A paciência vigilante de Min-jae finalmente rendeu frutos amargos. Após dias de observação silenciosa e interrogatórios sutis, ele decidiu intensificar sua vigilância, convencido de que a "familiaridade inapropriada" entre seu irmão e a escrava africana escondia algo mais profundo e perigoso. Escondido atrás de um biombo de bambu no jardim secreto, Min-jae esperou, o coração pulsando com uma mistura de raiva e determinação em desmascarar o que ele considerava uma afronta à honra de sua família.
O cair da tarde trouxe Abena e Jun-ho para o jardim, como mariposas noturnas atraídas pela luz proibida do amor. Sob a copa florida de uma cerejeira ancestral, longe dos olhares curiosos dos servos, eles se encontraram. Min-jae os observava, a respiração suspensa, os músculos tensos, pronto para registrar qualquer deslize, qualquer prova irrefutável de sua transgressão.
Inicialmente, a cena parecia inocente. Abena e Jun-ho conversavam em voz baixa, suas cabeças próximas, compartilhando confidências sussurradas. Mas então, o gesto fatídico aconteceu. Jun-ho ergueu a mão e acariciou o rosto de Abena com ternura, seus dedos demorando-se na pele escura. Abena respondeu ao toque, seus olhos se fechando em um suspiro silencioso. E então, aconteceu. Sob as pétalas rosadas que caiam como neve primaveril, Jun-ho se inclinou e beijou Abena.
O beijo não foi um selinho furtivo, mas sim um encontro apaixonado, lábios se pressionando com ânsia, corpos se aproximando em busca de calor e consolo. Para Min-jae, observando a cena com os olhos semicerrados pela fúria, aquilo era a confirmação de seus piores temores, a prova escandalosa do romance proibido. Um sorriso triunfante, frio e calculista, curvou seus lábios. A prova que ele precisava. A hora de agir havia chegado.
Min-jae se afastou do biombo, seus passos firmes e decididos ecoando pelo jardim silencioso. Ele marchou diretamente para o escritório de seu pai, Lord Park, o coração pulsando com a certeza de que a ordem e a honra familiar seriam restauradas, custasse o que custasse.
Lord Park aguardava no escritório, a luz fraca do entardecer projetando sombras longas e ameaçadoras pelas paredes de madeira escura. O silêncio austero do cômodo era quebrado apenas pelo tique-taque monótono de um relógio antigo, medindo o tempo em compasso de espera para a tempestade que se avizinhava. Quando Jun-ho foi chamado ao escritório pelo servo com um semblante preocupado, ele já sabia que algo grave havia acontecido. O olhar sombrio de seu pai, a postura rígida e a atmosfera carregada no ar anunciavam um confronto inevitável.
“Jun-ho,” Lord Park começou, a voz baixa e controlada, mas carregada de uma fúria reprimida que a tornava ainda mais ameaçadora. “Seu irmão me relatou… algo profundamente perturbador. Algo que eu me recuso a acreditar ser verdade. Diga-me que Min-jae está enganado. Diga-me que não é verdade que você se envolveu… com a escrava africana.”
Jun-ho permaneceu em silêncio por um longo momento, o peso do olhar de seu pai esmagando-o como uma bigorna invisível. Ele sabia que mentir seria inútil, que a verdade já havia sido descoberta e que negar apenas pioraria a situação. Com um suspiro pesado, ele finalmente ergueu os olhos e encarou o rosto severo de seu pai.
“Pai… eu… eu sinto algo por Abena. Sim.”
A confissão silenciosa de Jun-ho foi como um raio em céu claro no escritório. A fúria de Lord Park, antes contida, explodiu em uma torrente de indignação e decepção. Ele se levantou abruptamente da cadeira, batendo as mãos na mesa com força, fazendo os objetos de caligrafia tremerem. “Como você ousa, Jun-ho?” Ele trovejava, a voz agora elevada e vibrante de raiva.
“Como você ousa desonrar o nome da nossa família, manchar a nossa linhagem, se rebaixando a esse nível? Um nobre Park… com uma escrava imunda? Você me envergonha! Você envergonha a nossa família! Você envergonha a si mesmo!”
Mas algo havia mudado em Jun-ho nos últimos meses. O amor de Abena, a força que ele encontrava em sua conexão proibida, havia lhe dado uma nova coragem, uma nova determinação para desafiar as expectativas familiares e lutar por seus próprios sentimentos. Ele não era mais o filho obediente e submisso de antes. Ele era um homem apaixonado, disposto a arriscar tudo por amor.
“Pai, por favor, ouça,” Jun-ho respondeu, a voz firme, apesar da tremedeira interna. “Eu sei que é… incomum. Que é contra as tradições. Mas o que eu sinto por Abena é real. É profundo. Ela não é apenas uma escrava para mim. Ela é… ela é extraordinária.”
Lord Park soltou uma risada amarga e descrente. “Extraordinária? Uma escrava africana? Você está cego pela paixão, Jun-ho. Você perdeu o juízo. Você não entende as consequências do que está fazendo. Você está brincando com o fogo, e vai se queimar, e vai queimar a nossa família junto com você!”
“Não, Pai, o senhor não entende,” Jun-ho retrucou, o tom de voz agora elevando-se em desafio. “O senhor fala em tradição, em honra, em reputação… mas o que é a honra sem amor? O que são tradições que nos aprisionam e nos impedem de seguir o nosso coração?
Abena não é uma ameaça para a nossa família, Pai. Ela é… ela é a minha felicidade.” As palavras ecoaram no escritório, ousadas e desafiadoras, rompendo séculos de tradição e hierarquia familiar.
ainda mais. Ele se aproximou do filho, o rosto vermelho de raiva, os olhos faiscando fúria. “Você se atreve a me desafiar, Jun-ho? A questionar a minha autoridade? A colocar essa… escrava acima da sua família, acima da sua honra?” Sua voz era um trovão furioso, preenchendo o escritório com uma aura de ameaça iminente.
“Você pensa que o amor justifica tudo? Que você pode ignorar as regras, as leis, as expectativas da nossa sociedade? Você está enganado, meu filho. Muito enganado. Este… capricho seu… vai acabar. E vai acabar agora.”
Lord Park se afastou de Jun-ho, caminhando em direção à porta do escritório, a determinação fria em seus olhos. “Eu sei como resolver isso,” ele murmurou, com um tom ameaçador e calculista. “Se você não tem juízo para terminar essa… aberração… eu terei que tomar medidas mais… drásticas. E essas medidas… irão recair sobre a escrava.”
Ele se virou para Jun-ho, o rosto agora impassível, mas ainda mais assustador em sua frieza. “Deixe-me ser claro, Jun-ho. Se eu descobrir que você voltou a se encontrar com essa escrava, se esse romance continuar… Abena pagará caro. MUITO caro. Eu a punirei de forma que você nunca mais a desejará. Entendeu?” A ameaça pairou no ar, pesada e sinistra, como uma sentença de morte silenciosa. Lord Park saiu do escritório, deixando Jun-ho sozinho com o peso esmagador do conflito familiar e o terror pela segurança de Abena.
Abena ouvira tudo. Desde o início da discussão acalorada, atraída pelo tom de voz elevado de Lord Park, ela se aproximara do escritório e se escondera atrás da porta entreaberta, o coração batendo descontroladamente no peito. A cada palavra furiosa, a cada ameaça velada, o terror a invadia como uma onda gelada.
As palavras de Lord Park ressoavam em seus ouvidos como sinos fúnebres, anunciando o desastre iminente.
“Escrava imunda… desonrar a família… punir a escrava… nunca mais a desejará…” Cada frase era uma facada em seu coração, confirmando seus piores temores. Ela era a causa da fúria de Lord Park, o alvo de sua vingança, o obstáculo a ser removido para restaurar a ordem e a honra familiar.
Lágrimas silenciosas escorriam pelo rosto de Abena, misturando-se ao suor frio que cobria sua pele. Seus joelhos tremiam, suas mãos estavam geladas, e um nó de pânico apertava sua garganta, impedindo-a de respirar. Ela sabia que Lord Park não estava blefando. Ele era um homem de poder e palavra, capaz de cumprir suas ameaças com crueldade e impunidade. O futuro se apresentava sombrio e incerto, tingido pelo medo da punição, da separação e da perda do amor que ousara florescer em meio à escuridão. O conflito familiar no passado havia se tornado uma tempestade furiosa, e Abena, no epicentro do furacão, se sentia impotente e aterrorizada, presa em um destino que parecia cada vez mais inevitável e trágico.
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Atualizado até capítulo 20
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