A breve euforia do romance florescente logo começou a ser toldada por uma sombra crescente. Kim Min-jae, o irmão mais velho de Jun-ho, um homem de postura rígida e olhar penetrante, notara as sutilezas, as trocas de olhares, os momentos de silêncio que pairavam entre Abena e Jun-ho. Sua mente analítica, moldada pela tradição e pela ambição familiar, começou a tecer fios de suspeita.
Em um dia ensolarado, enquanto Abena e Jun-ho conversavam no pátio, aparentemente sobre os cuidados com as plantas, Min-jae os observava de longe. Escondido atrás de um dos pilares de madeira da casa, ele mantinha-se nas sombras, os olhos fixos em cada gesto, em cada palavra trocada.
Min-jae franziu a testa, a expressão sombria contraindo seus traços. Não conseguia decifrar as palavras, mas a proximidade entre os dois, a leveza no tom de voz de Jun-ho ao se dirigir à escrava, e o sorriso discreto que iluminava o rosto de Abena – tudo isso o incomodava profundamente. Era uma informalidade excessiva, uma familiaridade inapropriada entre um nobre yangban e uma escrava cheonmin. Algo não se encaixava na rígida ordem social que ele tanto prezava.
O irmão mais velho de Jun-ho era um homem de tradições, profundamente preocupado com a reputação e o futuro da família Park. A ideia de seu irmão mais novo se envolver com uma escrava, especialmente uma estrangeira, era não apenas ultrajante, mas potencialmente desastrosa para a posição social da família. A semente da suspeita havia sido plantada, e Min-jae não a deixaria germinar sem investigação.
Mais tarde naquele dia, Min-jae procurou seu pai, Lord Park Chung-hee, no escritório da propriedade. A atmosfera no escritório, geralmente formal e imponente, tornou-se ainda mais densa com a preocupação de Min-jae.
"Pai," Min-jae começou, a voz grave e respeitosa, mas carregada de apreensão, "Tenho observado Jun-ho recentemente… e Abena."
Lord Park, um homem austero e poderoso, com o peso da tradição e das responsabilidades familiares em seus ombros, ergueu os olhos do pergaminho que lia, seu olhar penetrante fixo no filho mais velho.
"Abena? A escrava africana? O que há com ela e Jun-ho?" Sua voz era controlada, mas havia uma nota de alerta subjacente.
"Eles… parecem próximos demais," Min-jae explicou, cauteloso em suas palavras, mas firme em sua convicção.
"Conversam com frequência, Jun-ho parece… atencioso demais com ela. É inapropriado, Pai. Extremamente inapropriado."
Lord Park franziu a testa, a preocupação se intensificando em seu rosto. "Inapropriado como?" ele questionou, exigindo detalhes.
"Familiaridade excessiva, Pai. Para uma escrava," Min-jae enfatizou a palavra "escrava" com um tom de reprovação. "Não é condizente com a nossa posição. E… você sabe como as línguas se movem rápido nesta cidade. Se as pessoas começarem a falar… a reputação da nossa família…" Min-jae deixou a frase incompleta, mas o peso de suas palavras pairou no ar.
A reputação da família Park era tudo, e qualquer escândalo poderia manchar seu nome por gerações.
Lord Park ponderou as palavras do filho em silêncio, a gravidade da situação se instalando em sua mente. A reputação da família, o futuro de Jun-ho, a ordem social… tudo estava em jogo. "Vou observar Jun-ho e a escrava," ele finalmente declarou, a voz firme e autoritária. "Se suas suspeitas se confirmarem, tomarei as medidas necessárias." A sombra da oposição começava a se estender sobre o romance nascente de Abena e Jun-ho, personificada na figura implacável de Min-jae e na autoridade inflexível de Lord Park.
Determinado a confirmar suas suspeitas, Min-jae começou sua própria investigação discreta, mas implacável. Ele chamava os servos para conversas privadas, questionando-os sobre o comportamento de Jun-ho e Abena, buscando qualquer indício de um relacionamento impróprio.
No pátio, nos corredores da casa, na cozinha – em todos os lugares onde os servos se movimentavam, Min-jae surgia com suas perguntas incisivas e seu olhar intimidante. Os servos, acostumados à hierarquia rígida da casa e ao poder da família Park, respondiam com hesitação e medo, tentando não revelar nada comprometedor, mas também temendo as consequências de mentir para o filho mais velho do Lord.
"Você viu o jovem mestre Jun-ho conversando com a escrava Abena recentemente?" Min-jae perguntava, a voz baixa, mas carregada de autoridade. "Em que circunstâncias? Sobre o que conversavam?"
Os servos gaguejavam respostas evasivas, mencionando encontros casuais no jardim, pedidos de chá, instruções de trabalho, mas Min-jae pressionava, buscando detalhes, procurando por contradições, farejando qualquer sinal de um relacionamento mais íntimo.
"Eles se encontram à noite? Sozinhos? No jardim? Nos pavilhões?" As perguntas se tornavam mais diretas, mais acusatórias.
O clima na casa tornou-se tenso e pesado. Os servos se moviam com cautela, sussurrando entre si sobre as investigações do jovem mestre Min-jae, evitando o olhar inquisidor do nobre e tentando, sem sucesso, proteger Abena e Jun-ho da sombra crescente da suspeita. O medo pairava no ar, como uma tempestade iminente.
A atmosfera tensa na casa não passou despercebida por Abena e Jun-ho. Eles começaram a notar os olhares de Min-jae, não mais casuais e indiferentes, mas sim fixos e desconfiados. Percebiam-no observando-os de longe, seguindo seus movimentos com um escrutínio silencioso.
"Ele está nos observando," Abena sussurrou para Jun-ho em um de seus encontros secretos no jardim, a voz carregada de apreensão. "Seu irmão… Min-jae-nim. Eu o sinto me observando."
Jun-ho assentiu, o rosto sombrio. "Eu também percebi. Ele está desconfiado. Meu pai também…" A pressão da família começava a se tornar palpável, um peso invisível que ameaçava esmagar o romance nascente.
Os encontros secretos se tornaram mais raros e mais tensos. O jardim, antes um refúgio romântico, agora parecia um campo minado, cada sombra podendo esconder um espião, cada sussurro podendo ser ouvido por ouvidos indesejados. O medo de serem descobertos pairava sobre eles como uma espada de Dâmocles, obscurecendo a alegria fugaz de seus momentos roubados. A sombra da oposição se alongava, ameaçando engolir seu amor nas trevas da proibição.
De volta ao presente, na casa de hóspedes “Lua Cheia”, Imani e Joon-ho debruçavam-se novamente sobre o diário, a leitura do capítulo 7 os transportando para a tensão palpável do passado.
"Min-jae… ele se tornou o principal antagonista da história deles, não é?" Imani observou, a voz reflexiva, passando o dedo sobre o nome de Min-jae no diário.
Joon-ho assentiu, o olhar fixo nas páginas amareladas. "Sim. Ele representava a personificação da oposição familiar, da rigidez da sociedade Joseon, do peso das tradições. Ele era o guardião da ordem estabelecida, e o romance de Abena e Jun-ho era uma ameaça direta a essa ordem."
Eles discutiram a figura de Min-jae em detalhes, analisando suas motivações, suas ações e seu impacto na história de Abena e Jun-ho. Perceberam que ele não era apenas um personagem secundário, mas sim uma força motriz do conflito, um obstáculo quase intransponível para o amor proibido florescer livremente. A sombra de Min-jae pairava sobre o passado, e Imani e Joon-ho sentiam a urgência de desvendar o destino de Abena e Jun-ho, presos nas garras daquela oposição implacável. A pesquisa, antes uma curiosidade histórica, tornava-se cada vez mais pessoal, uma busca apaixonada pela verdade e pela justiça para com aqueles amantes do passado.
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Atualizado até capítulo 20
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