O médico entrou na sala com a expressão séria, suas mãos segurando os resultados dos exames que ele acabara de revisar. Quando ele olhou para Annyh, notou imediatamente a expressão assustada dela. Seus olhos estavam vermelhos, e ela parecia mais pálida do que nunca. Havia uma angústia, uma tensão no ar, algo que a deixava ainda mais distante, como se o choque da notícia tivesse a paralisado.
Ele se sentou na cadeira à frente dela, olhando-a com uma empatia que ele não costumava demonstrar tanto, mas que agora parecia inevitável. Era difícil, ele sabia. Mas era ainda mais difícil quando a paciente não parecia aceitar a realidade.
— Annyh... — o médico começou, com uma voz suave, tentando suavizar a situação. — Os exames confirmam que você está grávida. O bebê já tem cerca de um mês, e os sinais indicam que ele está se desenvolvendo bem. O coração dele já pode ser ouvido.
Quando ele mencionou o coração, a reação de Annyh foi visceral. Ela engoliu em seco, como se aquelas palavras tivessem o poder de esmagá-la. Seu corpo se contraiu, e ela não conseguiu conter as lágrimas que surgiram nos seus olhos. Não era uma lágrima de felicidade. Era dor, era medo, era pânico.
— Não... — ela murmurou, sentindo uma onda de náusea. — Não pode ser... Não posso... Eu não... Eu não posso ter esse bebê! Não é possível! — Sua voz tremia, e ela segurou a cabeça com as mãos, como se tentasse afastar a realidade que a estava esmagando.
O médico, que tinha 30 anos, estava em uma posição difícil. Era jovem, mas já havia tratado de muitas situações delicadas. No entanto, nada o preparara para uma reação tão intensa, tão desesperada quanto a de Annyh. Ele sabia que não poderia simplesmente ignorar o que ela estava sentindo. Ele se levantou da cadeira e se aproximou, tentando manter a calma.
— Annyh, eu entendo que isso seja muito difícil para você. E eu sei que você deve estar se sentindo sobrecarregada, mas esse não é o fim. Você ainda tem opções, mesmo que não seja fácil. — O médico tentou, mas suas palavras pareciam não fazer efeito. Annyh estava perdida no seu próprio sofrimento, sua mente não conseguia processar nada além do medo.
Ela balançou a cabeça, negando veementemente.
— Eu não quero esse bebê! Não posso, não agora... Eu não sei nem cuidar de mim, como vou cuidar de uma vida? — Sua voz estava carregada de desespero. — Eu estou apenas começando a viver, a seguir meu caminho. Como vou lidar com tudo isso agora?
O médico sentiu o peso da situação. Ele estava começando a entender o quão difícil era para ela, especialmente considerando o que ele sabia sobre a jovem. Ela era cheia de vida, cheia de planos, mas agora, o futuro dela parecia ter sido virado de cabeça para baixo. Ele queria ajudar, mas sabia que suas mãos estavam atadas de certa forma.
— Eu entendo seu medo, Annyh, mas você precisa saber que não pode tomar essa decisão com tanta pressa. Não posso ajudá-la com um aborto, e você deve saber que, com o tempo, o bebê está quase formado. Ele já tem um coração que bate, e isso não pode ser ignorado.
Ela olhou para ele com os olhos marejados de lágrimas, uma sensação de vazio tomando conta dela. O medo do futuro, a incerteza de tudo, se misturava com a sensação de abandono. O homem que ela achava que fosse estar ao seu lado agora estava longe, sem dar explicações. Sebastian simplesmente desapareceu, e com ele, Annyh sentiu que todas as suas esperanças também se evaporavam.
— Onde ele está? — ela murmurou, a dor na voz clara como o cristal. — Onde está o pai dessa criança? Ele deveria estar aqui! Ele não me deixou sozinha com isso! Eu não sei o que fazer, não sei mais o que pensar...
O médico não soube o que responder. Ele não conhecia Sebastian, não sabia o que se passava na vida dela, mas sentia uma pena profunda por ela. Ele estava ali para ajudar, mas sabia que, por mais que tentasse, não poderia consertar a dor dela. E quando ele tentou oferecer mais palavras de conforto, Annyh se levantou bruscamente, a expressão no rosto carregada de frustração.
— Eu não quero ouvir mais nada! — ela gritou, as lágrimas escorrendo sem parar. — Eu preciso de um tempo. Eu não... eu não posso lidar com isso agora! — Ela virou-se e saiu da sala, deixando o médico com a sensação de impotência. Ele sentiu que estava perdendo a jovem, e nada parecia ser capaz de aliviar o tormento que ela estava vivenciando.
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Nos dias seguintes, Annyh se trancou em sua casa, incapaz de lidar com a realidade. Ela evitou a faculdade, afastando-se dos amigos, e sentiu uma depressão profunda tomando conta dela. Cada dia parecia mais pesado que o anterior. Ela se sentia sozinha, abandonada, como se o mundo tivesse se virado contra ela.
Foi então, no quinto dia de total isolamento, que ela tomou uma decisão impulsiva. De madrugada, com os olhos inchados de tanto chorar, ela pegou as chaves do carro que havia comprado com tanto sacrifício e foi até o hospital. Seu coração batia acelerado, mas não havia mais espaço para dúvidas. Ela precisava de respostas, precisava de uma solução.
Chegando ao hospital, ela se dirigiu diretamente ao balcão, onde uma atendente a olhou com um sorriso profissional, mas Annyh não estava ali para sorrisos. Ela estava lá em busca de ajuda, sem saber mais a quem recorrer.
— O médico que me atendeu... Onde ele está? Eu falei com ele antes, preciso falar com ele agora. — Sua voz era urgente, e a atendente, visivelmente desconcertada, olhou para a tela do computador.
— Não sei se ele está disponível agora, senhorita... — A atendente parecia perdida, mas Annyh não queria ouvir desculpas. Ela se deixou cair no chão, os ombros tremendo enquanto tentava conter o choro. O medo, a ansiedade, e o desespero estavam tomando conta dela.
Foi então que ele apareceu. O médico, de maneira discreta, pegava os resultados no balcão. Quando o viu, Annyh se levantou imediatamente, as lágrimas novamente em seus olhos.
— Por favor, eu... eu preciso de ajuda! Eu não posso fazer isso sozinha. Eu não sei mais o que fazer! — ela implorou, com a voz quebrada. O médico olhou para ela, preocupado, e sabia que ela estava à beira de um colapso. Ele não tinha mais as respostas, mas estava ali, pronto para tentar ajudar, mesmo que não soubesse como.
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Atualizado até capítulo 45
Comments
Asseret Miralrio
O que vai acontecer a seguir?? Eu preciso saber! 😱
2025-03-15
1
Deuza Silva
não pensou nas consequências e depois fica desesperada
2025-03-30
1