As Cicatrizes

As Cicatrizes

Alguns minutos após o Conde ter terminado de banhá-la, ele realizou que cada toque seu em sua pele era como um convite ao paraíso. O suave aroma das rosas era inebriante e o calor da lareira envolvente. Ela ainda estava enrolada na toalha com timidez, desde que saiu da banheira. Adrian permaneceu no tapete ajudando sua escrava a secar-se, dessa forma, pode examinar mais de perto as cicatrizes em suas costas, eram profundas, em relevo. O Sr. Harper teve certeza que aquelas terríveis marcas foram causadas por chibatadas.

— Você poderia me contar sobre a origem disso meu anjo? — Perguntou ele tocando de leve as cicatrizes nas costas de Yelena com as pontas dedos.

— Já passou senhor... lhe contar como eu adquiri estas marcas só trará mais sofrimento...

— Não precisa dizer... eu posso imaginar. Mas confesso que tenho raiva só de pensar... — Afirmou ele já pensando em esfolar vivo esse homem que teve coragem de cometer essas atrocidades com a própria filha.

A jovem pensou por alguns instantes e resolveu que deveria revelar um pouco de sua triste trajetória ao Conde.

— Qualquer coisa poderia ser usada como desculpa para meu pai me bater... mas ultimamente, depois que minha mãe morreu de uma terrível febre, as surras se tornaram mais e mais frequentes, meu pai me culpou pela morte dela. — Disse Yelena demonstrando certa resignação.

— Tal criatura nem deveria ser chamada de pai... —Afirmou o ex nobre sem conseguir esconder sua raiva.

— Ele disse que já que minha mãe estava morta, eu deveria ocupar seu lugar nos afazeres domésticos... inclusive no quarto, eu recusei, resisti, pedi por socorro, acabei por chamar a atenção dos vizinhos... bateram no meu pai até ele desmaiar. Algumas horas depois ele acordou furioso, para me punir pelo tumulto que causei, ele me deu 30 chibatadas e me vendeu ao mercador de escravos, conseguiu uma boa soma, já que ainda sou moça.

O Conde cerrou os punhos, cego pela raiva. Adrian estava

completamente apaixonado por ela, mas preferia mentir pra si mesmo e negar o fato.

— Eu vou curá-la... meu anjo. — Afirmou ele, ferindo seu dedo nas presas, passando seu sangue nos lábios rosados da jovem, agindo com certa frieza, sem demostrar suas emoções.

Ele a livrou da toalha e a deitou de costas no tapete, fez suas unhas crescerem e rasgou com elas cada uma das cicatrizes, a jovem gemeu de dor, ele tratou de tranquilizá-la.

— Preciso que confie em mim criança...

Yelena sufocou sua voz com as próprias mãos, estava decidida que não tinha nada a perder, confiar naquele ser das trevas era sua única opção. Adrian mordeu com força a ponta da língua, lambendo cada uma das cicatrizes que sangravam misturando seu sangue demoníaco ao dela. Os cortes pouco a pouco foram se fechando e cicatrizando sem deixar marcas, como se nunca tivessem existido. Toda a dor sumiu junto com eles.

O vampiro levantou deixado a jovem sozinha por alguns instantes. Voltou trazendo um espelho oval de tamanho médio. Sua serva sentou no tapete, olhando as costas no espelho por cima do ombro. Mantinha os olhos baixos em uma sensualidade inocente, quando viu a pele imaculada, livre das cicatrizes, encheu os olhos de lagrimas.

— Senhor... o que há de querer em troca? — Perguntou.

— Tudo o que quero é que permaneça pura e que me alimente Yelena. — Respondeu ele envolvendo-a em seus braços.

O Conde ajudou a jovem a vestir seu casaco, ela pousou a cabeça em seu colo, para tentar dormir um pouco. Estava em claro desde o dia em que seu pai a negociou com o leiloeiro.

— Amanhã providenciarei algumas roupas para você vestir, pois não poderá usar esse casaco para sempre.

— Obrigada meu amo... —Disse ela sonolenta afagando o rosto dele com leveza.

— Ela é linda... a mulher mais linda que eu já vi. — Pensava ele contemplando-a em silencio.

O ex nobre beijou seu pulso em resposta, com a cabeça cheia de planos ele ficou ali em frente a lareira com sua propriedade, encaracolando uma mecha loira ainda húmida do banho, até que ela conseguisse relaxar e dormir completamente.

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