Sebastian não conseguia tirar o que aconteceu no supermercado da cabeça. A conversa com Annyh e aquele encontro inesperado com o garoto o atormentavam. Ao sair de lá, as palavras de Noah ainda ecoavam em sua mente. "Eu sou o Noah Gabriel." O nome era uma coincidência e tanto. Noah. O mesmo nome que ele. Gabriel. O nome do homem que Annyh estava casada. Algo estava errado, e ele precisava descobrir o que.
Por mais que tentasse afastar os pensamentos, as peças começaram a se encaixar. O garoto tinha quatro anos. Quatro anos... Isso batia com o tempo em que ele tinha estado fora. Ele tinha se afastado durante todo aquele período, e agora tudo parecia fazer sentido. Mas havia algo mais que o incomodava. Ele nunca imaginou que Annyh poderia ter ficado com outro homem, ainda mais enquanto estava grávida. Aquilo o deixava furioso, mas também confuso. Ele se sentia traído, mas, ao mesmo tempo, um homem racional. Não podia simplesmente ignorar os fatos.
Foi aí que ele tomou uma decisão. Mandou um dos seus homens investigar Annyh e tudo o que envolvia sua vida nos últimos anos. Não demorou muito para que as respostas começassem a surgir.
Descobriu que ela não era mais professora. Ela havia mudado de carreira, abrindo sua própria empresa, o que era um sinal claro de que ela tinha uma vida estável. Mas o que realmente mexeu com Sebastian foi saber que ela estava casada com um homem chamado Gabriel, um médico especializado em gravidez, o que explicava o cuidado com o filho dela.
Mas, então, veio o golpe final. Após investigações mais detalhadas, ficou claro para Sebastian que o garoto era dele, Noah não era filho de Gabriel. Ele sentiu uma mistura de raiva e confusão ao perceber isso. Ele não estava preparado para essa verdade, mas sabia que agora ele tinha que tomar uma atitude. Noah era seu filho, e ele não sabia de nada até aquele momento.
Ele era o pai.
Isso explicava muito sobre a reação de Annyh durante o encontro no supermercado. Ela sabia a verdade o tempo todo e tinha mantido distância dele por alguma razão que agora começava a fazer sentido. Sebastian sentia raiva de si mesmo, mas também uma necessidade urgente de corrigir sua ausência. Ele queria estar com o filho, fazer parte da vida dele. E, com isso, decidiu que ia atrás de Noah, sem mais hesitação.
Sebastian se dirigiu até a creche onde Noah estudava. Ele estava estacionado um pouco afastado, ficou ali, observando de longe o parquinho onde Noah estava brincando. A dúvida ainda martelava em sua cabeça. Ele não conseguia deixar de pensar nas coincidências que o levaram até aquele momento. O garoto com o nome dele, o tempo que batia, tudo fazia sentido. Era o seu filho.
E foi por isso que ele estava ali, naquela manhã, em frente à creche de Noah. Ele se posicionou um pouco afastado, observando o garoto brincar com outras crianças. A imagem de Gabriel, aparentemente tão envolvido e cuidadoso, mexia com ele. Ele queria ser o pai ali, queria estar no lugar de Gabriel, mas não podia.
Então, foi quando ele viu. O beijo. Gabriel se abaixou e deu um beijo no rosto de Noah, aquele gesto de carinho que ele sempre imaginou ser seu. O ciúmes foi instantâneo, como uma faca cravada no peito. Ele estava ali, com raiva, mas sabia que não poderia demonstrar. Era tarde demais para querer voltar atrás e reverter o que ele havia feito.
Sebastian respirou fundo e, com determinação, se aproximou do parquinho. Ele não podia mais deixar as dúvidas dominarem. Ele precisava entender de uma vez por todas.
— Oi, Noah! Você se lembra de mim? Eu sou o amigo da mamãe, do supermercado. — Sebastian disse, com um sorriso, tentando parecer o mais amigável possível, mesmo que por dentro estivesse uma tempestade de emoções.
Noah levantou os olhos, observando o homem que havia conhecido antes. Ele parecia educado, mas ainda tímido, sem saber o que pensar. Após um momento de hesitação, o garoto respondeu com sua voz suave e educada.
— Não posso, senhor. Eu estou esperando o meu papai. — Noah explicou, olhando em direção à entrada da creche, como se estivesse contando os minutos para ver Gabriel. — Mas se o senhor quiser, pode brincar comigo no parquinho até o meu papai chegar.
Sebastian se sentiu tocado pela gentileza do garoto, mas sabia que não era hora de brincar. Ele estava ali com um propósito muito maior. No entanto, ele não pôde deixar de sorrir e se agachar um pouco para observar as brincadeiras.
— Ah, você é muito gentil, Noah. Eu vou esperar, então. Mas parece que o parquinho é bem divertido, hein? — disse ele, tentando ganhar mais tempo com o garoto e ao mesmo tempo criar um vínculo, por menor que fosse.
Noah, ainda com seu olhar atento, jogou a bola para um amigo, mas logo voltou a olhar para Sebastian, como se quisesse garantir que ele estava bem. Ele estava um pouco relutante, mas não queria ser rude.
— É divertido, sim. Mas papai vai me levar embora logo, então... — Noah respondeu com uma leve preocupação. Ele olhou para a rua, como se estivesse aguardando a chegada de Gabriel, com a certeza de que a qualquer momento ele estaria ali para buscá-lo.
E foi nesse momento que o som de um carro parando na frente da creche fez Noah se iluminar. Ele se virou rapidamente, ansioso.
— Ah, é ele! — Noah exclamou, correndo até a entrada do parquinho e acenando para Gabriel.
Sebastian observou, o coração apertado, enquanto o homem que ele sabia que estava com Annyh há tanto tempo se aproximava do garoto. Ele queria ser aquele homem. Ele queria ser o pai. Mas não podia. Não agora. Ele precisava de mais tempo.
Ele respirou fundo, observando Noah e Gabriel. Ele sabia que esse momento seria crucial para ele, mas por enquanto, ele se afastaria. Ele não podia apressar as coisas, mas também sabia que sua missão estava apenas começando.
Com um último olhar para o garoto, ele se virou e caminhou lentamente de volta para o seu carro, seu coração pesado, mas determinado. As perguntas ainda estavam em sua mente, mas ele agora tinha uma clareza maior: ele precisava lutar pelo seu filho. Não importava o tempo que levasse. Ele faria parte daquela família. Ele tinha direito.
E, enquanto isso, Gabriel desceu do carro e abraçou Noah, levando-o para casa.
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Atualizado até capítulo 45
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