Capítulo 13

Quando o mesmo homem bem vestido me chamou na porta e estendeu as flores e o pequeno envelope, meu coração bateu mais forte. Peguei o buquê e abri o cartão.

"Mariana, espero que aceite jantar comigo esta noite. Não há expectativas, apenas uma conversa entre duas pessoas adultas. Por favor, não me negue a honra de ter sua companhia nesta noite."

Leonardo.

Meus olhos percorreram aquelas palavras uma, duas, três vezes. Eu sabia que deveria ignorar, fingir que não vi, colocar essas flores na lata do lixo e seguir minha vida.

Mas eu não fiz nada disso.

Guardei o cartão dentro da bolsa, apoiei as flores sobre a mesa e saí para o trabalho, tentando ignorar o peso da decisão que teria que tomar até a noite.

O dia no trabalho passou arrastado. Mesmo atendendo os clientes, servindo café e limpando mesas, minha mente não saía daquele convite.

Era só um jantar.

Mas eu sabia que não era só isso. Não com Leonardo.

Cada vez que meu celular vibrava no bolso do avental, eu achava que era ele. Ele não tem meu número, mas também eu não substimava que ele pudesse conseguir, como conseguiu o endereço de onde eu estava ficando.

Será que ele tinha tanta certeza assim de que eu aceitaria?

Quando meu turno terminou, voltei para casa com a mente em turbulência. Ane estava na sala quando entrei.

— Você parece nervosa.

Coloquei a bolsa no sofá e suspirei.

— Leonardo me convidou para jantar.

Ela arregalou os olhos.

— E você aceitou?

Mordi o lábio.

— Ainda não decidi.

Ela sorriu de lado.

— Decidiu sim. Você só não quer admitir.

Bufei e fui para o quarto sem responder.

Joguei-me na cama e encarei o teto. Eu podia ignorar, podia fingir que não recebi o convite, mas a verdade era que… eu queria ir.

Aceitar esse jantar significava abrir uma porta que talvez eu não conseguisse mais fechar. Mas rejeitá-lo significava continuar mentindo para mim mesma.

Fechei os olhos e respirei fundo. Quando os abri, já sabia minha resposta.

Levantei-me, peguei um vestido preto no armário e entrei no banheiro para tomar banho. Deixei que a água lavasse minha hesitação junto com a espuma do sabonete. Sequei-me, arrumei os cabelos soltos e passei uma maquiagem leve.

Vesti o vestido preto justo e elegante, que abraçava minhas curvas sem ser vulgar. Um par de saltos discretos e um perfume suave completaram tudo.

Quando me olhei no espelho, soube que não havia mais volta. Peguei as chaves do carro de Ane, minha bolsa e saí do quarto. Ane me olhou de cima a baixo e sorriu satisfeita.

— Eu sabia.

— Fofoqueira... — brinquei — não me espere acordada.

— Sei que não, aproveite bem, e dê bastante.

— Safada! Mente poluída. — resmunguei.

Revirei os olhos e saí antes que ela falasse mais alguma coisa.

Meu coração disparava a cada quilômetro que me aproximava do restaurante. Minhas mãos suavam no volante, e minha respiração estava pesada.

Quando estacionei na frente do restaurante, tentei respirar fundo, mas nada acalmava meu peito acelerado.

Eu estava prestes a vê-lo.

O maître me conduziu até a área reservada. O ambiente era aconchegante, iluminado por velas, elegante, mas discreto.

E então eu o vi.

Leonardo estava sentado, segurando uma taça de vinho, olhando diretamente para mim.

Meus joelhos fraquejaram.

Ele estava impecável no terno azul-escuro, sem gravata, a camisa levemente aberta. Seus cabelos estavam penteados perfeitamente, e a barba alinhada destacava ainda mais a força do seu maxilar.

Ele exalava poder, confiança e aquele magnetismo que me fazia querer correr.

Mas eu não corri.

Porque assim que nossos olhos se encontraram, eu soube que não havia mais volta.

Leonardo sorriu de lado e se levantou lentamente, mantendo o olhar preso ao meu.

— Você veio.

— Aparentemente, sim.

Ele estendeu a mão, eu pensei um pouco antes de segurá-la. Seu toque era quente, firme. Minha pele reagiu instantaneamente. Ele guiou-me até a cadeira e puxou-a para que eu me sentasse.

— Obrigada. — Murmurei.

Ele se acomodou de volta em seu lugar, e um silêncio pesado se instalou entre nós. O garçom apareceu, servindo-me uma taça de vinho antes de sair novamente.

Leonardo ergueu sua taça.

— Um brinde.

Olhei para ele, desconfiada.

— Ao quê?

Seu sorriso se alargou.

— A reencontros inevitáveis, e a sua beleza bebê. Está maravilhosamente linda como sempre.

— Você também não está nada mal. — elogiei, e ele sorriu.

Toquei minha taça na dele antes de levar o vinho aos lábios. O líquido desceu quente pela minha garganta.

As horas se passavam, a conversa fluía naturalmente enquanto o garçom servia o jantar. Leonardo pediu um filé ao molho madeira com risoto de parmesão, e eu optei por um salmão grelhado com purê de batata trufado. O aroma delicioso da comida preenchia o ar, tornando o ambiente ainda mais convidativo.

— Boa escolha. — Ele comentou, observando meu prato antes de pegar seus talheres.

— Achei que você fosse pedir algo mais extravagante. — Brinquei, cortando um pedaço do salmão.

Ele mostrou um sorriso ladino.

— Extravagância demais estraga a experiência. Prefiro a sofisticação no equilíbrio certo.

A forma como ele falava fazia tudo parecer mais intenso. Leonardo tinha um jeito de transformar até os momentos mais simples em algo grande e memorável.

Saboreamos o jantar com calma, aproveitando a refeição. O vinho continuava fluindo, e conforme o tempo passava, eu me sentia mais leve, mais relaxada. A tensão inicial que eu carregava ao chegar ali havia se dissipado.

Bebi mais um gole do vinho, sentindo o calor da bebida me aquecer por dentro.

— Preciso admitir, Leonardo… — soltei, encarando-o. — Não esperava que essa noite fosse tão agradável.

Ele arqueou uma sobrancelha, divertido.

— E o que você esperava?

— Não sei… Algo mais sério. — dei de ombros, brincando com a borda da taça.

Ele se inclinou levemente para frente, seu olhar fixo em mim.

— Não é só porque você me ver sério, que levo a vida o tempo inteiro da mesma forma. Sou divertido até.

— E como posso ter certeza disso? — provoquei.

— A resposta está bem diante de você. Só precisa parar de fugir dela.

Minha respiração falhou por um segundo. Ele falava como se soubesse exatamente o que se passava na minha cabeça. E talvez soubesse.

Antes que eu pudesse responder, uma música suave começou a tocar no restaurante. O ambiente já era intimista, mas aquela melodia fez tudo parecer ainda mais intenso.

Leonardo colocou sua taça de vinho sobre a mesa e se levantou.

— Dance comigo.

— O quê?

Ele estendeu a mão.

— Venha.

Meu corpo inteiro ficou tenso.

Dançar com Leonardo Vasconcellos? Ali? Agora?

Meu olhar foi para sua mão estendida. Eu poderia recusar. Poderia me esquivar. Mas então seus olhos encontraram os meus novamente.

Coloquei minha mão na dele.

Ele a segurou firme, puxando-me delicadamente para perto. Seus dedos quentes envolveram os meus, e uma onda de eletricidade percorreu minha pele, quando sua outra mão tocou o meio das minhas costas, no mesmo instante minha respiração falhou. Ele me guiou com naturalidade, seu toque firme, mas sem pressa.

— Relaxe. — Ele murmurou perto do meu ouvido.

Como se fosse fácil.

Estar tão perto dele, sentir o calor do seu corpo, o leve cheiro amadeirado do seu perfume… tudo isso me deixava fora de controle. Não há como relaxar.

— Você estava com medo de jantar e dançar comigo, mas teve muita coragem de tocar fogo no carro de Eduardo.

Meu coração deu um salto.

Ele sabia.

Meu corpo ficou tenso, mas Leonardo apenas riu baixo, como se achasse aquilo fascinante.

— Gostaria de saber o que se passou pela sua cabeça naquele momento.

Desviei o olhar e tentei desconversar.

— Só me cansei de tudo, e resolvi dar uma lição nele.

Ele não insistiu, apenas me observou com curiosidade, como se já soubesse que havia muito mais por trás daquilo.

Continuamos dançando, e conforme os minutos passavam, eu comecei a me soltar. O vinho, a música, o ambiente… tudo parecia contribuir para que eu deixasse a resistência de lado.

Aquela era a primeira vez em muito tempo que eu me permitia simplesmente sentir.

E Leonardo sabia exatamente como me conduzir.

Seus movimentos eram suaves, firmes. Seu olhar, sempre intenso. Ele me girou lentamente, e quando voltei para seus braços, nossos rostos ficaram perigosamente próximos.

O ar entre nós ficou pesado.

Minhas mãos estavam sobre seus ombros, e seus dedos se apertaram um pouco mais em minhas costas. Seus olhos castanhos desceram para minha boca.

Por um segundo, o mundo ao nosso redor desapareceu. Não havia restaurante. Não havia música. Apenas ele e eu.

Tão perto, tão errado, tão inevitável.

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Comments

Neta Souza

Neta Souza

ou beijo tão esperado e tão demorado cai logo de boca e beija ele ai você vai saber o que e ter um homem de verdade e ser amada 🧐😍

2025-03-25

8

Maria Sena

Maria Sena

Nossa, não tem nem como pensar em parar, a cada capítulo a perspectiva de rolar o tão esperado rala e rola fica mais e mais forte. E a ansiedade já fica a mil volts. EITA, EITA E MAIS EITA. /Tongue//Tongue//Tongue//Tongue/

2025-03-26

2

Rosiane Alves

Rosiane Alves

Mariana permita-se a ser feliz.
Não importa se ele era seu sogro.
Até porque seu casamento era de fachada.

2025-03-26

2

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