capítulo 6: Annyh

O dia na faculdade estava tenso para Annyh. Ela não conseguia tirar a sensação da noite anterior da cabeça. A última coisa que ela lembrava era de como os olhos de Sebastian a encaravam, a maneira como ele a fez se sentir desejada e, ao mesmo tempo, um pouco vulnerável. Mas, ao mesmo tempo, algo em seu interior sabia que não poderia ser apenas uma noite. Ela não sabia quando o veria novamente, e isso a deixava ainda mais angustiada. Não tinha o número dele, nem uma maneira de contatá-lo. O que significava que ele provavelmente a havia deixado no passado, como qualquer outro homem que ela encontrava.

Ela caminhava pelo campus com suas duas melhores amigas, Mariana e Carol, tentando se distrair do turbilhão de pensamentos que a consumia. Mas não conseguia. A ansiedade tomava conta, e as palavras de suas amigas estavam ficando distantes, como se não conseguisse focar no que elas falavam.

Mariana, sempre extrovertida e cheia de energia, não parecia perceber a angústia de Annyh, já que estava ocupada com a história de como havia ficado com Nicolas na festa. Ela contava animada, gesticulando com as mãos, fazendo Annyh rir um pouco, apesar de sua mente estar longe.

— Ah, Annyh, você não vai acreditar! Nicolas não parava de me olhar, e no final, eu e ele ficamos sozinhos na pista de dança. Foi tudo tão... intenso! — Mariana dizia com um sorriso vitorioso, empolgada com a lembrança.

Carol, por outro lado, que sempre foi mais observadora e séria, notou a expressão distante de Annyh. Ela olhou para a amiga, levantando uma sobrancelha, mas decidiu não falar nada. Só observou, como se soubesse que Annyh precisava de espaço para lidar com aquilo sozinha.

— E você, Annyh? Como foi com o tal do "príncipe encantado" que te fez ir embora daquela festa? — Carol perguntou, a voz baixa e curiosa, como se a amiga estivesse escondendo algo.

Annyh sorriu sem muita energia e respondeu:

— Ah, sei lá... Ele foi... legal. Não sei, Carol, mas não tenho o número dele e... — ela deu de ombros, tentando esconder a frustração. — Acho que ele não vai procurar por mim de novo, né?

Mariana riu, mas de forma mais suave, percebendo o tom triste na voz de Annyh.

— Ué, por que ele não iria, Annyh? Olha o que rolou entre vocês! Ele tava super afim de você. Não duvido nada que ele te procure — disse ela, tentando animá-la.

Mas, para Annyh, isso não parecia tão certo. Ela sabia o que estava acontecendo. A atração estava ali, mas como ele era... Sebastian, um homem de outro mundo, um cara que não parecia ser o tipo de pessoa que ficaria atrás de uma garota como ela. Ela não podia confiar totalmente em uma única noite.

O tempo passou, e a tarde na faculdade continuou. Ela tentou se concentrar nas aulas, mas sua mente voltava constantemente para aquela noite e para Sebastian. Quando finalmente o sinal para a saída soou, ela se levantou com as amigas, tentando se distrair. O campus estava movimentado, como sempre, mas algo dentro de Annyh dizia que ela não estava pronta para sair ainda.

Elas caminhavam juntas em direção à saída, quando, de repente, ela olhou para a rua e viu algo que a fez parar no meio do caminho. Um carro preto e luxuoso estava estacionado ali, a poucos metros. O coração de Annyh disparou quando ela reconheceu o homem sentado ao volante. Sebastian.

Ele estava lá. Esperando por ela. Não havia como errar. O olhar penetrante dele a encontrou à distância, e ela sentiu um frio na espinha, misturado com uma sensação de excitação. Como ele soubera que ela estaria ali? E por que ele estava esperando na frente da faculdade? Ele se inclinou um pouco para frente, como se estivesse esperando que ela se aproximasse.

Mariana e Carol estavam conversando sobre outra coisa, e só perceberam Annyh parada, encarando o carro, quando ela estava a poucos passos dele.

— Oi? Annyh? — Carol chamou, mas Annyh mal percebeu, sua atenção totalmente voltada para Sebastian.

Sebastian abriu a porta do carro para ela, como se estivesse esperando que ela entrasse sem hesitar. Seus olhos estavam fixos nos dela, com a mesma intensidade de antes, e a forma como ele a olhou fez o mundo ao redor desaparecer.

— Vai lá, garota, o que você tá esperando? — Mariana disse de forma provocativa, percebendo a tensão no ar.

Annyh olhou para as amigas, mas, sem dizer uma palavra, caminhou até o carro. O movimento dele era elegante, quase hipnótico, como se estivesse moldando a realidade ao seu redor. Ela entrou no carro, sentindo o calor de seu corpo e o olhar de Sebastian sobre ela, o que a fez se perder em um misto de sentimentos.

Sem dizer nada, o carro partiu, levando Annyh para um destino desconhecido, mas ao mesmo tempo, um destino que ela não queria evitar.

Sebastian a olhou por um momento, um sorriso suave se formando em seu rosto enquanto ela ainda estava no carro, curiosa sobre o que ele tinha planejado.

— Então, eu tenho uma surpresa para você. — Ele disse, sua voz calma, mas carregada de um certo mistério.

Annyh franziu a testa, um pouco surpresa pela sugestão, mas também intrigada.

— Uma surpresa? — Ela perguntou, seu tom misturando curiosidade com um leve toque de excitação. — Não sei se posso lidar com mais surpresas depois da última noite, Sebastian...

Ele riu baixinho, o som suave e sedutor, como se ele soubesse exatamente como ela estava se sentindo.

— Eu sei o que você quer dizer... — Ele começou, ajustando o volante enquanto dirigia pelas ruas tranquilas da cidade. — Mas essa é diferente. Não tem pressa, nem pressão. Só uma noite. Só nós dois.

Annyh olhou para ele, seus olhos se fixando na linha de seu rosto, na maneira como ele dirigia com tanta confiança. Algo nela se aqueceu, uma sensação crescente de desejo misturado com incerteza.

— Eu estou começando a perceber que você gosta de me surpreender. — Ela disse, seus dedos brincando com a alça da bolsa que tinha no colo. — Mas, eu ainda não sei se devo me entregar a isso, você entende?

Sebastian olhou para ela rapidamente, o canto de sua boca se curvando em um sorriso enigmático.

— Eu entendo perfeitamente. — Ele respondeu com suavidade. — E, honestamente, eu acho que você vai se surpreender ainda mais com o que está por vir.

Eles passaram por algumas ruas mais movimentadas até que chegaram a uma área mais tranquila, uma estrada pouco iluminada, com uma atmosfera mais silenciosa e romântica. Ele virou o volante em direção a uma pequena estrada e Annyh sentiu uma pitada de nervosismo, mas também de curiosidade.

— Você vai me dizer para onde estamos indo? — Ela perguntou, tentando manter a calma, mas sua voz traía a empolgação crescente. — Ou isso também vai ser surpresa?

Ele sorriu para ela, mantendo o olhar focado na estrada, mas não sem deixar de responder.

— Você vai gostar. — Foi tudo o que ele disse.

O carro continuou por mais alguns minutos até que finalmente parou diante de um pequeno restaurante à beira de um lago, iluminado apenas por algumas luzes suaves. O cenário parecia saído de um filme romântico, com as águas refletindo as luzes da noite e uma brisa suave movendo as árvores ao redor.

Annyh olhou pela janela, seus olhos arregalando-se em surpresa.

— Uau... — Ela sussurrou, a expressão de surpresa misturada com admiração. — Você me trouxe aqui?

Sebastian sorriu ao perceber a reação dela. Ele estacionou o carro e desceu primeiro, indo até o lado dela para abrir a porta com um gesto elegante.

— Só para você. — Ele disse, ajudando-a a sair do carro e guiando-a até a entrada do restaurante, o lugar calmo e quase isolado do resto do mundo. — Acho que você merece algo mais, Annyh.

Ela ficou sem palavras por um momento, tomada pela surpresa e pela beleza do lugar. Quando ele a conduziu até a mesa reservada, ela percebeu que o clima estava muito mais íntimo e romântico do que ela imaginava.

— Eu não sei o que dizer. — Ela confessou, seus olhos brilhando sob a luz suave. — Isso é... inesperado. Mas incrível.

Sebastian a olhou de maneira profunda, seus olhos expressando algo mais intenso.

— Às vezes, o que é inesperado é o que torna tudo especial. — Ele disse, sua voz carregada de significado. — Eu não sou o tipo de homem que faz as coisas de forma simples, Annyh. Eu gosto de tornar os momentos únicos. E você... você merece um momento único.

Ele puxou a cadeira para ela, esperando que ela se sentasse. O gesto foi simples, mas havia algo em sua maneira de fazer as coisas que a fez sentir-se especial.

— Eu... — Ela começou, hesitando por um segundo, olhando para ele com os olhos mais suaves. — Eu não sei o que vai acontecer daqui para frente, Sebastian. Mas eu estou começando a entender que isso... entre nós... não é algo que eu consigo ignorar.

Ele se sentou ao lado dela, os dois agora em um ambiente perfeito, mas com uma tensão no ar que era palpável.

— Não tente entender tudo agora. — Ele respondeu, suavemente. — Às vezes, as coisas acontecem sem que a gente precise de explicações. Eu sei que essa noite é diferente. Eu quero que seja diferente. E eu quero você aqui, ao meu lado, para que possamos ver onde isso vai nos levar.

A conversa seguiu de forma suave, sem pressa, com cada palavra carregada de significados diferentes. Ambos estavam ali, no momento, sem pensar em mais nada. A única coisa que importava era o que estava acontecendo entre eles, naquele instante.

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