Eu não sabia exatamente em que momento do jantar perdi o controle da situação.
Talvez tenha sido no instante em que segurei sua mão para dançarmos. Ou quando senti seu corpo colado ao meu, quente, frágil e ao mesmo tempo resistente. Ou talvez tenha sido agora, com nossos rostos tão próximos que eu podia sentir sua respiração entrecortada roçando contra minha pele.
O tempo parou.
Meus olhos desceram para sua boca. Tão perto.
Mariana estava tensa em meus braços. Eu sabia que deveria soltá-la, dar um passo para trás, mas não consegui. Eu não queria.
Ela mordiscou o lábio inferior, e meu maxilar se enrijeceu.
Porra de tentação.
Eu queria saborear aquela boca. Agora.
Mas não podia beijá-la, não assim.
— Se continuar me olhando assim, Mariana, eu juro que não vou conseguir me segurar — sussurrei, minha garganta seca. Estava sentindo sede, não sede de água, mas dos lábios dela.
Ela estremeceu. Um arrepio percorreu seu corpo, e senti sua respiração vacilar. Mas, no segundo seguinte, Mariana recuperou o controle e recuou um passo. Ainda em negação.
Ela piscou algumas vezes, desviando o olhar, claramente tentando recompor-se.
— Eu… Acho que preciso ir ao toalete.
Ri baixo. Típico. Sempre fugindo.
— Claro.
Ela se afastou sem me olhar, e eu a observei caminhar para o toalete. Soltei um suspiro pesado e esfreguei o rosto com a mão livre.
Que diabos essa mulher estava fazendo comigo?
Eu não era um adolescente apaixonado. Eu nunca me sentia assim por ninguém. Mas com ela tudo parecia diferente.
Terminei meu vinho de uma vez, tentando recuperar o controle dos meus pensamentos.
Mas então algo me chamou a atenção.
Na mesa um pouco distante dos toalete, dois homens olhavam descaradamente para Mariana enquanto ela passava. Um deles inclinou-se para o outro e murmurou algo, e ambos riram de forma baixa e maldosa, enquanto voltaram o olhar para ela. Claramente para a bunda dela.
Idiotas.
Minha paciência desapareceu no mesmo instante. Eu não gostava de ser desrespeitado. Muito menos de ver Mariana sendo alvo desse tipo de olhar.
Deixei minha taça sobre a mesa e me levantei, ajeitando os punhos do paletó antes de caminhar até eles.
— Vejo que vocês se divertiram bastante olhando para a bunda da minha mulher.
Os dois congelaram, suas expressões mudando no mesmo instante.
— Ahn… desculpe, senhor. Não sabíamos…
Inclinei-me levemente, apoiando as mãos na mesa deles e olhando diretamente em seus olhos.
— Agora sabem. E mesmo que não soubessem, não deveriam olhar para as mulheres dessa forma. Todas merecem respeito, Independente de raça e cor.
Um deles engoliu em seco e rapidamente desviou o olhar. O outro apenas assentiu, visivelmente desconfortável.
Satisfeito, dei um passo para trás.
— Bom jantar, senhores.
Virei-me e voltei para minha mesa, recostando-me na cadeira exatamente no momento em que Mariana retornava.
Ela se sentou, pegando sua taça de vinho sem perceber o que havia acontecido.
— O que foi? Porque está me olhando assim? — indagou.
Apenas sorri de lado, observando que ela havia retocado o batom.
— Estava admirando você!
Ela corou, balançou a cabeça e bebeu mais um gole do vinho. Eu a observava atentamente enquanto ela terminava mais uma taça de vinho. Seus movimentos eram elegantes, despreocupados, como se estivesse no controle da situação.
— Não deveria beber mais. — murmurei, inclinando-me levemente sobre a mesa.
Mariana ergueu uma sobrancelha e girou a taça entre os dedos antes de dar mais um gole.
— Não se preocupe, não fico bêbada tão rápido.
Sorri.
— Isso é um desafio?
Ela pousou a taça e cruzou os braços, o olhar travesso me analisando.
— É uma constatação.
Soltei um riso baixo.
Após mais alguns minutos de conversa e vinho, chamei o garçom e paguei a conta. Mariana já estava relaxada, a tensão inicial do jantar completamente dissipada. Eu gostava de vê-la assim, mais solta, sem a barreira que insistia em manter entre nós.
Levantei-me e fui até sua cadeira, puxando-a para que se levantasse.
— Vamos?
Ela pegou sua bolsa e assentiu, seus olhos buscando os meus por um instante antes de desviar. Saímos do restaurante em silêncio, o ar noturno envolvendo nossos corpos com um leve frescor.
Parei ao lado do meu carro, observando enquanto ela destrancava o veículo, acho que pertencia à amiga dela.
— Ainda é cedo. — murmurei, chamando sua atenção.
Ela franziu o cenho.
— Sim, mas aproveitei bastante. Obrigada!
Cruzei os braços, mantendo o olhar fixo no dela.
— Venha até meu apartamento. Podemos tomar mais alguma coisa e aproveitar melhor a noite. O que acha?
— E por que eu faria isso? — sua voz soou firme, mas havia algo mais ali. Curiosidade. Um pouco de receio. Um pouco de desejo.
Me aproximei um pouco mais, reduzindo a distância entre nós.
— Porque você quer. Não vou morder você Mariana, não sou tão perigoso assim.
Ela mordeu o lábio.
— Eu vou no meu carro. — disse, destrancando a porta do veículo.
— Nos encontraremos lá. — assenti, satisfeito com sua resposta.
Ela entrou no carro e deu a partida, e eu fiz o mesmo, seguindo para meu apartamento.
A noite ainda não tinha acabado. E eu pretendia aproveitá-la ao máximo. Claro, sem obriga-la a nada, tudo no seu tempo. Eu só queria que ela se sentisse à vontade comigo.
Satisfeito, acelerei o carro, mantendo um ritmo confortável para que Mariana me seguisse.
Assim que estacionei na garagem do meu prédio, saí do carro e caminhei até o dela. Mariana desligou o motor, mas permaneceu sentada por alguns segundos, os olhos fixos no painel.
Apoiei a mão no teto do carro e me inclinei levemente.
— Mudou de ideia?
Ela suspirou e me encarou.
— Não.
Sorri.
— Então venha.
Ela pegou sua bolsa e saiu do carro, suas pernas longas e graciosas sob a luz amarelada da garagem. Com um gesto simples, indiquei a entrada do elevador privativo. Ela hesitou por um segundo, depois me seguiu sem dizer nada.
Eu sentia sua respiração acelerada, o leve rubor em suas bochechas.
A porta do elevador se abriu diretamente para a minha cobertura. Mariana entrou primeiro, olhando ao redor com uma expressão neutra, mas seus olhos entregavam a surpresa.
— Bonito. — disse, passando os dedos sobre o balcão da cozinha.
— Obrigado.
Fechei a porta e caminhei até o bar, pegando uma garrafa de vinho e duas taças.
— Prefere vinho ou algo mais forte?
Ela se aproximou lentamente, os saltos tilintando no chão de mármore.
— Acho que já bebi vinho demais hoje.
Sorri, servindo os dois copos com uísque puro. Estendi um para ela e, quando suas mãos tocaram a taça, segurei seus dedos por um segundo a mais do que deveria.
Ela não disse mais nada, apenas levou o copo aos lábios e tomou um gole.
Eu a observei por cima do meu próprio copo.
— Por que me trouxe aqui, Leonardo? — sua voz soou mais baixa do que antes. — Creio que não seja somente para bebermos.
Inclinei a cabeça, analisando-a.
— Porque quero que você entenda que não precisa fugir de mim.
— E você acha que eu fujo?
— O tempo todo.
Ela não negou.
Dei um passo para mais perto, reduzindo a distância entre nós. Ela não se afastou.
— E agora? Ainda quer fugir?
O silêncio dela me deu a resposta. Não, ela não fugiria.
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Atualizado até capítulo 40
Comments
Marilena Yuriko Nishiyama
Leonardo quando quer uma mulher não mede esforços e Mariana pare de fugir dele,pois vejo que seus sentimentos são mútuo
2025-03-24
8
Rosilene Narciso Lourenco Lourenco
a história é tão apaixonante que você começa a ler e não vê as horas se passando, e quando percebe não consegue parar porque um capítulo termina puxando você para o outro.
2025-03-26
2
Gislaine Duarte
ela tem q aproveita esse monumento de homem
2025-03-28
1