Surge o Amor

Surge o Amor

Vladimir havia providenciado quatro mudas de roupa para cada escravo, já devidamente trajados, puseram-se a limpar a taberna, planejavam reabrir o estabelecimento o quanto antes.

Yelena limpava as mesas alegremente cantarolando, apesar de estar privada da liberdade, estava livre das surras e do pai abusivo. Adrian, supervisionava os afazeres periodicamente, sempre distraindo-se com seu anjo, nada mais lhe importava, apenas beber o sangue dela.

Alguns dias se passaram desde que ele havia a provado, mal podia esperar por uma nova oportunidade de beber de seu cálice. Naquela noite, decidiu criar essa oportunidade envolvendo a jovem em um clima de sedução.

Mandou chamá-la, e aguardou sentado em sua poltrona na sala de estar em frente a lareira acesa, bebia uma taça de vinho.

— O que deseja senhor?

— Primeiramente desejo ver se restou alguma marca em seu corpo... eu prometi curá-la e pretendo cumprir minha promessa.

A jovem foi seduzida pela voz melodiosa do seu Conde, o clima acolhedor da sala a envolveu, sem pensar duas vezes, ela tirou seu vestido cobrindo o corpo com as mãos.

— Aproxime-se criança... — Disse ele largando a taça vazia sobre a mesa.

Ele deslizou suavemente seus dedos pelo corpo da jovem, não estava mentindo, realmente procurava vestígios de maus tratos, sem encontrá-los, sorriu satisfeito.

— Aparentemente... não há mais cicatrizes, o que é um grande alivio, pois você é muito bela. Por via das dúvidas, toda vez que eu me alimentar de você... vou lhe dar um pouco do meu sangue, isso ajudará a curar as marcas das minhas presas e... nos aproximará.

— Vai se alimentar de mim agora meu amo?

— Bem minha criança... eu estou com fome e já se passaram alguns dias desde a última vez... então...

O vampiro não precisou terminar de falar, a jovem sentou no

tapete de costas para ele afastando as longas mechas douradas, esperando que ele reivindicasse seu sangue.

— Como pode essa simples serva ser tão linda, delicada e dócil? Era uma flor de rara beleza que brotava no solo infértil nessa terra estéril! — Pensou ele de forma poética.

A total entrega dela fez o Conde provar sentimentos que até então desconhecia. Alimentou-se da jovem, de uma forma tão delicada e amável, acariciando seus braços e desejando que aqueles breves instantes nunca encontrassem seu fim. Ele nunca imaginou que seria capaz de agir assim. Yelena era como a chama de uma vela iluminando a escuridão de seus dias.

O Conde fez um arranhão na palma da mão oferecendo seu sangue a ela. A Srta. Barkov aceitou sua oferta sem questionar, aquele gesto os ligaria para sempre, por alguns momentos ficou embriagada com aquela sensação, sua pele estava arrepiada e Adrian gentilmente a cobriu com seu casaco de peles.

Yelena ficou um pouco sonolenta e sem cerimônia deitou no tapete. Sem saber o que o motivou a isso, o Sr. Harper deitou ao seu lado acolhendo-a em seus braços de forma protetora, desfrutava de sensações a muito tempo esquecidas.... Paz? Felicidade? E talvez... por que não.... Amor?

O ex nobre lembrou de sua antiga vida na Corte, das mulheres com as quais compartilhou intimidade, dos presentes caros que distribuiu à essas mulheres sem se preocupar com nada. Quando caiu em desgraça, nenhuma dessas malditas interesseiras intercedeu ao seu favor.... Nunca sentiu por nenhuma delas se quer um terço do que sentia por sua inocente Escrava de Sangue.

Quanto tempo perdeu dando importância a milhares de futilidades? Certamente nenhuma de suas amantes aceitaria compartilhar com ele um dia sequer de sua vida no exilio. Nenhuma estaria disposta a dar as costas pra a Corte ou para os bailes ofertados por Illyrio. Maldição! Estava tão feliz agora a pouco... por que diabos lembrou de Illyrio?

Yelena dormia tranquilamente ao seu lado alheia a todos os conflitos internos de seu Conde. Agarrou-se a ela como se fosse sua tábua de salvação em um naufrágio, sua doçura e simplicidade poderiam libertá-lo de seu sofrimento? Poderia aquela pequena criatura aliviar suas infinitas dores na alma?

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