Centro Comercial

Centro Comercial

Vladimir correu até a taberna e solicitou a presença de Keira e de Ivan na sala de estar. Os escravos ficaram preocupados, o Conde não costumava fazer comunicados iguais a esse e até hoje, mais de um mês depois, os rumores sobre o repentino desaparecimento de Boris não haviam sido esclarecidos.

Adrian aguardava os escravos segurando a sua amada noiva pela cintura em seu colo, acariciando delicadamente toda a extensão do seu braço, vez ou outra lhe dava pequenos beijos nas costas e pescoço, sem mais esconder que estava apaixonado.

— Senhor... comporte-se. — Pediu ela em meio a risinhos.

— Eu tenho que recuperar o tempo perdido... meu anjo. — Respondeu ele segurando a mão dela entre as suas.

Após alguns minutos de espera todos os moradores do casarão já estavam parados na sala de estar olhando Yelena confortavelmente acomodada no colo de Adrian, boquiabertos.

— Agora que já estão todos aqui, tenho um comunicado importante a fazer.... Yelena e eu estamos comprometidos, a partir de hoje, ela será senhora desta casa e as ordens dela devem ser seguidas como se fossem minhas ordens!

Vladimir e Ivan sorriram satisfeitos, Keira mordeu o lábio zangada. Como aquela tonta conseguiu passar na sua frente? Precisava urgentemente pensar em um novo plano, de forma alguma aceitaria perder o Conde para aquela menina ingênua.

Depois de ficarem a par das novidades, os escravos retornaram aos seus afazeres. Com dois a menos no trabalho, precisavam se desdobrar para dar conta das tarefas. Em segredo Vladimir ajudou a dar sumiço no corpo de Boris, depois de extrair e armazenar o sangue.

— Ainda vai precisar de mim senhor? — Perguntou o servo.

— Que bom que perguntou meu caro. Como estão nossas finanças? Quero que leve minha dama e eu até o centro comercial... Yelena precisa de uns cosméticos e roupas novas.

— Nossas finanças estão razoavelmente equilibradas senhor,

porém devemos evitar as extravagâncias...

— Bem... nos acompanhe e ajude-me a lembrar que não sou

mais rico amigo... minha noiva deve receber alguns presentes para celebrar nosso compromisso, não devo ser avarento.

— Certamente meu amo! Vou preparar a carruagem.

Vladimir se retirou para cumprir as ordens e Adrian aproveitou que estavam novamente sozinhos para cobrir Yelena de beijos. Jurou para si mesmo que passaria o resto dos seus dias demostrando sua devoção a ela.

Sem mais se estenderem, dirigiram se a carruagem e partiram para o mercado do vilarejo.

— Senhor... já que estamos comprometidos, deveríamos determinar os dias em que poderá beber meu sangue.

— Determinar os dias? Não poderei mais me alimentar de você sempre que eu quiser?

— Não... agora que sou sua noiva não fica bem...

— Yelena... desse jeito jamais poderei me casar com você... pois morrerei de fome antes disso!

— Não seja dramático amo... tudo bem... eu não sei dizer não pra você... sirva-se de mim sempre que desejar.

— Já disse que não precisa mais me chamar de amo... me chame de Adrian... mas confesso que sinto algo diferente quando me chama de “meu Conde”.

A jovem sorriu satisfeita, não cabia em si de tanta felicidade queria deixar todos os dias ruins no passado. Seu Conde acariciou seu rosto com delicadeza e em um jogo de sedução sem fim lambeu seus lábios mordiscando-os e arranhando-os levemente, por fim sugando o quase imperceptível sangramento.

— Está com fome Milorde? — Perguntou ela ousada.

— Não é fome minha criança... é desejo! — Respondeu malicioso.

Não demoraram muito e logo chegaram ao bazar. Os comerciários rapidamente esvaziaram suas lojas para receber o Conde “D’yavol” e seus acompanhantes. Para que ninguém pensasse que Yelena ainda era sua serva, tratou de deixar bem claro qual era a posição da jovem.

— Boa tarde... essa graciosa dama é minha noiva e desejo que mostrem a ela alguns cortes de tecido... apenas o que sua loja tem de melhor para oferecer.

Vladimir precisou supervisionar as compras, pois, por mais que desejasse agradar Yelena, o Sr. Harper ainda não tinha condições de esbanjar. Compraram cortes de tecido para confeccionar alguns vestidos para o dia a dia. O Conde desejava comprar todos os tecidos disponíveis na loja, mas seu fiel servo o lembrou que ainda precisaria pagar a confecção dos trajes.

Adrian ficou evidentemente aborrecido, nunca precisou medir seus gastos e agora precisava pensar mil vezes antes de comprar qualquer coisa. Queria poder oferecer uma vida de Condessa a Srta. Barkov.

Dirigiram-se a próxima loja, o proprietário, apavorado, atendeu o Conde como se estivesse na presença de um Deus ou do próprio Diabo. Yelena observava atenta, será que apenas ela e Vladimir não temiam o vampiro? Comparam colônias, sais de banho e algumas maquiagens, infelizmente o fiel servo sinalizou que já haviam estourado as economias do Lorde. Sem mais poder fazer novas compras decidiram regressar.

Na rua, enquanto se dirigiam ao local onde haviam deixado a carruagem, um infortúnio trazido pelo destino fez com que o Sr. Barkov, pai de Yelena os avistasse. Ele estava largado na rua bebendo e esmolando, já havia gastado todo o dinheiro que ganhou do leiloeiro na venda da própria filha.

A jovem caminhava de braços dados com seu Conde, esbanjando sorrisos, exalando beleza. O Sr. Barkov ficou a acompanhá-la com os olhos ardendo de ódio... era para Yelena estar em um prostibulo ou fazendo serviços pesados de limpeza até cair de exaustão. Como que se tornou mulher do homem mais importante e temido do povoado? Mas a principal dúvida que não saia de sua cabeça era: Como ele tiraria algum proveito disso?

Por um breve instante, a futura Sr.ª Harper olhou de relance na direção em que seu pai estava a devorá-la com os olhos. Sentiu as pernas fraquejarem e suas mãos repentinamente ficaram tremulas. Adrian percebeu seu desconforto repentino e perguntou preocupado, ajudando-a subir no coche:

— O que foi meu amor? Por que mudou seu temperamento tão de repente?

— Milorde... acho que acabei de ver meu pai. — Afirmou ela com os olhos cheios de terror.

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