Capítulo 5: Primeiros Passos na Pesquisa

Na manhã seguinte, a casa de hóspedes “Lua Cheia” se transformou em um pequeno centro de pesquisa improvisado. Imani e Joon-ho se encontraram na sala comum, a mesa de madeira clara agora coberta por livros de história, dicionários de coreano antigo, cadernos e, no centro de tudo, o diário amarelado. A atmosfera era de colaboração e entusiasmo, o ar vibrando com a promessa de descobertas.

Joon-ho, com sua expertise em história Joseon, assumiu o papel de guia, traduzindo trechos do diário em coreano antigo para um inglês mais acessível para Imani. Ele lia os caracteres fluidos com fluidez, sua voz suave preenchendo o silêncio matinal da casa de hóspedes. Imani acompanhava atentamente, seus olhos saltando entre as páginas do diário, as anotações de Joon-ho e o rosto concentrado do historiador.

"Aqui, Abena descreve a casa da família Park," Joon-ho explicou, apontando para uma passagem no diário. "Ela fala dos jardins extensos, dos edifícios imponentes e… da sensação de opulência sufocante." Ele traduzia com precisão, mas também com sensibilidade, capturando o tom melancólico e poético da escrita de Abena.

Imani anotava cada detalhe em seu caderno, absorvendo as informações com avidez. A cada nova tradução, a história de Abena e Jun-ho se tornava mais vívida e complexa, ganhando profundidade e nuances. Ela fazia perguntas a Joon-ho, curiosa sobre os costumes da época, a vida dos nobres e a condição dos escravos na era Joseon.

Em uma pausa na tradução, Joon-ho se inclinou para frente, seus óculos brilhando à luz da janela. "Para entender a história de Abena e Jun-ho, Imani, você precisa compreender a estrutura da sociedade Joseon," ele começou, com um tom didático, mas envolvente. "Era uma sociedade profundamente hierárquica, rigidamente dividida em classes sociais, influenciada pelo confucionismo."

Ele explicou os yangban, a classe nobre dominante, da qual a família Park fazia parte, os jungin (classe média), os sangmin (plebeus) e, na base da pirâmide social, os cheonmin, a classe mais baixa, que incluía escravos, artistas e outras ocupações consideradas "vãs".

"Um romance entre um nobre yangban e um cheonmin já seria escandaloso, quase impensável," Joon-ho enfatizou, sua voz carregada de gravidade. "Mas um romance inter-racial, com uma escrava africana… isso seria considerado ainda mais proibido, um tabu absoluto. Desafiaria todas as normas sociais e culturais da época."

Imani ouvia atentamente, absorvendo cada palavra, a gravidade da situação de Abena e Jun-ho se tornando cada vez mais clara. As barreiras que eles enfrentaram não eram apenas sociais, mas também raciais e culturais, um verdadeiro campo minado para um romance florescer. O diário, de repente, parecia carregar um peso ainda maior, um testemunho de um amor que desafiou o impossível.

Para trazer a história à vida e visualizar o mundo de Abena e Jun-ho, Joon-ho sugeriu uma visita a um local histórico significativo: o Palácio Gyeongbokgung. "É o maior e talvez o mais belo dos palácios reais de Seul," ele explicou. "Embora a família Park possa não ter vivido lá precisamente, palácios como Gyeongbokgung representam o auge da arquitetura e do estilo de vida nobre na era Joseon. Pode nos ajudar a imaginar o ambiente em que Abena se encontrou."

Imani concordou entusiasticamente. A ideia de caminhar pelos mesmos espaços que Abena e Jun-ho, mesmo que apenas em sua imaginação, era irresistível.

Ao chegarem ao Palácio Gyeongbokgung, Imani ficou imediatamente impressionada com a grandiosidade e a beleza do complexo. Portões imponentes, edifícios coloridos com telhados curvos elegantes, pátios espaçosos e jardins meticulosamente cuidados se estendiam por todos os lados, emoldurados pelas montanhas verdejantes que cercavam Seul.

Joon-ho guiou Imani através do palácio, explicando a função de cada edifício, a história da dinastia Joseon e os costumes da corte real. Eles caminharam pelos salões reais, imaginando os reis e rainhas que ali viveram, as cerimônias e intrigas que ali se desenrolaram séculos atrás.

Enquanto passeavam pelos jardins do palácio, com suas lagoas serenas, pontes de madeira delicadas e pavilhões escondidos sob a sombra de árvores centenárias, Imani e Joon-ho começaram a imaginar Abena e Jun-ho ali.

"Imagine Abena caminhando por estes jardins," Imani disse, sua voz suave, quase um sussurro. "Talvez não exatamente aqui, mas em um jardim como este, na propriedade da família Park."

Joon-ho assentiu, seu olhar perdido no horizonte. "E Jun-ho… talvez ele a observasse de um desses pavilhões, ou a encontrasse secretamente perto da lagoa, longe dos olhares curiosos."

Eles caminharam em silêncio por um tempo, cada um perdido em seus próprios pensamentos, deixando a imaginação preencher as lacunas da história. Imani podia quase visualizar Abena, uma figura solitária em meio à opulência estrangeira, encontrando um refúgio de paz na beleza dos jardins coreanos. E Jun-ho, o jovem nobre dividido entre suas responsabilidades familiares e um desejo proibido, buscando refúgio naquele mesmo jardim, encontrando em Abena algo que transcendia as barreiras sociais e raciais.

O Palácio Gyeongbokgung, com sua aura de história e beleza silenciosa, tornou-se um cenário vivo para a história de Abena e Jun-ho, um portal para o passado que eles estavam desvendando juntos.

Ao final da tarde, após um dia intenso de exploração histórica e tradução, Joon-ho sugeriu jantar juntos em um restaurante coreano tradicional próximo ao palácio. Imani aceitou de bom grado. A fome apertava, e a companhia de Joon-ho, além de intelectualmente estimulante, se tornava cada vez mais agradável em um nível pessoal.

O restaurante era um refúgio acolhedor, com mesas baixas, tatames no chão e decoração rústica em madeira. O aroma delicioso de bulgogi e kimchi pairava no ar, abrindo o apetite. Sentados frente a frente, Imani e Joon-ho relaxaram, a atmosfera informal do restaurante quebrando a formalidade da biblioteca e do palácio.

A conversa, inicialmente focada na história de Abena e nos desafios da pesquisa, gradualmente se expandiu para outros tópicos. Eles falaram sobre suas vidas, suas paixões, seus sonhos e aspirações. Imani compartilhou suas impressões sobre Seul, sua busca por identidade e a conexão inesperada que sentia com a Coreia. Joon-ho falou sobre sua paixão pela história coreana, seus desafios como historiador e seu amor pela cidade de Seul.

Risadas suaves se misturaram com discussões animadas. Olhares se encontraram e se demoraram um pouco mais do que o estritamente profissional. Imani percebeu que Joon-ho era mais do que um historiador talentoso e um guia útil. Ele era inteligente, sensível, divertido e… inesperadamente atraente. Joon-ho, por sua vez, parecia genuinamente cativado pela curiosidade de Imani, sua paixão pela história de Abena e sua vivacidade contagiante.

O jantar se estendeu por horas, a conversa fluindo naturalmente, como se eles se conhecessem há muito tempo. Ao final da noite, enquanto caminhavam de volta para a casa de hóspedes sob o céu estrelado de Seul, uma nova dinâmica havia se estabelecido entre Imani e Joon-ho. A parceria profissional havia se transformado em algo mais, uma conexão pessoal que prometia enriquecer ainda mais a busca pela história de Abena e Jun-ho… e talvez, abrir caminho para uma nova história a ser escrita no presente.

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!