CAPÍTULO 07

Meu coração batia acelerado enquanto eu caminhava pelo enorme estúdio da One Entretenimento. O cheiro de café recém-feito e o som de vozes animadas enchiam o ambiente. O set de filmagens do nosso novo filme, Cena Proibida, estava pronto, com câmeras posicionadas e a iluminação ajustada para o primeiro dia de gravação.

— Bom dia, Clara! — A voz do senhor Miguel Rosa me despertou dos meus pensamentos.

— Bom dia! — Sorri, tentando disfarçar o nervosismo.

O dono da One Entretenimento era um homem de presença marcante, sempre muito bem-vestido e com um olhar afiado para negócios. Hoje, no entanto, ele parecia mais descontraído.

— Antes de começarmos, quero reforçar alguns pontos sobre o filme. — Miguel olhou para nós, reunidos em um círculo. — Como vocês sabem, Cena Proibida é uma adaptação de um livro de sucesso. O primeiro filme contará a história de Jully e Danniel até a separação deles, enquanto o segundo mostrará como eles se reencontram.

Eu já tinha lido o livro algumas vezes para entender minha personagem. Jully era uma jovem carismática e popular na escola, que se apaixona por Danniel, um garoto misterioso e encantador. No entanto, Rita, uma nova aluna, entra na vida deles e acaba sendo o estopim para a separação do casal.

— Então, nosso objetivo é capturar a essência do livro e trazer esse romance para as telas. — Miguel continuou. — Hoje, filmaremos as primeiras cenas, onde Jully e Rita se conhecem. Clara, Melissa, vocês estão prontas?

Olhei para Melissa, que faria o papel de Rita. Eu conhecia ela apenas pela internet, mas sabia que ela era uma atriz talentosa, com um rosto expressivo e um sorriso afiado. Ela assentiu para mim com confiança, e eu fiz o mesmo.

— Vamos nessa. — Respondi, respirando fundo.

[...]

O cenário estava impecável, representando os corredores da escola onde a história começava. Armários metálicos azuis enfileiravam-se ao longo das paredes, cartazes de eventos estudantis estavam pendurados e figurantes andavam de um lado para o outro, dando vida ao ambiente.

Vesti o figurino da minha personagem: uma saia plissada azul-marinho, blusa branca e um blazer leve. O figurino me fazia sentir ainda mais conectada a Jully.

A primeira cena era simples: Jully está no corredor da escola, conversando com amigos, quando Rita chega como aluna nova e tenta se aproximar dela.

— Atenção, pessoal! Luzes, câmeras... Ação! — O diretor anunciou.

Caminhei pelo corredor, rindo junto com os figurantes que interpretavam minhas amigas. Meu corpo já estava relaxado no papel de Jully. Então, de repente, Melissa entrou em cena como Rita.

— Oi! — Ela disse, segurando os livros contra o peito.

Parei e olhei para ela, mantendo a expressão amigável de Jully.

— Oi! Você é nova aqui? — Perguntei, demonstrando curiosidade.

— Sim, meu nome é Rita. — Ela sorriu de um jeito doce, mas havia algo nos olhos dela que parecia inseguro, como se escondesse algo.

— Seja bem-vinda! Se precisar de qualquer coisa, é só me chamar.

O diretor fez um sinal e, logo depois, a cena foi cortada.

— Muito bom, meninas! Mas vamos tentar mais uma vez com um pouco mais de hesitação na parte da Rita. — O diretor orientou Melissa.

Gravamos novamente, e dessa vez, Melissa fez exatamente o que o diretor pediu. Seus olhos brilharam com uma mistura de empolgação e algo mais enigmático, que daria a entender que Rita não era apenas uma aluna nova em busca de amizade.

[...]

Assim que a cena terminou, pude soltar a respiração presa. Gabriel, que ainda não tinha gravado nenhuma cena hoje, estava encostado perto das câmeras, observando tudo com os braços cruzados.

— Você parece nervosa. — Ele comentou quando passei por ele.

— Só um pouco. — Respondi, pegando uma garrafinha de água na mesa de apoio.

— Achei que você se saiu bem. Sua Jully parece bem natural. — Ele sorriu de lado.

Meu coração deu um pequeno salto, mas ignorei. Eu e Gabriel ainda estávamos construindo uma amizade, e ele não era do tipo que deixava claro o que sentia ou pensava.

— Valeu. Vamos ver se consigo manter essa naturalidade até o final das gravações.

Ele soltou uma risada curta e voltou a observar o set. Era estranho, mas desde que o conheci, sempre tive a sensação de que havia algo nele que ia além da fama de bad boy que a mídia pintava.

[...]

A segunda cena mostrava Jully apresentando Rita para Danniel, o que significava que Gabriel finalmente entraria em cena.

Voltamos para o cenário da escola, agora no pátio. O sol artificial das luzes iluminava tudo perfeitamente, dando um tom vibrante ao ambiente.

Melissa e eu ficamos posicionadas no centro do pátio, esperando a chegada de Gabriel.

— Ação! — O diretor gritou.

Gabriel entrou em cena caminhando com sua postura relaxada e confiante. Ele vestia o uniforme escolar do personagem: calça jeans escura, camiseta branca e jaqueta de couro. Era impressionante como ele conseguia dominar um ambiente apenas com sua presença.

— Danniel! — Chamei, animada.

Ele se aproximou, sorrindo para mim antes de desviar o olhar para Rita.

— Quem é essa? — Ele perguntou, ajeitando a alça da mochila no ombro.

— Essa é a Rita, ela é nova na escola. — Respondi, tentando transmitir a empolgação de Jully.

Rita sorriu timidamente.

— Oi, prazer em te conhecer.

Gabriel segurou a fala por um segundo a mais do que o necessário, algo que só quem estava atento perceberia. Então, ele sorriu de forma educada e respondeu:

— Seja bem-vinda.

A cena foi cortada e, novamente, o diretor elogiou nosso desempenho.

— Estamos indo muito bem, pessoal! Quero essa energia para o resto das gravações.

Soltei um suspiro de alívio, sentindo que, aos poucos, me acostumava mais com o set.

Enquanto voltávamos para o camarim, Gabriel parou ao meu lado.

— Ei, Clara.

Virei-me para ele.

— O quê?

Ele sorriu de um jeito que eu ainda não tinha decifrado completamente.

— Acho que essa história vai ser mais intensa do que parece.

Eu ri.

— Você diz isso porque já sabe o final.

— Não... — Ele olhou para mim por um segundo a mais do que o necessário. — Eu digo isso porque acho que a história real pode ser mais complicada do que o roteiro.

Não soube o que responder. Apenas encarei Gabriel, sentindo que, de alguma forma, ele já tinha se envolvido mais do que deveria.

E, talvez, eu também estivesse.

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