Capítulo 17

Romeu.

Chego em casa e estou louco para saber o que o Rogem tem a me dizer sobre Charlotte Miller... Tiro meu paletó, pego uma bebida e me atiro em meu sofá:

— Então, Rogem, me diz o que você tem para mim!

— Senhor, aqui está o relatório, mas vai ficar impressionado com o que eu descobri. — Pego o envelope das mãos do Rogem e abro.

— Espero que sua pesquisa esteja completa desta vez — digo e começo a ler... — Por que tem fatos da vida do deputado Gomes aqui? — pergunto ao Rogem.

— Senhor, o deputado Gomes é ex-sogro da garota. Aos 15 anos, Charlotte Miller namorava o filho dele, John Martínez. — Não gostei nada do que disse, e Rogem continua...

— Eles são amigos desde a infância. Gomes se separou da sua esposa há três anos e, consequentemente, a esposa e o filho foram morar na Itália.

— Ok, mas o deputado Gomes Martínez não me interessa, e sim Charlotte.

— Eu sei, senhor, por isso que o senhor precisa saber o motivo de Charlotte Miller ter mostrado o dedo do meio a três anos atrás ao deputado Gomes, envegonhando o seu pai, Eduardo Miller, numa grande festa onde a designer Miller estava sendo homenageada pelo deputado. — Vaga na minha mente essa história, pois Eva me disse algo sobre isso, e sem falar que eu lembro dessa festa e da Charlotte chorando no escuro quando saí para fumar.

— Continua, Rogem, isso está interessante.

— Senhor, o deputado Gomes tentou violentar a senhorita Charlotte na época, e sua esposa o pegou no flagra. — Viro o copo de bebida de uma só vez.

— Por isso o safado está com medo da minha aproximação com Charlotte. Ah, deputado, por isso você não esperava...

— Senhor, a esposa guardou esse segredo e pediu a Charlotte que guardasse também. O filho, John, não sabe das escolhas do pai. E muito menos Eduardo Miller.

— E como você descobriu tudo isso, Rogem? — pergunto, cruzando até as minhas pernas...

— Senhor, quando se trata de me desculpar, não descanso até encontrar algo para lhe agradar.

— Ótimo, posso até esquecer da sua falha na segurança, por deixar Maia sumir.Agora prepara o carro; vou visitar alguém. Estou precisando mostrar meu outro lado a certas pessoas.

— Sim, senhor! — Rogem se retira, e eu subo as escadas e tomo um banho, me arrumo... Quando chego na garagem, Rogem já está com meu carro blindado pronto.

— Se vai aonde penso, senhor, digo que ele não está em casa.

— E onde você acha que devo encontrar ele, Rogem?

— Ele está em um puteiro, reunido com prostitutas e homens do nível dele: ladrão e mau caráter. — Sorrio.

— Certamente vamos encontrar o Cleiton, o adorável marido da minha priminha, com ele.

— Certeza, senhor.

(...)

Chegamos no local e, como disse o Rogem, é um lugar de quinta categoria. O cheiro é horrível, já disse que odeio puteiros e odeio prostitutas... Saio do carro, ajusto meu terno, olho para esse lugar horrível e...

— Rogem, vem comigo enquanto os outros ficam no aguardo.

— Como quiser, senhor.

E assim eu entro nesse bordel, e Rogem se aproxima de mim e diz baixinho: "Senhor, eles estão no andar de cima". Subo o andar com Rogem na minha cola e, ao chegar, entro numa sala, e o cheiro de cigarro está em todo o canto...

— Ora, ora... Encontrei o esconderijo de vocês! — digo após entrar, batendo palmas...

— Romeu? — diz o Cleiton, assustado, me olhando.

— Sim, Cleiton, o que diria a minha priminha se visse o marido dela sendo chupado por uma vadia, saiam daqui! — ordeno às putas, que saem sem reclamar.

— Romeu... Amigo... Só estamos nos divertindo... — fala o Gomes, e eu o encaro, nada satisfeito.

— Não sou seu amigo, e, outra — chamo o Rogem, com o dedo, digo no ouvido dele para ele imobilizar o deputado Gomes.

O Rogem foi até o deputado que já se encolhe.

— O que é isso? O que eu fiz? — se apavora ele, tentando fugir, mas Rogem é um cara muito peculiar que não deixa ninguém escapar. Eu pego um cigarro que estava aceso num cinzeiro sobre a mesa e me aproximo do Gomes, que tenta se livrar das garras do Rogem.

— Levanta a blusa! — eu ordeno ao Gomes, pois Rogem o colocou sentado numa cadeira.

— Romeu, o que ele te fez, cara? — pergunta o Cleiton, e eu só dou uma encarada nele, que se calou no canto. E me abaixo, ficando cara a cara com o Gomes, que está se tremendo de medo, e eu adoro isso...

— Sabia que Charlotte Miller é uma boa funcionária? — dou uma tragada no cigarro e jogo a fumaça na cara dele.

— Romeu, não sei o que ela te disse, mas aquela menina não é boa da cabeça. Ela inventou coisas sobre mim a minha ex-esposa, e graças a ela eu... — eu nem deixei ele terminar e lhe dei um soco,no estômago.

— Cala a boca, seu verme! Ela nem precisou me dizer nada, eu descobri sozinho. — Seguro o queixo dele bem forte e pego o cigarro, mirando bem no olho dele, que grita apavorado.

— Por favor, Romeu, eu faço o que quiser! — dou mais uma tragada no cigarro.

— Infelizmente, eu não vim negociar — digo isso e apago o cigarro no olho esquerdo do deputado Gomes, que grita horrores.

— Seja homem, nem doeu nada. Imagino que Charlotte Miller tenha gritado quando tentou abusar dela, e que fique claro aqui que não aturo desordem. Querem roubar do governo, roubem, querem vender suas porcarias, vendam, mas quem manda nessa porra sou eu, e eu dito as regras. Isso serve a você também, Cleiton, então quando pensar em usar Eva contra mim, imagine seu olho sendo queimado como o do nosso amigo deputado Gomes foi. Fui claro?

— Pergunto a todos que estão na sala, o Cleiton me encara e concorda com a cabeça, com os demais. Já o deputado Gomes ainda chora como uma mulherzinha...

Me retiro com o Rogem, que abre a porta do meu carro, onde eu entro, e mando ele seguir até a faculdade da Charlotte, pois essa hora ela já está saindo e indo para casa; quero ver como ela está se comportando.

— Senhor, o carro dela ainda está no estacionamento. — fala o Rogem, pois estamos na universidade FAU.

— Fique aqui escondido, quero ver ela entrando no carro e, quando ela partir, segue ela.

— Sim, senhor, mas o homem que o senhor mandou vigiar ela me mandou fotos. — diz o Rogem, e logo meu celular vibra, e eu vejo que ela se atreveu a me desobedecer, desfazendo o rabo de cavalo. E ainda fica agarrada com o tal do John Martínez.

— Alguém precisa ser punida, o que sugere, Rogem? O que você acha que devo fazer com Charlotte Miller, por ser uma menina má? — falo, vendo ela conversar no estacionamento com o tal John, e isso não me deixa nada satisfeito.

— Senhor, Charlotte Miller nunca foi a Dubai, e ela mesmo deixou claro nas suas redes sociais que é seu sonho ir lá. — fala o Rogem, e eu já sei qual castigo dar à Charlotte Miller!

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