Sonhos de Amor
Depois de beber com Vladimir, Adrian foi descasar em sua cripta improvisada no porão. Fazia muito tempo que não repousava em seu caixão sobre a terra da Romênia, seu país de origem e o Conde precisava disso para manter suas forças.
Havia bebido muito e durante seu sono agitado, teve um devaneio com Yelena. Em seus sonhos, pode realizar seus desejos sem culpa, envolveu a amada em seus braços amando-a loucamente, embalado pelos gemidos tímidos produzidos por sua voz doce e melodiosa.
No momento do clímax, Adrian acorda desorientado, zangou-se ao entender que tudo não passava de um sonho, ficou pensando em como havia se tornado tão patético e ainda estava em dúvida sobre qual escolha deveria fazer. Não sabia se era dia ou se era noite, a escuridão dentro do caixão não permitiu saber a resposta. O fato é que depois de sonhar de forma tão ousada com a Srta. Barkov, não conseguiu mais dormir.
Resolveu levantar, serviu uma taça de vinho e andou sem rumo pelo casarão. Seus passos o levaram ao quarto de Yelena, era tão aconchegante quanto o quarto de Vladimir ou até mesmo o seu... ele apenas queria oferecer o melhor a ela.
Sentou na cabeceira da cama e ficou observando-a dormir. Fantasiou que estavam juntos em um baile da corte onde a jovem trajava um vestido purpura deslumbrante e cantava em honra ao Imperador. Deveria ele agradecer aquele maldito pervertido?
Se não fosse expulso da Romênia, jamais visitaria aquela terra hostil e sua adorada estaria agora mesmo tendo que servir sexualmente um homem qualquer que a tivesse arrematado no leilão. Adrian não era um exemplo de virtude, porém, sabia que sua amada estava segura ao seu lado.
O Conde perdeu a noção do tempo vidrado observando-a dormir, sua tranquilidade e suas feições delicadas tinham poderes desconhecidos sobre ele.
Com o passar das horas, a jovem começou a dar sinais de que em breve acordaria. O ex nobre não tentou fugir, ficou ali, aguardando a jovem despertar. Queria que ela visse seu “eu” verdadeiro e estava disposto a não mais se esconder.
— Bom dia Srta. Barkov.
— Sr. Harper? O que faz no meu quarto?
— Por favor... me chame de Adrian! Ontem, eu não tinha a intenção de assustá-la... mas, mesmo assim, eu fiz você se afastar de mim. — Disse o ex nobre suplicante acariciando o rosto dela com cuidado, sua mão gelada fez a jovem suspirar.
— Não tenha medo... — Implorou o vampiro.
— Adrian... — Disse ela como quem faz uma prece.
— Diga de novo meu anjo... chame meu nome! — Rogou ele envolvendo-a em seus braços, mordendo-a e alimentando-se dela como se fosse a última vez.
Yelena percebeu que o vampiro não estava apenas com fome. O ato de se alimentar dela, estava diferente do habitual, estava muito mais passional, envolto em sentimento. Antes de morde-la, ele beijou cada centímetro de sua pele macia, acariciando com suavidade seu colo e pescoço, por fim, acabou deitando-se sobre ela para reivindicar seu sangue virginal. A jovem se surpreendeu, o Conde sempre a tratou com delicadeza, porém nunca havia notado tanto envolvimento da parte dele, não devia se deixar levar, talvez ele estivesse apenas se sentindo sozinho.
— Senhor... acho que não deveria...
— Apenas deixe-me ficar assim um pouco. Preciso tomar uma decisão difícil... tê-la em meus braços, sentir seu cheiro doce... me acalma e me ajuda a pensar...
A jovem ficou feliz com suas palavras, mas deveria manter os pés no chão. Devia saber seu devido lugar, era uma serva e uma escrava de sangue, não tinha o direito de sonhar em ser algo além disso.
— Você é tão bonita Yelena... é a mulher mais bonita que eu já vi. — Afirmou ele extremamente sincero devido ao sono.
O Vampiro se acomodou confortavelmente a fim de dormir ao seu lado, a jovem não resistiu, realmente queria que as palavras dele tivessem algum significado. Envolvida naquele abraço acolhedor, virou de costas para ele e fechou os olhos, sentiu-se amada, protegida. Por um breve instante se permitiu sonhar, deixando a racionalidade de lado, entregou-se aquele momento sublime. Yelena tinha total consciência de seus sentimentos, só
restava a dúvida se ela seria correspondida.
Algumas horas se passaram e a jovem acabou cochilando, quando enfim acordou, o Conde já não estava mais ali. O leve desconforto no pescoço e uma gota solitária de sangue no lençol não permitiram à escrava de sangue acreditar que havia sonhado com a visita do Sr. Harper.
Milhares de dúvidas assombravam seu coração. Se o Conde desejava estar com ela por que não se declarava com todas as letras? Será que ela deveria tomar a iniciativa? Como seria possível fazer isso sem parecer vulgar ou oferecida?
Alguns dias se passaram, a donzela estava pensativa fazendo suas tarefas na taverna quando o servo Boris percebeu que ela trabalhava desatenta. Acreditando que aquela seria uma ótima oportunidade de abordá-la, ele sorrateiramente se aproximou.
Estava de olho na jovem desde o dia que ele a viu no leilão, quando foram comprados pelo mesmo mestre, pensou que essa seria a sua chance de subjugá-la... entretanto na mesma noite do evento, Yelena tornou-se a favorita do Senhor. Como poderia ele enfim seduzi-la? Era agora ou nunca!
— Bom dia Srta. Barkov... algo a preocupa?
— Minhas preocupações são assim tão evidentes?
— Eu sou observador senhorita...
— Bem Sr. Boris... são apenas sonhos de uma garota boba... sonhos e desejos que nunca vou realizar...
— Talvez... se puder dividir seus sonhos comigo, eu veja alguma luz que você não vê...
— Eu não tenho falsas esperanças senhor.
— Você sonha com o quê? Abra seu coração senhorita...
— Eu... tenho sentimentos pelo nosso Amo. Mas ele nunca vai abrir mão do meu... — A jovem não ousou terminar seu relato, considerando o fato que provavelmente o Conde só contou seu segredo a ela.
— O Conde não vai abrir mão de quê?
— De nada... o Conde é poderoso e também é o homem mais rico e temido desse vilarejo... ele não precisa temer nada! — Disse ela tentando concertar os erros que sua boca grande causou.
— Bem... não precisa me contar os detalhes se você não quiser... porém eu acredito que se nos aproximarmos ele ficará com ciúmes e talvez preste mais atenção em você senhorita...
As palavras doces do escravo mexeram com a percepção da jovem. Deveria ela fazer o Sr. Harper ter ciúmes? Refletiu sobre isso durante todo aquele dia sem chegar a nenhuma conclusão. Logo a noite chegou e Yelena seguia pensativa, seu comportamento distante também acabou chamando atenção de seu Amo, quando a jovem veio lhe trazer seu cálice de vinho. Adrian ficou a observá-la enquanto ela mantinha sua cabeça baixa, recusando-se a encará-lo.
— Está tudo bem Yelena? — Perguntou preocupado.
— Sim meu senhor... está tudo bem... — Disse ela sem conseguir conter as lágrimas.
— Yelena... ninguém chora sem motivo. Me diga o que está acontecendo... por acaso alguém te maltratou e te fez chorar?
— Milorde... não é nada importante... eu apenas estou triste.
— E o que está te deixando triste? — Perguntou ele tentando inutilmente confortá-la.
— Não quero aborrecê-lo com bobagens meu amo... eu garanto que não há nada com o que se preocupar.
O fato de Yelena não confiar nele nem ao menos para dividir seus anseios e tristezas, acabou por tirar o vampiro exilado do sério. Ele se descontrolou completamente e não se deu o trabalho de esconder sua indomável insatisfação.
— Não minta pra mim! — Gritou ele enfurecido, nada o deixava mais colérico do que a indiferença da jovem.
— Perdoe-me senhor... eu apenas não sei o que pensar a respeito da nossa relação...
— O que há de errado com a nossa relação? — Perguntou ele fingindo não saber do que se tratava.
— Eu... eu... eu.... — Gaguejou ela sem esconder sua aflição.
— Diga! — Ordenou o Conde impaciente.
— Eu desejo mais do que apenas alimentá-lo, meu senhor. — Afirmou ela sem mais tentar esconder seu pranto.
— Yelena... ainda não decidi o que fazer sobre isso, preciso de mais tempo...
— Milorde... diferente do senhor, eu não tenho todo o tempo do mundo. E não aguento mais viver nessa incerteza...
— Você sabe o que está dizendo? Não faz ideia de quem ou o que eu sou? — Indagou ele cada vez mais violento, apesar de ter fortes sentimentos por ela, o Conde não aceitava ser confrontado.
— Sei que não é humano e sei que só consegue saciar sua sede com sangue.
— Eu sou um demônio e um vampiro Yelena! Nasci há mais de 300 anos e vago pela terra desde então!
— Eu não me importo! Beba o meu sangue até a última gota se isso lhe fará feliz! Mas me ame por inteiro, uma única vez antes do último sopro de vida abandonar o meu corpo!
— Como você pode implorar para que eu a deflore e tire sua vida logo depois? — Perguntou incrédulo.
— Se as lendas que ouvi são verdade... você tem o poder de me tornar igual a você! Faça isso meu amo e eu prometo ficar eternamente ao seu lado! — Suplicou ela caindo de joelhos aos pés do ex nobre estendendo a ele suas mãos em oração.
— Você está louca! Eu não serei cumplice da sua loucura! Vá para o seu quarto e só saia de lá quando recobrar seu juízo! — Ordenou ele de forma autoritária.
Yelena saiu da sala chorando e Adrian começou a beber sem parar tentando em vão reencontrar o equilíbrio perdido.
— Por que? Por que perdi a calma? Deus eu a amo tanto... e tudo que consegui com o meu maldito gênio foi afastá-la de mim... — Pensou extremamente arrependido.
Adrian bebeu até perder os sentidos em frente a lareira, Vladimir preocupado o acompanhou até seus aposentos apoiando-o em seu ombro para que não caísse. O servo colocou seu Senhor na cama e tirou suas botas.
O fiel criado estava preocupado, seu senhor sempre foi boêmio, mas seu comportamento destrutivo não dava sinais de que iria retroceder e a paixão que Yelena despertou nele era controversa e estava longe de afastá-lo daquele inferno.
Keira estava à espreita, e trataria de tirar proveito da primeira briga de seu amo e de sua inestimável favorita. A escrava colocou um dos vestidos da jovem, amarrou os cabelos como Yelena e para completar seu disfarce, perfumou-se com o óleo de rosas que o Conde ofertou à Srta. Barkov.
Cuidadosamente apagou as velas de todos os candelabros dando início a sua tentativa desesperada de dividir a cama com seu senhor em uma vã esperança de conquistá-lo.
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Atualizado até capítulo 38
Comments
Sílvia Nastaro
Ah, não !!! Encontrar com três cobras em um capítulo foi demais para Yelena, ora !!! Então esse conde ficou estúpido com ela também porque ele não gosta de ser contrariado, ora ?! CRETINO !!! Ela não pediu para ser estuprada e morta, seu estúpido !!! Ela pediu para você amá-la por uma vez mesmo que fosse antes de ela soprar seu último suspiro ao ser sugada por você, seu estúpido !!!
2025-03-19
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Rosária 234 Fonseca
vc a ama porque não admite pra ela também que a ama tanto quanto ela . vc é sem sentimentos mais o amor pode salvar sua alma solitária e cheia de mágoa
2023-09-15
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Paula Silva Nery 🌺🌼
Pega leve,vc tá perdido ela tbm. Por final se amam e estão bagunçando tudo
2023-05-12
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