposta fitou os olhos verde-esmeralda e as mechas longas de seu cabelo prateado. Aquele homem belíssimo iria protegê-la? Como um arcanjo, ele seria capaz de livrá-la de todo o mal?

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