Capítulo 19

Eu nunca imaginei que pudesse ter uma manhã tão intensa de amor com alguém. E, muito menos, que esse alguém carregasse o sobrenome Vasconcellos.

Eu não queria me envolver com outro Vasconcellos. Mas a vida tem um jeito cruel e inesperado de nos conduzir para caminhos que nunca pensamos em seguir.

Agora, eu estava envolvida. E não apenas envolvida… Eu estava entregue, apaixonada feito uma boba.

Leonardo não era nada do que eu imaginava. Ele era protetor, atencioso e cuidadoso. Ele não fingia sentimentos. Ele demonstrava.

Depois do momento intenso que tivemos, ele me levou para o chuveiro, cuidando de mim como se eu fosse um tesouro.

— Está doendo? — Ele perguntou, deslizando as mãos molhadas pelo meu corpo ensaboado.

Eu senti um pequeno desconforto, mas balancei a cabeça.

— Estou bem, Nardo.

Ele franziu a testa.

— Se estiver dolorida, eu pego um remédio.

Ele estava realmente preocupado comigo.

Senti meu coração se aquecer. Leonardo era diferente de qualquer outro homem que eu conheci.

A água quente escorria pelo nosso corpo enquanto Leonardo deslizava as mãos grandes e firmes por minha pele molhada, cuidando de cada parte de mim com uma atenção que ninguém jamais teve.

Seus olhos me analisavam com preocupação, como se quisesse se certificar de que não havia qualquer sinal de dor ou incômodo em meu corpo.

— Tem certeza de que está bem? — Ele murmurou, os dedos deslizando por meus braços e cintura, massageando minha pele com delicadeza.

Sorrindo suavemente, me aproximei e beijei seus lábios com carinho, mas meu corpo ainda queimava de desejo.

Leonardo retribuiu o beijo de imediato, aprofundando-o com a posse de um homem que sabia exatamente o que queria. Minhas pernas ficaram bambas.

Quando me afastei, deslizei as mãos por seu peito forte e molhado, descendo lentamente pelo seu abdômen definido.

— Prometo compensá-lo pelo seu carinho depois. — murmurei, meu olhar preso ao dele.

Leonardo riu baixo, seu sorriso predador se formando.

— Isso é uma promessa? promessa é dívida.

Deslizei os dedos suavemente por sua pele úmida, explorando seu corpo com calma.

— É uma promessa… e uma tentação.

Seus olhos brilharam em puro desejo, e antes que eu pudesse me afastar, ele me puxou novamente para seus braços, pressionando nossos corpos nus.

— Minha garota malvada… — Ele rosnou contra meu pescoço, mordiscando minha pele, arrancando um gemido baixo dos meus lábios.

— Leonardo…

— Não me provoca, ou não vamos sair desse banheiro tão cedo.

O calor percorreu meu corpo inteiro, mas antes que ele pudesse realmente me atacar, ri suavemente e escapei de seus braços.

— Então acho melhor terminarmos o banho… por enquanto.

Ele bufou, me olhando com um brilho intenso nos olhos.

— Você vai pagar por isso depois.

Senti um arrepio delicioso percorrer minha pele com sua promessa. E eu mal podia esperar para cumprir minha palavra.

Mas eu não podia me prender àquele momento.

Tinha algo muito mais importante para resolver.

Eu me despedi de Leonardo com um beijo rápido e saí apressada, diretamente para encontrar a mulher que eu um dia chamei de mãe.

Mas, antes, enviei uma mensagem para Ane, pedindo que me cobrisse no trabalho.

Eu não sabia no que estava me metendo. Mas precisava enfrentar Isabel.

O ar estava pesado quando cheguei no endereço que ela me passou. Meu estômago estava revirado, e um arrepio percorreu minha espinha ao ver Isabel parada ao lado de seu carro, me esperando.

Ela estava impecável como sempre, vestindo um blazer elegante e salto alto, como se estivesse indo para uma reunião de negócios — e não para negociar a vida do próprio marido.

Cruzei os braços, mantendo minha expressão firme.

— Cadê meu pai?

Ela arqueou uma sobrancelha, um sorriso falso surgindo nos lábios.

— Ah, Mariana… Sempre tão impaciente.

— Eu não tenho tempo para seus jogos, Isabel. — rosnei. — Onde ele está?

Ela suspirou dramaticamente.

— Muito bem. Vamos direto ao ponto, então.

Ela se aproximou, seu olhar frio cravado no meu.

— Se quiser seu pai de volta, você vai fazer exatamente o que eu mandar.

Minha mandíbula travou.

— O que você quer?

Ela sorriu, passando os dedos pelos cabelos loiros.

— Eu quero dinheiro. Muito dinheiro. Quero que Leonardo pague para ter você, Mariana.

Meu corpo gelou.

— O quê?

— Isso mesmo que você ouviu. Leonardo está caído por você. Ele faria qualquer coisa para te manter ao lado dele. E você, minha querida filha, será minha moeda de troca. Ou acha que sou tão idiota, que não sei o que você faz por trás das minhas costas? Quem diria, trocou o filho pelo pai mais rico, você é bem esperta.

— Você está completamente louca. — eu cuspi, sentindo a raiva ferver dentro de mim.

Ela ignorou minha revolta e deu de ombros.

— Essas são as minhas condições. Leonardo tem dinheiro. E eu quero muito dele. Se não fizer o que estou pedindo… — Ela fez uma pausa dramática antes de completar — Seu pai morre.

Meus olhos se arregalaram.

— Você está me ameaçando?

— Eu apenas estou te dando uma escolha, querida.

Minha respiração estava descontrolada.

Fechei os punhos ao lado do corpo.

— Antes de qualquer coisa, quero ver meu pai.

Ela riu.

— Eu sabia que diria isso.

E então, me guiou até um local onde ela mantinha meu pai preso.

O cheiro de mofo e sujeira tomou conta do meu nariz assim que Isabel abriu a porta do velho galpão. O lugar estava sujo, cheio de poeira, com paredes descascadas e chão de cimento.

E então, meu coração se partiu.

Ali, no meio daquele inferno imundo, meu pai estava deitado em um colchão velho e surrado.

Ele estava abatido, seus olhos fundos e sem brilho. No chão havia algumas panelas velhas, uma com água e outra com resto de comida, como se ele fosse um cachorro.

— Papai… — minha voz saiu trêmula enquanto corri até ele, caindo de joelhos ao seu lado.

— Mariana… Mariana — ele murmurou, sua voz fraca.

Lágrimas escorreram pelo meu rosto enquanto eu segurava suas mãos.

— Eu vou tirar você daqui, eu juro!

Isabel bufou atrás de mim.

— Já chega dessa cena ridícula.

Olhei para ela com ódio.

— Como você pôde fazer isso com ele?! Ele é seu marido.

Ela revirou os olhos.

— Ele já está velho, Mariana. Olha para ele, é um fardo que ninguém merece carregar.

O nojo que senti por aquela mulher foi além do que eu poderia descrever.

— Você é um monstro.

Ela sorriu.

— Pode me chamar do que quiser. Mas ou você aceita o meu acordo, ou ele morre. — ameaçou ela, tirando uma arma de dentro da bolsa, apontando para mim. Ela pegou um papel e uma caneta, e jogou nos meus pés — Anda, assina esse acordo. — continuou apontando a arma para mim. — Anda logo, fedelha maldita — gritou.

Minha mente girava, tentando pensar em uma saída. Mas, meu pai Antony que mal conseguia se mover, de repente ficou de pé com uma força que eu não esperava.

Ele cambaleou, mas se colocou entre mim e Isabel.

— Eu nunca vou deixar você machucar minha filha, seu monstro maldito. — Ele foi para cima dela, agarrou suas mãos lutando para desarma-la.

— Papai ... — tentei impedir que algo ruim acontecesse.

Então um barulho ecoou pelo galpão, um tiro.

Meu coração parou. Meu pai cambaleou.

— PAPAI!

Ele caiu nos meus braços, sangue escorrendo de sua barriga.

Minha visão ficou turva.

— NÃO! Papai, por favor, fica comigo!

Minha mão pressionou o ferimento, tentando estancar o sangue.

— SOCORRO! ALGUÉM AJUDA!

— Eu... Eu não queria... Não queria matar ele... — Isabel tentou explicar. Ela estava apavorada, olhando para o sangue em suas mãos.