Minha rotina continuava a mesma de todos os dias. Trabalho e casa. O ciclo se repetia sem nenhuma mudança, e eu sentia o peso disso cada vez mais.
Mas agora, eu estava completamente sozinha.
Leonardo havia retornado para os Estados Unidos. Segundo uma das funcionárias, ele saiu no dia seguinte ao almoço e embarcou sem dizer quando voltaria. Eu não sabia se ele ainda voltaria. Não sabia se algum dia ele realmente quis voltar.
E agora, com sua ausência, a casa parecia ainda mais vazia.
Já se passaram três dias e, nesses três dias, Eduardo não voltou para casa. Não ligou, não mandou mensagens, não se preocupou em fingir que tínhamos um casamento. O que me levou a concluir que ele estava exatamente onde queria estar: nos braços da mulher que ele jogou na minha cara que ainda amava.
E eu?
Eu estava cansada, cansada dessa vida, cansada de lutar contra algo que nunca foi real.
O dinheiro que eu ganhava no trabalho mal era suficiente para cobrir as despesas médicas do meu pai na clínica. E para completar, Eduardo parou de pagar os funcionários da casa. Um a um, todos começaram a se demitir.
E agora, eu estava sozinha naquela casa enorme.
Sem funcionários, sem ajuda, sem ninguém.
Além do trabalho no restaurante, agora eu mesma fazia o café, o almoço e o jantar. Eu limpava a casa inteira, dormia tarde, acordava cedo. Ia para o trabalho exausta. E assim os dias foram passando.
A solidão e a rotina começaram a me consumir lentamente.
Hoje é sábado, o único dia da semana em que eu não trabalhava.
Aproveitei para fazer o que mais importava para mim: visitar meu pai na clínica.
Peguei o pouco dinheiro que restava e fui direto para lá. Eu sabia que tinha parcelas atrasadas e já me preparava para lidar com os olhares acusadores das recepcionistas.
Mas, quando cheguei na recepção e me aproximei do balcão para fazer o pagamento, a enfermeira me olhou de forma estranha.
— Mariana, sua conta já está quitada.
Minhas sobrancelhas se franziram imediatamente.
— Como assim?
A mulher virou o monitor para ela, digitando algo no sistema antes de confirmar:
— Todas as despesas médicas foram pagas. Inclusive as contas parceladas que estavam em atraso.
Meu coração deu um salto no peito.
— Quem pagou?
Ela analisou a tela por alguns segundos, depois franziu a testa.
— Estranho… o pagamento foi feito de uma conta particular, mas não tem nome registrado.
Meu estômago revirou.
Isso não fazia sentido.
Ninguém além de mim pagava essas contas. Eduardo nunca fez questão de sequer perguntar como estava meu pai. Minha mãe? Ela não se importava.
Então… quem?
Ainda pensando sobre isso, caminhei pelos corredores da clínica até o quarto onde meu pai estava internado.
Meu coração acelerou um pouco ao abrir a porta e vê-lo deitado na cama, olhando para a janela, com um ar sereno.
Ele virou o rosto assim que me viu. Um sorriso pequeno apareceu em seus lábios.
— Filha…
Sempre que eu o via, sentia uma mistura de sentimentos. Saudade. Dor. Medo.
— Oi, pai. Como você está?
— Melhor, agora que você está aqui.
Sorri, tentando conter a emoção. Caminhei até ele e segurei sua mão.
— Precisa de alguma coisa?
Ele negou levemente.
— As enfermeiras cuidam bem de mim.
Assenti, ainda tentando entender o que estava acontecendo.
Apertei a mão dele um pouco mais forte antes de perguntar:
— Pai… alguém veio te visitar nos últimos dias?
Ele me olhou de um jeito curioso.
— Não, filha. Só você.
Se não foi minha mãe… e não foi Eduardo… Quem pagou todas as despesas da clínica? E, mais importante… Por quê?
Quando voltei para casa, já na parte da noite, o silêncio me envolveu como sempre. Abri a porta e me deparei com Eduardo sentado no sofá da sala, com as pernas cruzadas, um copo de uísque na mão e um olhar que imediatamente me colocou em alerta.
Seu semblante estava leve demais. Relaxado demais. Ele já havia tomado banho, vestia uma roupa casual, pronto para sair, como se fosse a um encontro. Depois de dias sem ver ele, estava ali na minha frente, como se não tivesse acontecido nada.
Assim que fechei a porta, ele falou:
— Estava te esperando.
— Para quê?
Ele inclinou a cabeça para o lado, um sorriso irônico se formando em seus lábios.
— Você quase destruiu a minha vida, sabia disso? Sabia que meu pai ficaria ao seu lado, não é? Foi correndo meter na cabeça dele que sou uma ovelha negra.
Franzi a testa.
— Do que está falando?
Eduardo se levantou lentamente, pegando o copo de uísque e girando o líquido dentro dele como se estivesse saboreando a própria raiva.
— Meu pai me ligou e disse que sou um miserável, que deixei minha própria mulher trabalhar em uma cafeteria em vez de dar a ela uma mesada e um cartão de crédito sem limite.
Ele riu, mas não era uma risada de diversão, era de escárnio.
Ele largou o copo sobre a mesa de centro e veio em minha direção, seus passos calmos, porém ameaçadores.
Meu coração acelerou.
— Eduardo, eu nunca falei nada para ele.
— Ah, não?
— Não!
— Então como diabos ele descobriu?!
Antes que eu pudesse responder, senti o impacto seco da mão dele contra meu rosto.
A dor queimou imediatamente, e um choque percorreu meu corpo.
— Seu desgraçado! — gritei, levando a mão ao rosto, sentindo o gosto metálico do sangue na boca.
Mas Eduardo não parou. Ele me agarrou pelos cabelos, puxando-me brutalmente em sua direção.
— Você acha que pode fazer o que quiser?! Que pode virar meu pai contra mim?! E ainda se acha no direito de me xingar?
Eu lutei contra a dor, tentando arrancar suas mãos dos meus cabelos, mas ele me arrastou escada acima, sem me dar tempo de reagir.
Meu couro cabeludo ardia, minha respiração estava entrecortada.
Ele estava descontrolado.
Ao chegarmos ao quarto, Eduardo me jogou com força na cama. Meu corpo bateu contra o colchão, mas antes que pudesse me recompor, ele já estava sobre mim.
O primeiro soco veio rápido, certeiro. A dor explodiu pelo meu rosto.
— Eu sou seu marido, porra! Você deveria ser leal a mim!
Outro soco.
Meu corpo se contraiu com o impacto, e lágrimas de dor e ódio escorriam pelo meu rosto.
— Seu velho desgraçado já tá no ponto de morrer!
Meus olhos se arregalaram, ele estava falando do meu pai.
— Se você for até a polícia… se você sequer tentar contar a alguém sobre isso… — Outro soco. Eu solucei. Meu corpo inteiro estava dormente. — Eu mato seu pai na mesma hora.
A ameaça dele gelou meu sangue.
Eduardo se afastou apenas o suficiente para pegar um papel dobrado sobre a cômoda.
Com um sorriso cruel, jogou sobre mim.
— Assina essa merda e sai logo dessa casa.
Minha visão estava embaçada, mas pude ler as palavras na folha.
Divórcio.
Ele queria se livrar de mim. Meus olhos subiram até ele.
— Você realmente acha que pode me chutar assim? — minha voz saiu falha, mas carregada de ódio.
Eduardo riu.
— Eu não acho, Mariana. Eu tenho certeza.
Pegou a caneta, jogou ao meu lado e se inclinou sobre mim.
— Essa casa não lhe pertence. Nunca pertenceu. Então saia imediatamente daqui. Quando eu voltar, não te quero mas aqui, se me desobedecer, te jogo pela janela desse quarto com mala e tudo, vadia.
Ele se afastou, pegando seu casaco e saindo do quarto como se nada tivesse acontecido.
A porta bateu. E eu fiquei ali, tremendo.
Assinei o divórcio, e coloquei o papel sobre a cama.
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Atualizado até capítulo 40
Comments
Marilena Yuriko Nishiyama
Eduardo seu m***a,vc pagará por tudo que fez com a Mariana,agora mais pelos socos dados a ela,seu covarde......depois se diz que é homem🤬🤬🤬,pois vc não é......espero que o Leonardo fique sabendo dessa agressão e deixe o Eduardo sem nada,na miséria para ele aprender a ser gente
2025-03-24
13
Anonyamor
Que cara escroto canalha, imprestável, covarde bater numa mulher indefesa, que não lhe trabalho algum, sempre ficando na dela e esse miserável faz isso com ela?
Seu traste você vai se arrepender amargamente por tudo isso, a se vai..... aguarde e vera
2025-03-26
2
Maria Sena
Nossa autora me diz ao onde você encontrou esse escroto de merda, e onde eu encontro ele. Vou socar as bolas dele até virar omelete e dar para os cachorros comerem. O maldito é tão ruim que é perigoso os cachorros morrerem envenenados.
2025-03-25
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