CAPÍTULO 09

— Que tal começarmos a olhar algumas casas? — Perguntei para minha mãe, enquanto terminava de tomar meu café da manhã.

— Clara! Já está pensando em gastar seu dinheiro? Só tem dois meses que foi contratada pela One. — Ela questionou já querendo recusar minha ideia.

— Eu gostaria de morar em uma casa com quintal e piscina. — Matías sussurrou olhando para a tela do tablet.

— Viu só? — Apontei para ele e toquei a mão da minha mãe. — A senhora tem que entender que o meu dinheiro pertence a nós três e se agora posso proporcionar o melhor para nossa família, eu irei fazer.

Me levantei, peguei minha bolsa e deu um beijo nela antes de sair para levar Matías para escola e ir para o ensaio fotográfico na empresa.

O filme já estava nas últimas gravações e precisávamos começar a publicar prévias e fotos para que os fãs do livro possam saber que terá um filme baseado em "Cena Proibida" e para que também possamos conquistar novas pessoas que queriam conhecer um bom romance.

O meu maior pensamento no momento, é o fato de que estamos gravando muitas cenas quentes dos personagens e mesmo que seja apenas "de mentira", eu não consigo não pensar e não sentir as sensações da personagem, sem contar que é bastante constrangedor estar fingindo esses tipo de cena na frente de várias pessoas. O Gabriel sempre conversa muito comigo e é graças a ele que fico menos tensa.

Mas o verdadeiro problema são os sonhos eróticos constantes que venho tendo, e todos eles tem como protagonista ninguém menos que Gabriel Herrera.

[...]

A sala de fotografias da One Entretenimento era enorme e bem iluminada. O espaço era dividido em áreas distintas, cada uma com um tipo de cenário diferente: um fundo branco para fotos clássicas, um set montado para simular um ambiente romântico e até uma seção mais rústica, remetendo a uma das cenas do filme.

As luzes dos holofotes espalhavam um brilho quente pelo ambiente, enquanto câmeras e equipamentos estavam posicionados estrategicamente. O som de flashes e cliques constantes preenchia o lugar, e entre um ajuste e outro, estilistas corriam de um lado para o outro ajeitando figurinos, retoques de maquiagem e garantindo que tudo saísse impecável.

— Lembrem-se! — A voz de Miguel, ecoou pela sala. Ele estava parado ao lado dos fotógrafos, observando tudo com olhos atentos. — Essas fotos são cruciais para a divulgação do filme. Queremos que os fãs fiquem empolgados e criem expectativas. Quanto mais química vocês mostrarem, melhor.

Engoli em seco. A palavra química soava diferente agora. Claro, eu e Gabriel interpretávamos um casal no filme, e era natural que precisássemos demonstrar essa conexão. Mas, nos últimos dias, algo dentro de mim parecia reagir de maneira inesperada sempre que ele estava por perto.

E quando nossos olhares se cruzaram, eu soube que ele sentia o mesmo.

— Vamos começar com algo clássico. — O fotógrafo, um homem de óculos redondos e roupas despojadas, bateu palmas. — Fiquem lado a lado, algo casual, mas íntimo. Gabriel, passe o braço ao redor da cintura de Clara.

Senti um leve arrepio quando a mão dele pousou na minha cintura. Era quente, firme, mas ao mesmo tempo cuidadosa. Gabriel sorriu de canto, aquele sorriso torto que eu já tinha visto nas telas, mas que, ao vivo, tinha um efeito ainda mais perigoso.

— Relaxa, patricinha. — Ele sussurrou.

Revirei os olhos, tentando ignorar o calor subindo pelo meu rosto.

O fotógrafo continuou orientando:

— Ótimo! Agora, olhem um para o outro.

Virei meu rosto devagar, e foi impossível não notar o quanto os olhos de Gabriel eram intensos. Ele me olhava de um jeito que fazia meu coração acelerar — um olhar carregado de algo que eu não sabia nomear, mas que com certeza não era apenas atuação.

— Perfeito! Agora, algo mais envolvente. Gabriel, segure o rosto dela com uma das mãos, aproximem-se como se fossem se beijar.

Meu corpo travou por um segundo. Gabriel apenas sorriu, como se estivesse se divertindo com a situação. Suas mãos deslizaram lentamente até meu rosto, e seu toque, ainda que leve, foi o suficiente para que minha respiração vacilasse.

— Isso, segurem essa pose!

A ponta do nariz dele quase tocava o meu, e eu senti seu perfume amadeirado misturado ao leve cheiro de menta. Minha mente gritava que era só uma sessão de fotos, mas meu corpo não parecia convencido disso. Meu coração batia forte, e pela forma como a respiração de Gabriel ficou levemente irregular, percebi que ele também sentia aquilo.

O clique da câmera soou alto, mas meu foco estava nele.

— Você está nervosa? — A voz dele veio baixa, quase uma provocação.

— Não. — Respondi rápido demais.

Ele sorriu.

— Então por que está segurando a respiração?

Soltei o ar devagar, percebendo o quanto estava tensa.

— Ótimo, agora vamos trocar de figurino! — O fotógrafo anunciou.

A equipe de figurino nos levou para os bastidores, onde cabines estavam montadas para a troca de roupas. Meu coração ainda estava acelerado enquanto vestia o próximo look: um vestido leve, com detalhes românticos, perfeito para a estética do filme.

Quando voltei ao set, Gabriel já estava lá. Ele usava uma camisa branca com os primeiros botões abertos e um blazer escuro, um visual elegante, mas casual. Quando me viu, ele levantou uma sobrancelha.

— Você está linda.

Meu estômago deu uma volta.

— Obrigada.

— Agora queremos algo mais espontâneo! — Miguel interveio. — Imaginem que são apenas um casal apaixonado passeando. Brinquem um com o outro, interajam naturalmente.

Troquei um olhar com Gabriel. Ele sorriu e, antes que eu pudesse reagir, segurou minha mão e girou-me como se estivéssemos dançando.

— Isso! Ótimo, continuem!

Comecei a rir, surpresa com a atitude dele. Gabriel aproveitou a oportunidade e me puxou para perto, fingindo que ia me levantar do chão, como se fosse um passo de dança.

— Perfeito, isso é o que queremos!

Nossos risos ecoaram pelo estúdio. Era tão natural, tão leve, que por um momento esqueci que tudo aquilo era para uma sessão de fotos promocionais.

— Você se diverte me fazendo surtar, não é bad boy? — Comentei, enquanto ele ainda segurava minha cintura.

— Sempre. — Ele piscou.

Mais flashes. Mais cliques.

E mais olhares que duravam tempo demais.

Ao final da sessão, eu me sentia diferente. Como se algo tivesse mudado entre nós sem que eu percebesse.

E pelo jeito que Gabriel me olhava, ele também sentia isso.

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