D'yavol

D’yavol

Chegando ao destino o Conde desceu da carruagem e pegou a garota no colo. Ela, desamparada, em um gesto instintivo de súplica e abandono, colocou os braços em volta do pescoço dele.

A jovem não fazia ideia das reais intensões do seu senhor. Qual seria o objetivo dela estar ali? Seria para servi-lo na cama? Se fosse apenas isso, porque ele gastou uma soma de ouro tão alta? Todavia, pouco importava o porquê... a jovem já havia decidido que aquele homem misterioso poderia reivindicá-la da forma que ele assim o desejasse.

— Prepare a banheira e a água quente Vladimir... a senhorita tomará um banho.

O frio estava de dilacerar a alma, o ex nobre depositou a jovem sobre o tapete de pele, acendeu a lareira, sentou no sofá rustico, serviu um cálice de vinho e seguiu olhando pra ela. Porque ele havia comprado aquela menina gastando o que tinha e o que não tinha?

O servo trouxe a banheira, despejou quatro baldes de água quente em seu interior e ficou aguardando instruções.

— Deixe-nos a sós Vladimir. — Disse o Conde deixando a taça de vinho vazia sobre a mesa, aproximando-se da jovem.

Yelena baixou os olhos sem ousar encará-lo. Adrian de forma cordial, estendeu a mão para ajudá-la a se levantar, com delicadeza deslizou as mãos sobre seus ombros percorrendo seus braços fazendo o casaco de peles cair no chão. Ela, constrangida, cobriu os seios com as mãos, mas não importava como tentava se esconder, suas lesões estavam por toda a parte.

— Não tenha vergonha destas marcas criança, eu posso curá-la se você quiser.... Isso te faria feliz?

Ela não conseguiu responder, seus olhos voltaram a ser inundados por suas lágrimas. Seria gratidão?

O Sr. Harper a conduziu até banheira, auxiliando-a entrar, começou a banhá-la, inicialmente sem maldade... entretanto ao passar a esponja em sua pele, sentindo a essência de rosas que perfumava a água, os desejos do Conde foram estimulados.

— Ela é tão pequena... e tão bonita... — Pensava ele enquanto delicadamente esfregava suas costas marcadas.

Um arranhão profundo em seu pulso, que ainda não havia cicatrizado, voltou a sangrar quando Adrian passou a esponja sobre ele. O aroma ferroso do sangue invadiu suas narinas provocando sensações inimagináveis, tornando impossível deter as presas que surgiram.

Yelena percebeu a mudança na aparência de seu amo, sem conseguir esconder sua surpresa ela perguntou de forma velada.

— Então os boatos que correm no vilarejo são verdade?

— E o que dizem tais boatos? — Perguntou ficando com o semblante sério enquanto massageava seus cabelos.

— Eu não quero ofendê-lo senhor...

— Não vai... apenas diga.

— Os aldeões o chamam de “D’yavol” e dizem que o senhor é filho do Diabo...

— E se não forem apenas boatos? E se eu for uma espécie de demônio que precisa do sangue alheio pra viver? — Perguntou ele exibindo os caninos e as orelhas pontudas, abrindo caminho para iniciar uma relação sem segredos entre ele e sua nova serva.

— Meu pai se dizia fiel a Deus e não houve um só dia em que não tenha me espancado... o senhor mesmo que seja servo do Diabo... prometeu que nunca iria me bater... — Respondeu ela, ruborizada, abrindo o coração.

A resposta sincera da moça o fez sorrir, o Conde não sabia o que era sentir alegria desde que a desgraça se abateu sobre sua casa. Adrian passou os dedos sobre o corte levando a mão suja de sangue a boca, lambeu os dedos e prontamente obteve sua tão sonhada resposta.

— Perdoe-me criança... por ter duvidado de sua pureza. Agora sei que falava a verdade...

— O que causou sua repentina fé em minhas palavras? Como soube se sou pura ou não?

— Seu sangue me contou... Yelena. Beber o sangue de uma moça virgem é um prazer gastronômico inigualável. Quando o leiloeiro anunciou que a próxima peça do leilão era uma doce donzela, não medi esforços para comprá-la.

A verdade é que eu a trouxe aqui não para dividir comigo minha cama ou para realizar meus desejos secretos e luxuriosos,

eu a comprei para ser meu cálice, eu a comprei para ser minha escrava de sangue.

— E o que isso significa senhor?

— Pretendo me alimentar de você.... irei beber o seu sangue sempre que assim eu o desejar.

— E se eu me recusar? — Perguntou ela com aflição.

— Infelizmente você é minha propriedade e não está em posição de recusar minhas ordens... se não oferecer resistência, garanto que seu desconforto será suavizado. — Afirmou ele segurando seu pulso e fazendo o contorno da linha tênue do seu pescoço com a ponta dos dedos.

O vampiro sentiu o corpo da jovem tremer sob seus delicados afagos. O real desejo de sua alma era deitá-la sobre o tapete de pele e amá-la por horas a fio tendo seus corpos aquecidos pelo fogo que crepitava na lareira. Esse desejo fugaz se opunha a tudo pelo qual ele lutou para conseguir ao comprá-la, se ele satisfizesse seus anseios carnais, perderia sua inesgotável fonte de sangue virginal.

O Conde permaneceu ajoelhado ao lado da banheira, envolvendo o corpo da jovem em um abraço acolhedor, com suavidade ele mordeu seu pescoço e se alimentou dela por breves instantes. Seu sangue sublime, fez o ex nobre esquecer completamente o sabor amargo do sangue sifilítico da prostituta moribunda de quem reivindicara o sangue mais cedo naquele mesmo dia. Adrian cuidadosamente a envolveu em uma toalha, ajudou-a sair da banheira, a conduziu até o tapete depositando-a no chão de forma protetora. Não conseguia tirar os olhos dela. Sentou no chão para acompanhá-la e a acomodou gentilmente entre suas pernas.

— Imagino que está esgotada e que queira descansar... mas acredito que deva estar com fome. A quanto tempo você não tem uma refeição descente?

— Mais tempo do que eu consigo lembrar...

O Conde tocou uma sineta, que estava próxima do tapete, o que fez Vladimir rapidamente retornar à sala de estar.

— Às suas ordens senhor. — Disse o criado fazendo um cortês reverencia.

— Traga alguma coisa para a senhorita Yelena comer.

— Imediatamente Milorde.

O servo retornou minutos depois com uma bandeja com frutas variadas, a maioria delas, Yelena nem conhecia. Vladimir deixou a bandeja sobre o tapete e logo se retirou. Era evidente que seu Mestre estava interessado na escrava e se alimentar dela não era sua única ambição.

A jovem estava um pouco tímida, porém estava sem comer já a quase três dias e sua fome falou mais alto que seu receio. Hesitante, ela estendeu a mão para pegar um cacho de uvas, observando o Conde como quem pede permissão.

Adrian notou seu evidente constrangimento e decidiu servi-la evitando que ela continuasse com fome. Tomou em suas mãos as uvas e uma a uma colocou-as na boca de sua propriedade, observando-a comer sem esconder sua satisfação.

Cada gesto da jovem escrava aquecia seu coração gélido, cada movimento dela era pura poesia.

Logo que Yelena ficou satisfeita acenou com a cabeça dando a entender que não estava mais com fome, Adrian parou de alimentá-la, acariciando seus lábios com o polegar.

A Srta. Barkov enrolou as frutas que sobraram em um guardanapo e colocou perto de si. O vampiro curioso não pode evitar querer saber o motivo.

— Por que fez isso meu anjo?

— É para quando eu tiver fome novamente senhor...

— Yelena... sob meus cuidados, terá refeições regulares, não precisa guardar comida. Se estiver com fome, basta dizer. Eu ou Vladimir providenciaremos algo para você comer.

— Senhor... eu poderia lhe pedir mais uma coisa?

— Peça o que quiser... depois do que acabamos de vivenciar, creio que serão praticamente inexistentes as coisas que eu seria capaz de te negar.

— Poderia me acolher em seus braços e velar meu sono?

— Me daria muita satisfação em fazê-lo... porém, não estou certo que poderei me controlar... evidentemente me sentirei tentado a tocá-la.

— Acredito que posso confiar em você meu amo. Sinto que pode me proteger e livrar-me dos males do mundo.

— Eu prometo que a protegerei minha doce criança... e o único mal do qual não poderei livrá-la é conhecido pelo desventurado nome de Conde Adrian Harper.

Mais populares

Comments

Sílvia Nastaro

Sílvia Nastaro

Não é que esse mulherengo beberrão banhou-a realmente, ora ???!!! Mas que lascivo !!! Sentindo seus desejos sobre ela, mas desejando mais ainda tê-la virgem para que ela continuasse como sua iguaria sem igual !!! Eu continuo com uma raiva possessa desse sujeito, mesmo com ele sendo claro quanto às suas intenções para com Yelena, a quem ele provou ser virgem sem constrangimento ou crueldade. Eu continuo mesmo com uma raiva possessa desse sujeito, mesmo com tal promessa poderosa e profunda que ele fez a ela !!! Eu não tenho respeito algum por homem ou vampiro que recorra à bebida desse jeito para inundar suas mágoas !!! Aliás, por falar nesse vampiro: Harper é sobrenome dele e de seu imperador. Não foi um sobrenome que sua irmã herdou por casamento então ! Adrian tem parentesco de sangue com Illiryo ? Eles são primos de alguma forma ?

2025-03-18

1

Simone Souza

Simone Souza

essa outra que ele comprou, que era infiel ao marido capaz de ser problema 🤔🤔

2024-05-07

1

Rosária 234 Fonseca

Rosária 234 Fonseca

pelo menos a proteja e não a maltrate fico satisfeita que não a faça sofrer mais do que já sofreu

2023-09-14

2

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!