Capítulo 12: A Investigação de Kim Ji-hoon

O toque insistente do celular interrompeu o silêncio impecável do escritório de Kim Ji-hoon. Ele atendeu a chamada, o nome “Choi Soo-jin” piscando no visor. Um suspiro imperceptível escapou de seus lábios. Choi Soo-jin. Uma figura conhecida no circuito acadêmico, e, infelizmente, uma fonte frequente de… complicações.

“Ji-hoon-ssi,” a voz aguda e ligeiramente melodramática de Choi Soo-jin ecoou do outro lado da linha, sem rodeios. “Espero que esteja bem. Tenho… informações que podem ser do seu interesse.”

Ji-hoon, um homem de negócios bem-sucedido com uma linhagem que remontava à nobreza Joseon, franziu a testa, sentando-se mais ereto em sua cadeira de couro. “Choi Soo-jin-ssi, seja direta, por favor.” Seu tempo era valioso, e conversas indiretas com a historiadora raramente traziam bons presságios.

“Claro, claro,” Choi Soo-jin respondeu, o tom carregado de uma falsa urgência. “É sobre… a sua família. A família Park.” Uma pausa dramática se seguiu, como se para maximizar o efeito de suas próximas palavras. “Parece que um certo historiador… Lee Joon-ho… está escavando o passado da sua ilustre família. E… encontrei evidências de que essa pesquisa pode ser… delicada, para dizer o mínimo.”

Ji-hoon sentiu um frio percorrer sua espinha. O nome de Lee Joon-ho era familiar, um historiador local com reputação de investigar cantos obscuros da história coreana. Mas o que Choi Soo-jin queria dizer com “delicado”? E por que ela o estava contatando?

“Delicado como?” Ji-hoon questionou, a voz agora carregada de cautela.

“Parece que Joon-ho-ssi, em colaboração com… uma estrangeira, uma afro-americana, pelo que entendi…,” Choi Soo-jin enfatizou a palavra “estrangeira” com um tom ligeiramente desdenhoso, “… está seguindo uma história… digamos… romântica, envolvendo um membro da sua família Park na era Joseon e… uma escrava africana.”

O silêncio se instalou no escritório de Ji-hoon, denso e pesado. Um romance… inter-racial… na família Park? A ideia soava absurda, ultrajante, e, ao mesmo tempo, vagamente perturbadora. A reputação da família Park era impecável, construída ao longo de gerações de honra e tradição. Um escândalo envolvendo um romance proibido, especialmente com conotações raciais, poderia manchar o nome da família para sempre.

“Obrigado por me avisar, Choi Soo-jin-ssi,” Ji-hoon disse finalmente, a voz agora fria e profissional. “Eu investigarei isso.” Desligou o telefone, o peso das palavras de Choi Soo-jin pairando no ar ao seu redor. A investigação começaria imediatamente.

Ji-hoon iniciou sua investigação com a precisão e a eficiência de um profissional experiente. Digitando o nome “Lee Joon-ho” em um mecanismo de busca, rapidamente obteve um perfil do historiador local, seus artigos acadêmicos, suas entrevistas em jornais online e sua presença discreta nas redes sociais. Joon-ho parecia ser um estudioso sério, respeitado em sua área, mas sem grande projeção pública. Nada de alarmante ali, exceto, talvez, uma certa tendência a temas históricos “alternativos”, como ele percebeu ao ler alguns títulos de artigos.

Em seguida, buscou pelo nome “Imani”. A pesquisa revelou um perfil online muito mais vibrante e público. Imani. Uma jovem afro-americana com um blog de viagens popular e contas ativas em diversas redes sociais. Ji-hoon navegou pelas páginas online de Imani, examinando suas fotos, lendo seus posts, montando um quebra-cabeça digital da vida da estrangeira que havia se intrometido na história de sua família.

O blog de viagem de Imani era um caleidoscópio de cores e experiências. Fotos de paisagens exóticas, mercados vibrantes, rostos sorridentes de pessoas de diferentes culturas. E, mais recentemente, posts detalhados sobre Seul, sobre a cultura coreana, sobre museus históricos e palácios antigos. Ji-hoon percebeu um padrão: Imani parecia genuinamente fascinada pela Coreia, por sua história e tradições. Mas o que a havia trazido para Seul? E qual era sua ligação com Lee Joon-ho?

Nas redes sociais de Imani, Ji-hoon encontrou mais peças do quebra-cabeça. Fotos com Joon-ho em locais históricos de Seul, comentários trocados em posts sobre história coreana, menções sutis a uma “pesquisa conjunta”. A conexão entre Imani e Joon-ho parecia cada vez mais clara, e cada vez mais preocupante. Ji-hoon sentia um nó no estômago. Ele precisava saber mais. E a casa de hóspedes de Imani parecia ser um bom lugar para começar.

Ji-hoon vestiu um sorriso amigável e dirigiu-se à casa de hóspedes “Lua Cheia”, o endereço discretamente obtido através das redes sociais de Imani. A casa hanok, charmosa e tradicional, destoava do cenário urbano moderno ao redor. Ao tocar a campainha, foi recebido por Sra. Lee, a proprietária, com sua habitual hospitalidade calorosa.

“Annyeonghaseyo! Bem-vindo à Lua Cheia,” Sra. Lee disse, curvando-se levemente em saudação.

“Annyeonghaseyo, Sra. Lee,” Ji-hoon respondeu, devolvendo o sorriso e a saudação. “Meu nome é Kim Ji-hoon. Sou um entusiasta da história local, e… fiquei sabendo que a sua casa de hóspedes é um local muito especial, com uma atmosfera tradicional encantadora.” Ele lançou um olhar admirado para o pátio interno, fingindo encanto pela arquitetura hanok.

Sra. Lee sorriu, visivelmente lisonjeada. “Oh, sim, muitos hóspedes apreciam a nossa casa. É um pedaço da Coreia antiga no coração de Seul.”

Ela o convidou a entrar no pátio, oferecendo-lhe um chá.

Enquanto tomavam chá, Ji-hoon começou a sondar Sra. Lee discretamente, fingindo um interesse casual pelos hóspedes da casa.

“Imagino que receba muitos estrangeiros aqui, Sra. Lee,” ele comentou, com um tom amigável.

“Pessoas interessadas em história e cultura coreana, talvez?”

Sra. Lee assentiu, orgulhosa. “Sim, muitos. De todo o mundo. É um prazer receber pessoas tão curiosas e respeitosas.”

Ji-hoon aproveitou a deixa para direcionar a conversa para Imani. “A propósito, eu estava lendo um blog de viagens recentemente… de uma jovem americana chamada Imani. Acho que ela mencionou ter ficado hospedada aqui.” Ele observou a reação de Sra. Lee atentamente.

Sra. Lee sorriu, reconhecendo o nome imediatamente. “Ah, Imani-ssi! Sim, uma hóspede muito querida. Uma jovem muito inteligente e interessada na história coreana.” Ela parecia genuinamente gostar de Imani, falando dela com um tom afetuoso.

Ji-hoon intensificou sua sondagem, ainda mantendo um tom casual. “E ela está viajando sozinha? Ou… está com alguém? Talvez um… historiador coreano?” Ele lançou um olhar perscrutador para Sra. Lee, esperando por qualquer informação reveladora.

Sra. Lee, no entanto, manteve-se cordial, mas evasiva, respondendo com generalidades e desviando o assunto com sutileza. Ji-hoon percebeu que Sra. Lee era mais discreta e leal aos seus hóspedes do que ele esperava. Sua visita à casa de hóspedes não havia rendido as informações concretas que buscava, mas confirmara uma coisa: Imani e Joon-ho estavam trabalhando juntos, e Sra. Lee parecia saber mais do que estava disposta a revelar.

Frustrado com a falta de informações da casa de hóspedes, Ji-hoon decidiu adotar uma abordagem mais direta. Usando as pistas obtidas nas redes sociais de Imani e no perfil acadêmico de Joon-ho, ele conseguiu prever um possível local de encontro dos dois: um templo budista histórico nos arredores de Seul. No dia seguinte, Ji-hoon estacionou seu carro discretamente nas proximidades e esperou, observando o movimento no estacionamento.

Não demorou muito para que ele os visse. Imani e Joon-ho chegaram juntos, caminhando lado a lado em direção à entrada do templo, absortos em uma conversa animada. Ji-hoon os seguiu à distância, mantendo-se discreto e observador, como uma sombra silenciosa.

Enquanto Imani e Joon-ho exploravam o templo, admirando os edifícios ornamentados, os jardins serenos e os artefatos religiosos, Ji-hoon os seguia de perto, anotando seus movimentos, suas conversas, sua interação. Ele os viu trocando olhares cúmplices, sorrisos discretos e toques sutis. A proximidade física entre os dois era inegável, a atmosfera entre eles carregada de uma intimidade que ia além da mera colaboração acadêmica.

Para Ji-hoon, as peças do quebra-cabeça finalmente começaram a se encaixar. A pesquisa histórica, o romance improvável, a colaboração íntima… tudo apontava para uma única conclusão: Joon-ho e Imani estavam envolvidos em algo mais do que uma simples investigação acadêmica. E se o que Choi Soo-jin havia insinuado fosse verdade? E se a história que eles estavam desenterrando realmente ameaçasse a reputação da família Park? A paranoia começou a se instalar em sua mente. Ele precisava descobrir a verdade. E precisava fazer isso rrápido

Enquanto Ji-hoon os observava de longe, Imani e Joon-ho, paradoxalmente, começaram a sentir uma crescente sensação de desconforto, uma intuição sutil de que não estavam sozinhos, de que olhos invisíveis os seguiam. Durante a visita ao templo, ambos se pegaram olhando ao redor com mais frequência, percebendo olhares estranhos, sombras que se moviam de forma suspeita. Era uma sensação vaga, imprecisa, mas persistente, como um arrepio na espinha que não desaparecia.

“Você não tem a sensação de que… estamos sendo observados?” Imani sussurrou para Joon-ho em um momento em que se afastaram dos outros turistas no templo. Sua voz era baixa, quase inaudível, mas carregada de apreensão.

Joon-ho hesitou por um instante, olhando ao redor cautelosamente, antes de responder, também em um sussurro. “Eu… talvez seja apenas paranoia nossa. Mas… sim, eu senti algo também. Um olhar… distante.” Ele não queria alarmar Imani, mas a verdade é que ele também sentia uma pontada de desconforto, uma sombra sutil pairando sobre seus encontros.

Ao final do dia, enquanto retornavam para Seul, a sensação de estarem sendo observados persistia, como um fantasma invisível em seu encalço. A alegria da descoberta histórica e a paixão crescente em seu relacionamento começaram a ser toldadas por uma nuvem de incerteza e medo. A investigação de Kim Ji-hoon havia começado, e o segredo de Imani e Joon-ho, assim como o romance proibido de Abena e Jun-ho séculos atrás, estava agora sob uma nova e perigosa ameaça. O clima em Seul, antes ensolarado e promissor, começava a se carregar de sombras e suspeitas.

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