Capítulo 16: A Fuga e o Refúgio

A ameaça de Lord Park pairava sobre eles como uma espada suspensa por um fio. Jun-ho, atormentado pela fúria do pai e aterrorizado pela segurança de Abena, sabia que ficar na propriedade era insustentável. A única saída, a mais arriscada e desesperada, era a fuga. Em um encontro clandestino no jardim secreto, sob o manto protetor da noite, Jun-ho compartilhou sua decisão com Abena.

"Não podemos ficar, Abena," ele sussurrou, a voz embargada pela preocupação, segurando as mãos dela com força. "Meu pai… ele está furioso. Ele vai te machucar. Eu não posso… eu não posso permitir isso."

Abena escutou em silêncio, o coração apertado pela angústia e pelo medo. A fuga era um salto no escuro, um caminho incerto e perigoso, mas permanecer era selar seu destino e o de Jun-ho. Ela assentiu lentamente, os olhos marejados, mas cheios de determinação. "Eu fujo com você, Jun-ho-nim. Para onde você for."

A esperança surgiu na figura de Sun-hee. Ao confidenciar seus planos a ela, Sun-hee não hesitou em oferecer ajuda, demonstrando uma lealdade e coragem que aqueceram os corações desesperançosos de Abena e Jun-ho.

"Eu vou ajudar vocês," Sun-hee afirmou, com uma firmeza surpreendente em sua voz normalmente suave. "Vocês não podem ficar aqui. É muito perigoso. Fugir é a única chance."

No canto escuro da cozinha, sob a luz bruxuleante de uma lamparina a óleo, os três planejaram a fuga em sussurros nervosos, cada palavra carregada de urgência e apreensão. Sun-hee, com seu conhecimento íntimo da casa e dos arredores, traçou um plano meticuloso, detalhando rotas de fuga, horários e pontos de encontro.

Sun-hee arriscou tudo para ajudar Abena e Jun-ho, movida por sua lealdade e pela convicção de que o amor deles merecia uma chance, mesmo diante da opressão e da proibição. Com discrição e astúcia, ela começou a reunir suprimentos essenciais para a fuga, desviando alimentos da cozinha, roubando água fresca dos poços, e conseguindo, de forma quase milagrosa, um mapa rudimentar da região e algumas moedas de cobre escondidas.

"Aqui," Sun-hee disse, entregando uma cesta de bambu trançado para Abena, a voz baixa e urgente. "Comida seca, água, um mapa para as montanhas. Não é muito, mas é o que consegui." Seus olhos se encontraram com os de Abena, transmitindo uma mensagem silenciosa de apoio e encorajamento.

"Vão para o templo budista de Beomeosa, nas montanhas. É isolado, um lugar seguro para se esconderem por um tempo."

Sun-hee também compartilhou informações cruciais sobre a rotina da casa, os horários de patrulha dos guardas, e os pontos cegos na segurança da propriedade. Ela descreveu passagens secretas no jardim, caminhos pouco utilizados nos arredores da casa, e os melhores horários para escapar sem serem notados. Cada detalhe era vital para o sucesso da fuga, e Sun-hee os fornecia com uma precisão e um conhecimento que impressionavam Jun-ho. A coragem de Sun-hee brilhava como uma chama na escuridão, iluminando o caminho incerto da fuga e dando-lhes forças para seguir adiante.

A noite chegou, escura e silenciosa, cúmplice da fuga planejada. Sob o manto da escuridão, Jun-ho, Abena e Sun-hee se encontraram no jardim secreto, os corações batendo forte no peito, a adrenalina pulsando nas veias. A tensão era palpável, o medo misturado com a esperança incerta de liberdade.

Com passos cautelosos e respirações contidas, eles se esgueiraram pelos caminhos sinuosos do jardim, guiados pela luz bruxuleante da lua e pelo conhecimento preciso de Sun-hee. Cada ruído, cada sombra em movimento, os fazia prender a respiração, temendo serem descobertos a qualquer momento. O silêncio da noite era opressor, amplificando o som de seus próprios corações acelerados e o sussurro suave de seus passos na terra úmida.

Ao alcançarem os limites da propriedade, a tensão atingiu o ápice. Sun-hee indicou o portão lateral, um ponto menos vigiado da propriedade, e com um aceno rápido, os três correram em direção à liberdade incerta que os esperava além dos muros da casa nobre. A corrida na escuridão era desesperada e exaustiva, os pulmões ardendo, as pernas bambas, mas a adrenalina os impulsionava adiante, alimentada pela promessa de um futuro livre da opressão e da proibição.

A fuga, porém, não passou despercebida por muito tempo. Logo, o alarme soou na propriedade Park. Capatazes rudes, liderados pelo implacável Kang Dae-ho, foram enviados em perseguição, a fúria de Lord Park impulsionando-os a capturar os fugitivos e puni-los exemplarmente.

O som de vozes gritando e passos pesados ecoando na noite quebrou o silêncio da fuga, anunciando a perseguição implacável. Jun-ho, Abena e Sun-hee aceleraram o passo, correndo com todas as suas forças pela floresta escura e traiçoeira que cercava a propriedade. Galhos de árvores chicoteavam seus rostos, pedras soltas ameaçavam seus tornozelos, a escuridão da noite tornava o caminho ainda mais perigoso, mas eles não podiam parar, não podiam desacelerar. A liberdade estava a apenas alguns passos, mas a ameaça da captura os perseguia como sombras implacáveis.

Kang Dae-ho, com sua brutalidade e lealdade cega a Lord Park, liderava a perseguição com determinação implacável. Sua voz rouca ecoava na noite, dando ordens aos capatazes, incitando-os a acelerar a busca, a não deixar nenhum vestígio escapar. O som de seus passos pesados se aproximando na escuridão era como o prenúncio de um destino cruel, pairando sobre a fuga desesperada de Abena, Jun-ho e Sun-hee.

Após uma noite de fuga angustiante, guiados pelo mapa de Sun-hee e pela esperança tênue de salvação, Abena, Jun-ho e Sun-hee finalmente alcançaram o refúgio prometido: o templo budista de Beomeosa, aninhado no alto das montanhas, isolado da agitação do mundo exterior e da fúria implacável de Lord Park.

Ao amanhecer, exaustos, famintos e aterrorizados, os três fugitivos chegaram aos portões do templo. A névoa matinal envolvia os picos das montanhas, conferindo ao local uma aura de paz e mistério. O som suave de sinos de vento e o canto distante de monges enchiam o ar com uma melodia serena, contrastando drasticamente com o caos e o perigo que deixavam para trás.

Nos portões do templo, eles foram recebidos por um monge idoso, com um olhar bondoso e sereno. Ao ouvirem sua história, o monge, movido pela compaixão e pelos princípios de refúgio e proteção do budismo, abriu as portas do templo para os fugitivos, oferecendo-lhes abrigo temporário e um santuário em meio à tempestade que se abateu sobre suas vidas. No isolamento sereno do templo nas montanhas, Abena, Jun-ho e Sun-hee encontraram um respiro, um momento de pausa na fuga desesperada, e uma tênue esperança de que, talvez, a liberdade e o amor ainda pudessem florescer, mesmo em meio à sombra da oposição e ao peso implacável do destino.

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