CAPÍTULO 14

Após a noite de ontem, onde eu levei Clara para um piquenique e tive a melhor transa da minha vida, estou aqui, parado, em plenas sete horas da manhã, com um buquê na mão, em frente à porta do apartamento dela. Estou suando para apertar a campainha e, quando sem querer meu dedo toca, a porta se abre de repente.

Matías, o irmão de Clara, surge na minha frente, com seus cabelos loiros escuros desgrenhados e os olhos pequenos de sono. Ele me encara com uma expressão confusa, depois olha para o buquê na minha mão e arqueia uma sobrancelha.

— Você é o cara que dormiu com a minha irmã? — ele pergunta, sem nenhum pingo de cerimônia.

Quase engasgo com a própria saliva. Antes que eu possa responder, a mãe de Clara aparece atrás dele, já vestida para sair, segurando as chaves na mão.

— Ficou doido, Titi? Que pergunta é essa? Gabriel? — Ela me observa por um instante, depois desvia o olhar para o buquê. — Posso ajudar?

Engulo em seco. Minha garganta está seca, minha mente, uma bagunça. Não sei exatamente como fazer isso, mas já estou aqui, então não tem mais volta.

— Eu... — Passo a mão na nuca, nervoso. — Eu queria pedir à senhora a permissão para namorar a Clara, sei que somos adultos, mas queria fazer as coisas direito.

O silêncio dura apenas alguns segundos, mas para mim, parece uma eternidade. Ela pisca algumas vezes, como se estivesse tentando processar, depois sorri de canto.

— Eu já imaginava que isso ia acontecer. Você tem um bom coração, Gabriel. — Seus olhos analisam meu rosto e, no instante seguinte, ela suspira e entrega as chaves para Matías. — Vamos, filho, precisamos sair.

— O quê? Mas eu quero saber a resposta! — Matías reclama.

— Vamos logo, Matías — ela insiste, olhando para mim antes de sair. — Eu confio na minha filha para tomar as próprias decisões. Mas, por favor, não a machuque.

— Nunca faria isso. — Minha voz sai firme.

Ela assente e, sem dizer mais nada, fecha a porta, me deixando sozinho no apartamento.

Respiro fundo e olho ao redor. O apartamento está silencioso, Clara ainda deve estar dormindo. Seguro o buquê com mais força e começo a andar pelo corredor, abrindo porta por porta. Primeiro, o banheiro. Depois, um escritório pequeno. Quando finalmente abro a última porta, a visão me atinge como um soco no estômago.

Clara está deitada na cama, de bruços, os cabelos espalhados pelo travesseiro. Seu corpo está coberto apenas por uma lingerie azul-claro que contrasta lindamente com sua pele. Engulo em seco, sentindo o desejo me tomar instantaneamente.

Com cuidado, fecho a porta atrás de mim, tiro os tênis e coloco o buquê sobre a escrivaninha antes de me aproximar da cama. Subo nela lentamente, tentando não acordá-la de imediato, mas quando meu corpo toca o dela, ela se mexe, soltando um murmúrio sonolento.

Seus olhos se abrem devagar, piscando algumas vezes antes de me reconhecer. No mesmo instante, ela se sobressalta levemente.

— Gabriel?! — Sua voz sai rouca e surpresa.

— Bom dia, patricinha! — sussurro, deslizando a mão por sua cintura. — Não queria te assustar.

Ela me encara por um momento, como se ainda estivesse processando minha presença ali. Mas logo seu corpo relaxa e um sorriso surge em seus lábios.

— Você é maluco... — murmura, se aconchegando mais perto de mim.

Sorrio, puxando-a para mais perto, sentindo seu corpo quente contra o meu.

— Sim, e sou louco por você.

Clara ainda estava sonolenta quando se aconchegou em mim, sua pele quente contra a minha. Eu poderia passar o dia inteiro assim, apenas sentindo o cheiro doce dos seus cabelos e o calor do seu corpo. Mas então, ela se afastou levemente, olhando para mim com os olhos semicerrados.

— Preciso escovar os dentes. — murmurou, sua voz ainda rouca de sono.

— Eu não me importo! — provoquei, apertando sua cintura.

Ela riu baixinho, empurrando meu peito de leve antes de se levantar da cama. Meus olhos automaticamente percorreram seu corpo envolto na lingerie azul-claro, e eu tive que me controlar para não puxá-la de volta.

Clara pegou uma camisola jogada na poltrona, vestiu-a rapidamente e saiu do quarto, ainda se espreguiçando. Assim que a porta se fechou, respirei fundo, peguei o buquê na escrivaninha e tirei a pequena caixinha do bolso.

Ajoelhei-me ao lado da cama, segurando as flores com uma mão e a caixinha com a outra. Meu coração batia forte, mas não de nervosismo — era pura expectativa.

Ouvi o som da porta do banheiro se abrindo e, segundos depois, Clara voltou para o quarto, enxugando o rosto com uma toalha. Mas assim que seus olhos me encontraram, eles se arregalaram.

— Gabriel?! — Sua voz saiu meio risonha, meio incrédula.

Eu sorri, segurando o buquê e a pequena caixinha aberta.

— Clara, depois da noite de ontem, não vejo outra opção a não ser me ajoelhar diante de você. Há várias semanas eu descobri que gostava de você bem mais que um colega de trabalho e a noite de ontem só me confirmou isso.

Ela cruzou os braços, me olhando com diversão.

— Me desonrou ontem e hoje me pede em casamento, milorde? — Ela fez uma reverência, levantando um vestido imaginário.

Caí na risada, fechando a caixinha da aliança e me levantando.

— Você realmente não consegue levar nada a sério, né?

— Só estou me protegendo caso isso seja uma brincadeira. — ela brincou, mas havia um brilho diferente em seus olhos.

Segurei sua cintura e a puxei para perto, roçando meu nariz contra o dela antes de beijá-la. Um beijo lento, profundo, carregado de tudo o que eu sentia por ela.

Quando nos afastamos, olhei em seus olhos.

— Então... Aceita namorar comigo?

Clara me analisou por um instante, mordeu o lábio e desviou o olhar. Meu coração apertou por um momento, até que ela respirou fundo e voltou a me encarar.

— Aceito. Mas tem uma condição. — Sentou-se na cama, com um olhar sério.

Franzi o cenho.

— Qualquer coisa.

— Precisamos fazer isso escondido.

Minha expressão se fechou um pouco e eu me sentei ao seu lado.

— Escondido? Por quê?

Ela segurou meu rosto com as duas mãos e suspirou.

— Gabriel, esse é o primeiro papel importante que eu faço. Eu trabalhei muito para isso. Não quero que nossa relação vire o centro das atenções e acabe estragando o que eu conquistei… E muito menos estragar o que a gente tem por causa da mídia.

Eu a encarei por alguns segundos, absorvendo suas palavras. Eu entendia. Entendia mesmo. Mas a ideia de esconder o que sentia por ela doía um pouco.

No entanto, no fim das contas, o que mais importava era ter Clara comigo.

— Tudo bem! — suspirei, beijando sua testa. — Se é isso que você quer, a gente mantém segredo.

Clara sorriu, parecendo aliviada.

— Obrigada, Gabriel.

— Mas só para deixar claro… — Apertei sua cintura e colei nossos corpos novamente. — Em particular, vou te fazer lembrar todos os dias que é minha.

Ela riu e me beijou novamente, pegou o buquê e cheirou as rosas vermelhas, e naquele momento, soube que valeria a pena cada segredo.

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