As últimas duas semanas passaram como um borrão.
Desde que Gabriel e eu decidimos nos dar uma chance, tudo parecia mais intenso, mais vibrante. A química que antes ficava apenas nos bastidores agora se espalhava para cada pequeno momento juntos, e mesmo tentando manter o relacionamento discreto, não éramos tão bons nisso.
E hoje, durante a primeira grande entrevista antes do lançamento de Cena Proibida, tivemos a prova disso.
[...]
O salão de festas da One Entretenimento estava impecável. Um tapete vermelho se estendia pelo chão polido, cercado por holofotes e câmeras de todas as direções. Repórteres, fotógrafos e influenciadores lotavam o espaço, disputando os melhores ângulos para cobrir cada detalhe do evento.
Os outros atores do elenco já estavam posicionados no painel principal, onde cadeiras elegantes de couro branco haviam sido dispostas em fileiras para cada um de nós. O logo do filme brilhava no grande telão ao fundo, exibindo pôsteres promocionais com nossos rostos lado a lado.
Ao meu lado, Gabriel exalava confiança. Vestia um terno escuro impecável, os cabelos penteados com precisão, e mesmo assim, seus olhos me procuravam a cada segundo, como se quisesse se certificar de que eu estava bem.
— Nervosa? — Ele sussurrou, a voz carregada de diversão.
— Um pouco. — Respondi, ajeitando o vestido de seda vermelha que escolhi para o evento.
— Relaxa, já passamos por coisas piores.
Antes que eu pudesse responder, o mediador chamou nossa atenção.
— Vamos começar a entrevista!
O burburinho diminuiu e os flashes começaram a pipocar enquanto as perguntas eram lançadas.
— Gabriel, como foi interpretar um protagonista desta vez? Você está acostumado apenas a fazer vilões... — Um repórter perguntou, seu olhar foi de mim para Gabriel.
— Foi um desafio diferente, mas empolgante. — Gabriel me encarou com um sorriso ladino antes de voltar seu olhar para o repórter. — Danniel é um personagem cheio de camadas, e poder explorar esse lado mais vulnerável foi uma experiência incrível.
— Clara, como foi contracenar com Gabriel? — Uma influenciadora se levanta para perguntar dessa ve. — A química entre vocês nas telas parece muito real.
Tentei ignorar a maneira como Gabriel sorriu de canto, claramente se divertindo com a situação.
— Ele é um parceiro de cena incrível. — Minhas voz falhou, tentando buscar as palavras certas. — Desde o início, me deixou confortável e ajudou a tornar as gravações mais naturais.
— E fora das telas? Há rumores de que vocês dois estão bem próximos ultimamente...
A pergunta fez meu coração disparar, os flashes aumentaram e o começo de um murmúrio ser escutado por todos.
— Somos amigos. — Respondi rápido demais.
Gabriel riu ao meu lado, inclinando-se no microfone.
— Nos damos muito bem, então acho normal que as pessoas especulem, ainda mais, fazendo um papel onde os personagens são tão próximos.
A troca de olhares entre nós não passou despercebida.
E se restavam dúvidas, o brilho nos olhos de Gabriel ao me encarar deixou tudo óbvio demais.
[...]
Assim que a entrevista foi ao ar, a internet entrou em combustão.
As redes sociais estavam tomadas por comentários e hashtags sobre o filme e, principalmente, sobre nós dois.
“Meu Deus, a química deles não é normal! Eles estão se pegando na vida real?”
“Gabriel olhando para Clara com aquela cara de apaixonado, eu não aguento!”
“O filme vai ser um sucesso, mas a pergunta que não quer calar: eles estão juntos ou não?”
"Por favor, sejam um casal!"
O telefone vibrou em minha mão, e quando olhei, vi uma mensagem de Miguel Rosa.
"Parabéns, Clara. O hype do filme está maior do que nunca. Vocês foram incríveis."
Suspirei, aliviada.
Se Miguel estava satisfeito, significava que fizemos um bom trabalho.
Mas mal sabia ele que a nossa química não era apenas atuação, mas isso também não seria um problema, nunca foi dito que era proibido relacionamento entre pessoas do elenco.
[...]
No dia seguinte, resolvi mostrar para minha mãe e Matías a grande novidade. Gabriel me ajudou a procurar, confesso que foi difícil fazer a escolha de vender o meu apartamento, mas, já estava ficando difícil viver nele, visto que já não conseguia mais andar pelas ruas sem ser reconhecida. Com a venda dele, consegui comprar uma BMW 320i GP branca, sempre foi o carro dos meus sonhos e eu já estava há bastante tempo guardando dinheiro apenas para ter essa conquista.
Minha mãe e Matías ficaram chocadas com nosso novo carro. Sim, nosso. Tudo que eu faço é pensando em nós três, como se fôssemos apenas um.
Dirigi até um bairro sofisticado de Madrid e parei em frente a uma enorme casa moderna, com arquitetura minimalista e cercada por um jardim impecável.
Minha mãe arregalou os olhos ao sair do carro.
— Clara… essa casa… — Ela me olhou, os olhos marejados já entendendo o que fiz.
— É nossa. — Sorri, ansiosa.
Os olhos dela brilharam com lágrimas imediatas.
— Não pode ser… Deve ter sido uma fortuna! — Segurei as mãos dela.
— Mãe, eu estou ganhando muito bem agora, usei todas as minhas economias, vendi o apartamento... Sem contar o meu salário, também recebo pelo marketing que faço dentro e fora das filmagens.
Ela ainda parecia não acreditar...
Matías, por outro lado, correu para explorar o lugar, animado.
— Caramba! A gente vai morar aqui mesmo?! — Ele gritava enquanto pulava para todos os lados.
— Sim! — Falei, rindo. — Vem, vou mostrar tudo pra vocês.
A casa era espaçosa, com paredes de vidro que deixavam a luz natural entrar. A sala principal possuía um pé direito duplo, com um enorme lustre moderno pendurado no centro. Os móveis eram elegantes, mas confortáveis, e as escadas de mármore levavam para os quartos no andar superior.
— Isso é um sonho… — Minha mãe murmurou, ainda sem acreditar.
A cozinha era enorme, equipada com eletrodomésticos de última geração. No fundo da casa, uma piscina brilhava sob o sol, cercada por um deque de madeira e espreguiçadeiras sofisticadas.
— TEM UMA PISCINA?! — Matías gritou, correndo para olhar de perto.
Ri da empolgação dele.
— Tem. E você pode nadar quando quiser.
Minha mãe me abraçou forte, as lágrimas escorrendo silenciosas.
— Você fez isso tudo sozinha…?
— Fiz por nós. — Respondi, emocionada.
Ela assentiu, apertando minha mão com carinho.
— Seu pai teria orgulho de você.
Seu comentário me pegou de surpresa, e por um momento, apenas absorvi as palavras, sentindo um calor no peito.
Aquele era apenas o começo da nossa nova vida.
[...]
Mais tarde, voltei para o apartamento para começar a empacotar as coisas, não queria fazer isso sozinha, então mandei uma mensagem para Gabriel.
"Vem me ajudar com as caixas?"
A resposta veio em segundos.
"Já estou indo."
Pouco tempo depois, ele apareceu na porta, vestindo uma camiseta preta justa e jeans escuros, o cabelo bagunçado de um jeito que me fazia querer passar os dedos por ali.
— Vamos lá, patricinha. — Ele sorriu, pegando uma caixa.
Passamos a tarde encaixotando tudo. Matías, animado, ajudava do jeito dele, e minha mãe servia chá enquanto organizamos os pertences.
Entre uma caixa e outra, Gabriel brincava comigo, colocando almofadas sobre minha cabeça ou me girando de repente, me fazendo rir.
E em meio a risadas e provocações, senti o quão certo era tê-lo ali.
Gabriel não era só um ator famoso.
Ele era parte da minha nova vida agora.
E eu estava disposta a viver esse romance, independentemente do que acontecesse a seguir.
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Atualizado até capítulo 21
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