A empolgação borbulhava dentro de Joon-ho como o vapor suave que emanava de sua xícara de chá quente. Nos últimos dias, a pesquisa com Imani havia se tornado uma torrente de descobertas, culminando no achado surpreendente do registro de “casamento” no arquivo histórico. Ele mal podia conter o entusiasmo ao encontrar seu mentor, o Professor Park, em uma casa de chá tradicional aninhada em meio à agitação urbana de Seul.
“Professor, o diário… é ainda mais extraordinário do que imaginávamos!” Joon-ho exclamou, inclinando-se sobre a mesa baixa de madeira, seus olhos brilhando por trás dos óculos.
“Encontramos um registro… um tipo de registro de casamento envolvendo Lee Jun-ho e Abena!”
O Professor Park, um historiador renomado com décadas de experiência e um olhar perspicaz por trás de seus óculos de aro fino, ergueu uma sobrancelha, demonstrando um interesse contido, mas genuíno. “Um casamento, Joon-ho? Na era Joseon? Entre um nobre e uma escrava estrangeira? Isso seria… verdadeiramente inédito.”
Joon-ho assentiu vigorosamente, desdobrando uma cópia do documento cuidadosamente reproduzida em papel hanji para mostrar ao mentor. “Não é um casamento nos termos modernos, claro, mas um registro oficial da família Park, reconhecendo a união e… mencionando a linhagem.” Ele detalhou a descoberta, explicando o contexto do documento, o vocabulário arcaico e suas implicações potenciais para a compreensão das dinâmicas sociais e raciais da era Joseon.
O Professor Park examinou o documento com atenção, seu rosto impassível, mas o brilho em seus olhos revelando sua excitação intelectual. Após um longo momento de silêncio contemplativo, ele finalmente falou, sua voz ponderada e sábia. “Joon-ho, isso é… potencialmente revolucionário. Se genuíno e bem fundamentado, pode reescrever parte da nossa compreensão da história social Joseon.”
Mas a empolgação do Professor Park vinha temperada com um conselho de cautela. “No entanto,” ele continuou, com um tom mais sério, “você precisa proceder com extrema cautela. Um achado tão extraordinário inevitavelmente atrairá ceticismo, especialmente na nossa comunidade acadêmica… e você sabe como Choi Soo-jin pode ser.” O nome da historiadora rival pairou no ar, carregado de um peso de rivalidade profissional e animosidade pessoal. “Verifique cada detalhe, questione suas próprias premissas, antecipe as críticas e prepare-se para defender suas conclusões com rigor e evidências irrefutáveis.”
O destino, ou talvez a natureza competitiva do meio acadêmico de Seul, conspirou para que Choi Soo-jin também estivesse presente na casa de chá naquele dia. Sentada em uma mesa mais reservada, separada da de Joon-ho e Professor Park por uma divisória de papel delicado, ela pretendia desfrutar de um momento de tranquilidade com uma colega, mas seus ouvidos aguçados captaram fragmentos da conversa animada na mesa vizinha.
O nome de Joon-ho, as palavras “diário”, “era Joseon”, “casamento” e “escrava africana” saltaram para seus ouvidos como alarmes estridentes. Choi Soo-jin, uma historiadora ambiciosa e notória por sua visão cética e sua rivalidade acirrada com Joon-ho, instantaneamente se sentiu intrigada e desconfiada. Ela fingiu se concentrar em sua própria conversa, mas seus ouvidos permaneceram atentos à troca entre Joon-ho e o Professor Park.
Quando ouviu Joon-ho mencionar o “registro de casamento”, um sorriso fino e sarcástico curvou seus lábios. Registro de casamento? Uma escrava africana? Joon-ho e suas tendências para o sensacionalismo… pensou ela, revirando os olhos internamente. Choi Soo-jin sempre considerara o trabalho de Joon-ho superficial e tendencioso, movido mais pela busca por notoriedade do que pelo rigor acadêmico. A ideia de que ele havia “descoberto” algo tão extraordinário a irritava profundamente.
Quando a conversa na mesa vizinha diminuiu o volume, Choi Soo-jin aproveitou a oportunidade para se aproximar, fingindo um encontro casual e um interesse repentino. “Joon-ho-ssi? Professor Park? Que agradável surpresa encontrá-los aqui,” ela disse, com um sorriso forçado e um tom de voz exageradamente amigável, aproximando-se da mesa com uma graça estudada. “Ouvi dizer que estavam discutindo algo… empolgante?” Seus olhos fixaram-se em Joon-ho, aguardando a resposta com uma falsa curiosidade que mal disfarçava seu ceticismo.
O encontro “casual” na casa de chá foi apenas o prelúdio. Alguns dias depois, em um evento acadêmico na Biblioteca Nacional, Choi Soo-jin fez questão de confrontar Joon-ho e Imani publicamente, transformando a curiosidade sarcástica em um ataque direto e incisivo à pesquisa deles.
Imani acompanhava Joon-ho em um pequeno seminário sobre história Joseon, um evento discreto, mas que reunia figuras importantes da comunidade acadêmica de Seul. Enquanto Joon-ho apresentava um resumo preliminar de suas descobertas, enfatizando a importância do diário como uma janela para um passado complexo e pouco explorado, Choi Soo-jin levantou a mão, interrompendo a apresentação com um sorriso afetado.
“Joon-ho-ssi,” ela começou, sua voz projetada para alcançar todos os presentes, carregada de um tom condescendente, “sua… descoberta é certamente… interessante. Mas permita-me questionar alguns pontos.” Seus olhos fixaram-se em Imani por um instante rápido, com um brilho de desdém antes de retornar a Joon-ho.
Choi Soo-jin lançou uma série de perguntas incisivas e críticas, questionando a autenticidade do diário, a metodologia de Joon-ho, e a relevância histórica de suas conclusões. “Com todo o respeito, Joon-ho-ssi, um diário encontrado em um mercado de antiguidades? Não soa um pouco… conveniente demais? Temos como garantir a procedência, a autenticidade deste documento? Não poderia ser uma falsificação elaborada, ou mesmo uma mera ficção?”
Ela continuou, elevando o tom e usando jargão acadêmico para minar a credibilidade da pesquisa de Joon-ho. “E mesmo que o diário seja genuíno, podemos realmente inferir conclusões históricas amplas a partir de um único relato pessoal, sem contexto histórico mais amplo, sem evidências corroborativas? Não estaríamos correndo o risco de… romantizar o passado, de projetar nossas próprias fantasias e desejos em um documento de origem questionável?”
O confronto público com Choi Soo-jin não apenas desafiou a pesquisa de Joon-ho, mas também acendeu uma chama de rivalidade ainda mais intensa. Determinada a desacreditar Joon-ho e provar sua própria superioridade acadêmica, Choi Soo-jin mergulhou em uma investigação frenética sobre a família nobre Park e o período histórico mencionado no diário.
Ela passou dias trancada em arquivos históricos, bibliotecas e centros de pesquisa, revirando documentos empoeirados, registros genealógicos, cartas antigas e outros artefatos em busca de qualquer informação que pudesse contradizer as alegações do diário ou revelar inconsistências na narrativa de Joon-ho. Sua motivação não era apenas acadêmica, mas também pessoal: ela queria desmascarar o que considerava uma pesquisa sensacionalista e superficial de Joon-ho, elevando seu próprio status no competitivo mundo da história coreana.
Choi Soo-jin adotou uma abordagem implacável, questionando cada detalhe, procurando por furos na argumentação de Joon-ho, e buscando especialistas que pudessem corroborar seu ceticismo. Ela contatou outros historiadores renomados, espalhou rumores sobre a “fragilidade” da pesquisa de Joon-ho, e plantou dúvidas na mente de colegas e mentores. Sua investigação se transformou em uma cruzada pessoal, uma busca obsessiva por desacreditar Joon-ho a qualquer custo.
Imani, assistindo ao desenrolar da rivalidade acadêmica entre Joon-ho e Choi Soo-jin, sentiu-se cada vez mais desconfortável e apreensiva. A atmosfera competitiva e muitas vezes implacável do mundo acadêmico era algo novo e estranho para ela. A paixão pela história que a trouxera a Seul parecia estar se transformando em uma batalha de egos e ambições, obscurecendo a beleza e a sensibilidade da história de Abena e Jun-ho.
Ela via o peso das críticas de Choi Soo-jin recaindo sobre os ombros de Joon-ho, a pressão de ter sua pesquisa questionada publicamente, e a ameaça de ter seu trabalho e reputação profissional manchados pela rivalidade acadêmica. Imani se sentia parcialmente responsável, como se sua busca pessoal pela história de sua ancestral tivesse inadvertidamente desencadeado uma tempestade no mundo de Joon-ho.
“Eu sinto muito, Joon-ho,” Imani disse a ele em uma noite na casa de hóspedes, a voz carregada de preocupação. “Por ter te colocado nessa situação… por causa do meu diário, você está enfrentando tudo isso.”
Joon-ho sorriu gentilmente, tentando tranquilizá-la, embora a sombra da preocupação também pairasse sobre seu rosto. “Não se preocupe, Imani. É assim que o mundo acadêmico funciona às vezes. Rivalidades, ceticismo… faz parte do processo. O importante é que confiamos na nossa pesquisa, na história que o diário conta. E juntos, vamos defender essa verdade.” Mas, por dentro, tanto Imani quanto Joon-ho sabiam que a sombra de Choi Soo-jin se alongava sobre eles, e a batalha pela verdade da história de Abena e Jun-ho estava apenas começando.
e Jun-ho no diário, estava prestes a ganhar um novo capítulo, um capítulo escrito não em palavras, mas em corpos, em toques, em suspiros roubados e na linguagem silenciosa e poderosa do amor.
conectava passado e presente em um fio de esperança e admiração.
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Atualizado até capítulo 20
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