A tensão crescente na casa, a sombra constante de Min-jae e o medo palpável de serem descobertos começaram a pesar sobre Abena. O fardo do segredo se tornava cada dia mais difícil de suportar sozinha. Em um momento de desespero, Abena buscou refúgio em uma amizade inesperada: Park Sun-hee, uma das servas mais experientes da casa.
Sun-hee, com seu olhar gentil e maneiras discretas, sempre demonstrara simpatia por Abena, tratando-a com uma cordialidade que contrastava com o desprezo frio de outros servos influenciados pela hierarquia social. Abena sentiu em Sun-hee uma alma kindred, um porto seguro em meio à tempestade emocional que a consumia.
Em um canto tranquilo do jardim, longe dos olhares curiosos, Abena finalmente desabafou, as palavras jorrando como uma torrente reprimida. Lágrimas silenciosas escorriam pelo seu rosto enquanto confessava a Sun-hee seu amor por Jun-ho, o medo constante de Min-jae e a angústia de viver sob a ameaça da descoberta.
"Sun-hee-ssi… eu não sei o que fazer," Abena soluçou, a voz embargada pela emoção. "Eu o amo… amo Jun-ho-nim com todo o meu coração. Mas… o medo me sufoca. Se formos descobertos…"
Sun-hee ouvia atentamente, a expressão compassiva. Ela colocou uma mão gentil no ombro de Abena, oferecendo um consolo silencioso e reconfortante. Ela entendia os riscos, a profundidade do perigo que Abena e Jun-ho enfrentavam, mas também via a sinceridade do amor nos olhos da jovem escrava.
Quando Abena finalmente se acalmou um pouco, Sun-hee começou a falar, sua voz baixa e calma, mas carregada de sabedoria. "Abena-ssi, eu entendo seu sofrimento," ela disse, com um tom maternal. "Este amor é perigoso, muito perigoso. Se o Lord e o Jovem Mestre Min-jae descobrirem… as consequências serão terríveis."
Sun-hee explicou a Abena a severidade das leis e costumes Joseon, as punições cruéis reservadas para relacionamentos considerados impróprios, especialmente entre classes sociais diferentes. Ela pintou um quadro realista e sombrio das potenciais consequências, não para assustar Abena, mas para prepará-la para a realidade do perigo que corriam.
"Vocês precisam ser extremamente cuidadosos," Sun-hee enfatizou, seu olhar sério. "Discrição é a chave. Nenhum encontro à vista de outros, nenhuma palavra descuidada, nenhum gesto suspeito. Vocês precisam ser como sombras, se movendo nas margens da noite, para proteger esse amor."
Mas, para além do aviso e do realismo, Sun-hee ofereceu a Abena algo ainda mais valioso: apoio incondicional e compreensão. "Eu sei que o que você sente é verdadeiro, Abena-ssi," ela continuou, a voz suave e encorajadora.
"Eu vejo a bondade no coração do Jovem Mestre Jun-ho, e a pureza do seu amor. Se eu puder ajudar a protegê-lo… eu o farei." Naquele momento, Abena encontrou não apenas uma confidente, mas uma aliada valiosa, uma protetora em meio à opressão.
Sun-hee não se limitou a palavras de conselho. Ela se tornou ativamente envolvida em proteger o segredo de Abena e Jun-ho, usando sua inteligência e conhecimento da casa para criar oportunidades para seus encontros secretos e desviar suspeitas.
Quando Jun-ho enviava um bilhete para Abena marcando um encontro no jardim, era Sun-hee quem discretamente entregava a mensagem, garantindo que ninguém mais a interceptasse. Quando Abena precisava de um momento a sós com Jun-ho, era Sun-hee quem criava distrações, inventando tarefas urgentes para outros servos, ou mantendo conversas aparentemente triviais com os capatazes, desviando sua atenção para longe do jardim secreto.
Em uma tarde, enquanto Min-jae rondava o pátio com seu olhar vigilante, Sun-hee orquestrou uma pequena encenação para permitir que Abena se encontrasse com Jun-ho no pavilhão da lagoa. Ela começou a discutir animadamente com outro servo sobre a necessidade urgente de colher certas flores para um arranjo floral, chamando a atenção de Min-jae para longe do lado oposto do jardim, enquanto Abena se esgueirava discretamente para o local do encontro.
Sun-hee se tornou os olhos e ouvidos de Abena, sua rede de segurança silenciosa. Graças à sua ajuda, os encontros secretos se tornaram um pouco menos arriscados, um pouco mais frequentes, e a chama do romance proibido continuava a brilhar, protegida pela lealdade e coragem de uma confidente inesperada.
"… Sun-hee é um anjo enviado pelo céu em minha vida. Sua lealdade é inabalável, sua coragem, inspiradora. Sem ela, eu estaria perdida, afogada no medo e na solidão. Ela arrisca muito por nós, por nossa amizade, por nosso amor. Eu nunca poderei pagar a sua bondade.
Ela me lembra que mesmo na escuridão da escravidão e da proibição, a bondade humana ainda existe. Que a esperança pode florescer nos lugares mais improváveis. Sun-hee é a prova de que a humanidade transcende classes e cores. Ela é minha irmã de alma, minha confidente, minha amiga leal. E eu a amo profundamente.…"
As páginas do diário transbordavam de gratidão e admiração por Sun-hee. Abena reconhecia a preciosidade daquela amizade, a importância do apoio de Sun-hee em sua luta para viver e amar em um mundo hostil. Suas palavras eram um tributo à lealdade feminina, à força da solidariedade em tempos de adversidade, e ao poder transformador da amizade. As flores secas prensadas entre as páginas do diário, como delicadas marcas de afeto, pareciam selar a profundidade daquele vínculo entre Abena e Sun-hee.
De volta ao presente, Imani e Joon-ho leram as palavras de Abena sobre Sun-hee comovidos. A figura da serva leal e corajosa ganhava destaque na narrativa, sua importância se revelando a cada nova página do diário.
"Sun-hee é incrível," Imani murmurou, com um sorriso admirado. "Ela arriscou tanto para ajudar Abena e Jun-ho. E tudo por… bondade, lealdade, amizade."
Joon-ho assentiu, o olhar pensativo. "Ela é a heroína silenciosa desta história," ele concordou. "Enquanto Min-jae representa a oposição e a rigidez da sociedade, Sun-hee personifica a compaixão e a resistência humana. Ela nos mostra que mesmo em tempos de opressão, o espírito humano pode encontrar formas de desafiar as injustiças, de proteger o amor e a amizade."
Eles discutiram o papel crucial de Sun-hee na história de Abena e Jun-ho, percebendo que sem sua ajuda, o romance provavelmente teria sido descoberto e brutalmente interrompido muito antes. Sun-hee era mais do que uma confidente, ela era um catalisador, uma protetora, um raio de esperança em meio à escuridão. Para Imani, especialmente, Sun-hee se tornava uma figura inspiradora, um exemplo de coragem feminina e solidariedade através do tempo. A busca pela história de Abena e Jun-ho se aprofundava, guiada pela luz da lealdade de Sun-hee, uma chama que brilhava através das páginas amareladas do diário e
conectava passado e presente em um fio de esperança e admiração.
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Atualizado até capítulo 20
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