Capítulo 6: O Romance Proibido Floresce

No pátio ensolarado, em meio aos afazeres diários, seus caminhos se cruzavam em coreografias discretas. Abena varria as folhas caídas, o bambu da vassoura sussurrando contra as pedras, enquanto Jun-ho lia sob a sombra de uma cerejeira, um livro de caligrafia aberto em seu colo.

Seus olhares se encontravam por frações de segundo - um relance rápido enquanto passavam um pelo outro, um contato visual momentâneo através do pátio. Eram trocas fugazes, quase imperceptíveis para os servos ao redor, mas carregadas de um significado intenso para eles. Nos olhos de Jun-ho, Abena via uma curiosidade que transcendia a barreira da classe, um brilho cálido que aquecia sua alma solitária. Nos olhos de Abena, Jun-ho vislumbrava uma força silenciosa, uma dignidade inabalável que o atraía como a chama a uma mariposa noturna.

Às vezes, enquanto servia chá aos membros da família no pátio, Abena sentia o olhar de Jun-ho em suas costas. Não era um olhar lascivo ou desrespeitoso, mas sim uma presença constante, uma garantia silenciosa de que ela não estava completamente invisível naquela casa. Jun-ho, por sua vez, desviava o olhar imediatamente se ela se virasse, retornando à sua leitura com uma compostura estudada, mas o calor daquele breve contato permanecia no ar entre eles.

Esses momentos roubados, esses olhares furtivos, eram como faíscas em meio à escuridão da proibição, alimentando a chama incipiente de um romance que ainda não ousava ter nome.

"… A noite se tornou nossa cúmplice. Sob o manto escuro e silencioso, ousamos nos encontrar, como ladrões roubando momentos da escuridão…"

Sob o pretexto de buscar ervas medicinais raras no jardim à noite, Jun-ho arriscou um encontro. Abena esperava no jardim secreto, o coração batendo forte no peito. A lua cheia pairava no céu como uma lanterna prateada, banhando o jardim com uma luz mágica e irreal. O ar noturno era fresco e perfumado, carregado com o aroma doce de jasmins e o sussurro suave do vento nas folhas de bambu.

Quando Jun-ho surgiu das sombras, a silhueta alta e esguia recortada contra a luz da lua, Abena prendeu a respiração. Pela primeira vez, estavam realmente sozinhos, sem os olhares curiosos dos servos ou a sombra da desaprovação familiar.

"Abena," ele sussurrou seu nome, a voz rouca e suave, soando quase reverente no silêncio da noite.

"Jun-ho-nim," ela respondeu, a formalidade ainda presente, mas a emoção transparecendo em seu tom.

Eles se aproximaram lentamente, hesitantes como se temessem quebrar o encanto daquele momento. A proximidade física era nova e avassaladora. Abena podia sentir o calor do corpo de Jun-ho, o aroma suave de madeira de sândalo que emanava de suas vestes, e a intensidade magnética de seu olhar.

"… Seu nome em meus lábios é uma prece proibida. Seu toque, um raio de fogo que queima a pele e a alma. No jardim sob a lua, o mundo desaparece, e só restamos nós dois, aprisionados em um instante de eternidade roubada. O medo é um fantasma constante, espreitando nas sombras, lembrando-me do perigo. Se formos descobertos… a punição seria severa, para nós dois. Mas o desejo é mais forte que o medo. O amor, como uma flor teimosa, floresce mesmo em solo proibido…"

As palavras do diário ecoavam os sentimentos que borbulhavam nos corações de Abena e Jun-ho naquela noite. A paixão crescia como uma videira selvagem, envolvendo-os em seus ramos fortes e perfumados. Mas o medo, a sombra constante da proibição, pairava sobre eles, lembrando-os da fragilidade de seu amor e das consequências devastadoras se fossem descobertos.

No jardim iluminado pela lua, a beleza e o perigo se entrelaçavam, criando uma atmosfera de romance intenso e apreensão constante. Cada encontro era um ato de rebelião, um desafio silencioso às convenções sociais e às expectativas familiares.

Para se encontrarem novamente, eles começaram a trocar pequenas cartas, bilhetes dobrados cuidadosamente e escondidos em locais discretos no jardim. E nessas cartas, para além de declarações tímidas e promessas de encontros secretos, surgiu um novo tipo de intimidade: o aprendizado da língua.

Jun-ho se ofereceu para ensinar coreano a Abena. Sob a sombra das árvores, em momentos roubados entre as tarefas diárias, ele desenhava os caracteres coreanos na terra com um galho, repetindo os sons suaves e melódicos, enquanto Abena tentava imitar os traços elegantes com um esforço concentrado.

O aprendizado se tornou uma dança íntima. Jun-ho segurava a mão de Abena suavemente, guiando seus dedos hesitantes enquanto ela traçava os caracteres com um pincel em papel Hanji. A proximidade física, o toque leve de suas mãos, a troca de olhares concentrados sobre as letras – cada lição de coreano se transformava em um momento de conexão profunda.

Através da linguagem, um novo mundo se abria para Abena. As palavras coreanas, antes símbolos indecifráveis, começaram a ganhar significado, desvendando os mistérios da cultura que a cercava. E para Jun-ho, ensinar sua língua a Abena era uma forma de compartilhar sua identidade, de construir uma ponte sobre o abismo cultural que os separava.

Uma noite, sob o céu estrelado e silencioso, a lição de coreano se transformou em algo mais. Jun-ho ensinava a palavra "saranghae" - eu te amo. A pronúncia era delicada, os lábios se moldando em um som suave e melódico. Abena repetia a palavra, a língua hesitante no início, depois ganhando confiança.

"Saranghae…" ela sussurrou, o som ecoando no silêncio do jardim.

Jun-ho a observava, seus olhos escuros brilhando sob a luz da lua. Havia algo diferente em seu olhar naquela noite, uma intensidade que fez o coração de Abena acelerar. Ele se aproximou lentamente, o rosto inclinado para perto do dela.

O tempo pareceu parar. O mundo ao redor desapareceu, restando apenas a presença de Jun-ho, o perfume das flores da noite e a batida frenética de seus corações. Então, seus lábios se encontraram.

O beijo foi suave no início, hesitante como um primeiro toque, depois se intensificando em paixão e desejo. Era um beijo proibido, roubado da escuridão, mas também um beijo de libertação, uma declaração silenciosa de amor que transcendia todas as barreiras. No calor daquele beijo, Abena e Jun-ho se perderam um no outro, esquecendo por um instante o perigo, a proibição e o mundo exterior. Naquele jardim secreto, sob a luz da lua cúmplice, o romance proibido finalmente floresceu em sua plenitude, selado por um beijo apaixonado e a promessa silenciosa de um amor que desafiaria o tempo e o destino.

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!