Eu estava sentada no sofá da casa de Ane, encarando o nada, tentando pensar no que fazer com a minha vida a partir daquele momento.
O divórcio estava assinado, eu não era mais a esposa de Eduardo. Mas isso não significava que estava livre das consequências do que fiz.
Jogar fogo no carro dele foi um ato de libertação, mas também foi uma mensagem clara: eu não sou mais aquela mulher submissa e frágil que ele podia controlar.
Agora, o que me restava? Para onde eu iria? Como seguiria minha vida daqui para frente?
Minha cabeça estava cheia de dúvidas quando Ane entrou na sala, ainda enrolada em uma toalha, os cabelos molhados pingando sobre os ombros.
— Vamos a uma boate. — Ela anunciou, com um sorriso travesso.
Franzi a testa.
— O quê?
— Isso mesmo. Vamos dançar, mexer os esqueletos. Essa tristeza não faz bem aos nossos lindos ossos. Vamos comemorar essa noite, no nosso grande estilo.
Suspirei, cruzando os braços.
— Comemorar o quê, Ane?
Ela revirou os olhos e apontou um dedo para mim.
— Ah, não faz essa cara de cachorro abandonado. Vamos comemorar seu divórcio, que foi um verdadeiro livramento, e sua vingança maravilhosa. Você tacou fogo no carro do Eduardo!
Não consegui evitar um sorriso ao lembrar da cena.
— Ele mereceu.
Ane riu alto.
— Mereceu e muito! Eu quase me urinei de tanto rir quando você ameaçou tacar fogo nele também. O idiota ficou branco feito papel.
Dessa vez, caímos na gargalhada juntas.
Eu não sabia se a adrenalina do momento ainda estava em mim ou se simplesmente estava cansada de me sentir presa ao passado, mas, pela primeira vez em anos, a ideia de sair, de fazer algo por mim, parecia tentadora.
— Vamos. — Eu disse, decidida.
Ane bateu palmas, empolgada.
— É isso que eu queria ouvir! Vai tomar banho e se preparar. Hoje a noite é nossa!
No banheiro, tomei um banho demorado.
Deixei a água quente escorrer pelo meu corpo, tentando lavar todas as angústias dos últimos dias. Lavei meus cabelos com calma, ensaboei meu corpo e cuidei de cada detalhe da minha higiene.
Quando saí do banho, enrolei uma toalha no corpo e outra no cabelo, indo até o quarto para me arrumar.
Ane já estava sentada na cama, mexendo no celular, mas assim que me viu, jogou o aparelho de lado.
— Hora de te transformar em uma deusa, Mariana.
Sorri, balançando a cabeça.
— Vamos ver o que você tem em mente.
Ela foi até o armário e puxou um vestido vermelho vibrante, justo, de alças finas e com um decote que valorizava os seios. O tecido colava no corpo, destacando as curvas.
— Isso é um pouco ousado demais, não acha? — Questionei, segurando a peça entre os dedos.
Ane cruzou os braços.
— Você tem um corpo lindo, Mariana. Só ficou escondido tempo demais. Hoje, você vai ser notada.
Mordi o lábio inferior. Então pensei no Eduardo.
Ele nunca me olhou com desejo. Nunca me fez sentir bonita. Mas hoje… hoje não era sobre ele.
Hoje era sobre mim.
Peguei o vestido e fui vesti-lo. Quando me olhei no espelho, fiquei sem palavras. Eu estava incrível.
O tecido vermelho se ajustava perfeitamente ao meu corpo, realçando minhas curvas de forma elegante e sensual. O decote dava um toque provocante, sem ser vulgar.
Ane me avaliou e sorriu satisfeita.
— Agora só falta a finalização. Sente-se para que eu possa fazer sua maquiagem.
Obedeci, sentando-me na frente da penteadeira.
Ela começou pelo primer, aplicando uma base que deixou minha pele uniforme e impecável. Depois veio o contorno, realçando as maçãs do rosto. Os olhos ganharam um esfumado preto, sensual e intenso, combinando com um delineado afiado que alongava meu olhar.
Nos lábios, um batom vermelho mate, que destacava ainda mais a sensualidade da maquiagem. Quando terminou, Ane deu um passo para trás, orgulhosa do trabalho.
— Pronto. Você está um espetáculo. Eduardo se mataria se te visse assim.
Soltei um riso baixo.
— Não é por ele que estou fazendo isso.
Ela sorriu.
— Assim que se fala. Agora, o cabelo.
Optamos por deixá-lo solto, com ondas naturais caindo sobre meus ombros. Para finalizar, Ane me entregou um par de sandálias douradas de salto fino e um pequeno bracelete que combinava com os brincos que ela separou.
Quando me olhei no espelho pela última vez, um frio percorreu minha espinha.
Eu estava diferente. Eu me sentia diferente.
Pela primeira vez, olhei para mim mesma e vi uma mulher livre.
Ane pegou sua bolsa e me puxou pela mão.
— Agora, vamos para a nossa noite de glória!
Sorri, sentindo uma animação genuína crescer dentro de mim.
Hoje, eu não pensaria em Eduardo. Hoje, eu não pensaria em vingança ou dor. Hoje, eu apenas seria Mariana.
E isso era libertador.
A música vibrava no ambiente, o som alto reverberando pelo chão enquanto luzes coloridas piscavam pelo salão lotado. Pessoas dançavam, bebiam e riam ao meu redor, todas imersas na energia da noite.
Eu tentava entrar no clima. Tentava me entregar àquela atmosfera despreocupada e libertadora. Mas algo me dizia que essa sensação não duraria muito tempo.
E eu estava certa.
Meu corpo paralisou no momento em que meus olhos encontraram Leonardo.
Estava ali, no meio de um grupo de homens bem-vestidos, segurando um copo de uísque na mão, parecendo completamente confortável naquele ambiente.
E, ainda assim, intenso e letal.
O ar ao meu redor pareceu escasso.
Ele não me tinha visto ainda. Estava distraído, ouvindo algum comentário feito pelos homens ao seu redor. Mas os outros… Os amigos dele me viram.
E foi só uma questão de segundos para um deles cochichar algo em seu ouvido.
O mundo pareceu desacelerar no instante em que Leonardo virou o rosto na minha direção.
E então, seus olhos me encontraram.
Eu senti a eletricidade percorrer meu corpo.
Um choque.
Um aviso.
Merda.
— Vamos dançar! — disse Ane, puxando minha mão, sem perceber o que estava acontecendo.
A vontade de fugir veio como um instinto primitivo.
— Vá lá, eu só vou rapidinho ao toalete. — Murmurei, soltando sua mão.
Mas já era tarde demais.
Os homens ao lado de Leonardo continuaram me encarando, o que fez com que ele me analisasse também. E então veio o momento em que seus olhos deslizaram por mim.
Dos meus cabelos soltos ao vestido justo que abraçava minhas curvas.
O olhar dele era predatório.
Meus pulmões pareceram não funcionar por um segundo.
Eu não esperei para ver a reação.
Girei nos calcanhares e desapareci no meio da multidão.
— Merda. — Praguejei baixinho, empurrando-me entre as pessoas na pista de dança.
Meu coração batia acelerado, cada célula do meu corpo em alerta.
Leonardo voltou.
E agora, ele sabia que eu estava aqui.
Entrei no toalete feminino, me fitei no espelho somente para ver minhas bochechas bem coradas. Meu coração faltava sair pela boca.
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Atualizado até capítulo 40
Comments
Marilena Yuriko Nishiyama
Mariana não sei se vc sentiu algo,mas o Leonardo te quer como uma mulher 🤭🤭,se fosse eu nem pensaria mais em nada e me entregaria aos seus braços 😁😁
2025-03-24
7
Rosiane Alves
Mariana não seja besta.
Mostre para o Eduardo e a todos os outros , a mulher que vc é.
2025-03-26
2
Maria Sena
Noooossa mãe, preparem-se meninas, contagem regressiva para a caçada do gato e a gata. Já sinuosa imaginando esse deus grego usando suas habilidades sexuais. AUUUUUU!!! 😜😜😜😜
2025-03-25
1