CAPÍTULO 02

A vida, para mim, sempre foi sobre oportunidades. Novas portas se abrem constantemente, mas cabe a nós decidir se cruzamos seus limiares ou deixamos o tempo seguir seu curso. Cada passo que dei me trouxe até aqui, e nunca precisei rebaixar ninguém para crescer. Isso me fez o homem que sou hoje. Mas, como qualquer ser humano, cometi erros. E foi justamente no momento mais delicado da minha vida que me vi diante de uma escolha difícil. Uma decisão trágica, que quase me fez perder algo que se tornou muito precioso.

[...]

Estacionar meu Porsche 911 GT3 rs no prédio da One Entretenimento sempre me dava uma sensação boa. Não era só pelo carro – apesar de eu adorar cada detalhe dele, do ronco do motor à pintura impecável em branco metálico. Era a sensação de estar no topo do meu jogo, de ser reconhecido por algo que eu amo fazer. E hoje, essa sensação estava ainda mais forte.

Entrei no prédio e fui direto para o andar executivo. A decoração da empresa era exatamente como a marca: imponente, moderna e luxuosa. Mármore polido, paredes de vidro e uma iluminação suave davam o tom de um lugar onde grandes coisas aconteciam. Era impossível não se sentir parte de algo grandioso ali.

Quando entrei na sala de reuniões, Miguel Rosa já estava à minha espera. Ele era o tipo de homem que exalava autoridade sem precisar dizer muito – um ícone no mundo do entretenimento. Ele me cumprimentou com um sorriso caloroso, mas a seriedade nos olhos dele deixava claro que estávamos ali para falar de negócios.

— Gabriel, sente-se. Tenho ótimas notícias para você. — Ele indicou a cadeira em frente à enorme mesa de vidro fumê.

Sentei-me, cruzando as pernas, tentando parecer mais tranquilo do que realmente estava. Mas, vamos lá, eu sabia o que ele ia dizer.

— Parabéns! — Miguel começou, com um tom de satisfação. — Você é oficialmente o protagonista de Cena Proibida.

Apesar de já imaginar, ouvir aquilo em voz alta foi como uma explosão interna. Mantive a compostura, mas meu sorriso dizia tudo.

— Não vou decepcionar, senhor Rosa. Eu prometo que vou dar tudo de mim para esse papel.

— Não tenho dúvidas disso. — Ele me lançou um olhar avaliador. — Você trabalhou duro para chegar até aqui. Seu desempenho como vilão na última série foi impecável. E, francamente, ninguém mais poderia dar vida a esse personagem.

Inclinei-me um pouco para frente, deixando a empolgação transparecer.

— Esse filme é uma chance incrível, e eu sei disso. Vou honrar a confiança que vocês estão depositando em mim.

Miguel assentiu, satisfeito, mas havia algo mais no olhar dele. O Sr. Rosa se recostou na cadeira, cruzando os braços.

— Só tem um detalhe. — Ele fez uma pausa dramática. — Esse será seu primeiro par romântico, de fato. Sei que já fez vários personagens onde houveram cenas românticas, mas nunca foi algo profundo e esse papel agora é de um protagonista muito apaixonado por sua parceira.

Aquilo me pegou de surpresa, mas disfarcei bem.

— Um par romântico, hein? Bem, eu sabia que esse dia ia chegar.

— É um desafio diferente, Gabriel. Química entre os atores é crucial em um filme como esse. Você não vai estar apenas interpretando, vai precisar fazer o público acreditar no amor entre vocês.

Eu assenti, fingindo estar mais relaxado do que realmente estava. Claro, eu já tinha feito cenas intensas antes, mas romance? Isso era novo.

— E quem será minha parceira? — perguntei, tentando não soar curioso demais.

Miguel pegou um tablet sobre a mesa e deslizou o dedo pela tela, parando em uma série de fotos. Ele virou o dispositivo para mim, e lá estava ela.

Na foto, ela estava deslumbrante, com seus cabelos loiros de tom escuro, ondulados caindo pelos ombros e um sorriso que parecia iluminado por refletores naturais. A mulher tinha uma expressão de confiança, mas algo nos olhos dela parecia… vulnerável. Era difícil descrever, mas me pegou de jeito.

Não deixei minha reação transparecer, mas minha mente disparou. Bonita. Muito bonita. Era a única coisa que conseguia pensar naquele momento.

— Essa é Clara Vega. — disse Miguel. — Uma atriz talentosa, e a química entre vocês tem tudo para funcionar.

— Parece… interessante. — Foi tudo o que consegui dizer, mantendo minha voz neutra.

Miguel sorriu.

— Você vai conhecê-la em breve. Tenho certeza de que vocês dois vão se dar bem.

Acenei em concordância com a cabeça, mas por dentro, minha mente ainda estava presa àquela foto. Não era só a beleza dela, mas a intensidade que ela transmitia. Era como se ela estivesse olhando direto para mim, desafiando-me.

Levantei-me, apertando a mão de Miguel com firmeza.

— Obrigado por essa oportunidade, senhor Rosa. Vou dar meu máximo.

Enquanto deixava a sala, não consegui evitar dar uma última olhada na foto dela. Algo me dizia que esse filme seria muito mais do que apenas um trabalho. E, de repente, pela primeira vez em muito tempo, senti algo que nem meu carro, nem meu sucesso, nem meus troféus tinham me dado: um frio na barriga.

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