Capítulo 10 – O Início da Obsessão
O que começou como curiosidade, tornou-se cuidado.
E o cuidado, agora, estava virando necessidade.
Akira se pegava pensando em Haru em momentos aleatórios — no meio de reuniões com a gangue, em conversas tensas com aliados, até mesmo durante confrontos. Bastava o silêncio se alongar para a imagem dele surgir: os olhos frios, os ombros curvados pela responsabilidade, o modo como suas mãos tremiam de raiva ou de medo.
Era como uma marca que ele não conseguia apagar.
E isso o incomodava.
Porque Akira estava acostumado a controlar tudo. Pessoas. Negócios. A própria dor. Mas não sabia como controlar aquele sentimento que crescia por Haru.
Nem queria mais.
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Na fundação, Haru tentava manter a rotina. Kaori estava bem, e isso já era um alívio. Mas a presença de Akira se tornava constante — e, ao mesmo tempo, cuidadosamente contida. Ele nunca invadia, mas também nunca desaparecia.
Era como uma sombra que aquecia, em vez de assustar.
E Haru se via dividido. Uma parte dele ainda desconfiava, ainda lembrava das mortes, do sangue, do passado que nunca foi resolvido. Mas outra parte — mais recente, mais viva — sentia falta de Akira quando ele não aparecia.
E isso o enfurecia.
Consigo mesmo.
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Um dia, ao fechar a fundação mais tarde que o normal, Haru saiu sozinho pelas ruas estreitas do bairro. O céu ameaçava chuva. Ele não sabia por que estava andando — apenas andava. Como se estivesse procurando algo. Ou alguém.
Foi quando percebeu.
Estava sendo seguido.
Virou uma esquina rápida, depois outra. O som de passos apressados ecoava atrás dele. O coração disparou. Ele correu, virou uma rua escura e—
Braços fortes o puxaram para dentro de um beco, cobrindo sua boca.
— Shh. Sou eu. — sussurrou Akira, rente ao seu ouvido.
O coração de Haru disparou por outro motivo.
Akira soltou devagar e o colocou atrás de si. Do outro lado da rua, dois homens passaram correndo, sem vê-los.
— Estavam te seguindo. — Akira murmurou. — Acho que alguém percebeu sua ligação comigo.
— Eu não tenho ligação com você. — Haru disse, ríspido. — Ainda não.
— Eles não precisam saber disso.
O silêncio entre os dois era denso. Haru recuou um passo.
— Você me seguiu?
— Sim. — a resposta foi direta, sem desculpas. — Não consegui evitar. Quando você não aparece, fico inquieto. Quando some, fico louco.
Haru encarou os olhos dele, intensos. Viu ali algo diferente. Mais fundo.
Algo que assustava.
— Você tá... obcecado?
Akira respirou fundo. Não era uma pergunta que podia evitar.
— Talvez. — confessou. — Mas não de um jeito ruim. Não quero te prender. Só... — ele passou a mão pelo cabelo, exausto. — Só não consigo te tirar da cabeça. Nem quero.
Haru sentiu a garganta apertar. Não sabia o que dizer.
Não sabia o que sentir.
— Isso não é saudável, Akira.
— Eu sei. Mas não tô te pedindo pra sentir o mesmo. Só pra... não fugir.
Haru desviou o olhar. O mundo girava devagar demais. E ao mesmo tempo, rápido demais.
— Eu não tô pronto pra isso.
— Eu espero. — Akira respondeu. — Só... me deixa proteger você. Mesmo que você ainda me odeie.
Haru mordeu o lábio. Queria gritar. Queria abraçar. Queria sumir.
— Você não devia querer alguém como eu.
— Mas eu quero.
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Naquela noite, Haru não dormiu.
Escreveu no caderno. Riscou. Escreveu de novo.
No fim da página, deixou uma frase curta:
“Ele assusta. Mas me salva.”
E isso era o mais próximo que conseguia chegar da verdade.
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Atualizado até capítulo 42
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