Flórida, 00:30 de uma quinta-feira.
— Você está se arriscando, Charlotte! Para de beber! — exclamou minha amiga Nicinha, arrancando o copo de vodca da minha mão. Estamos na balada, comemorando meu aniversário de 18 anos. Sempre sonhei com essa liberdade e agora que a tenho, não pretendo deixar passar. Subo no balcão do bar e começo a dançar, fazendo movimentos sensuais que quase me fazem tocar o chão...
— Só mais um, vai! — insisto, mas logo em seguida chamo o Rau e...eca vomitei tudo, coitado do povo que estava me admirando dançar, porque, convenhamos, já me excedi...
(...)
— Amiga, tive que ligar para sua casa. — levanto a cabeça da privada, o lugar onde estou porque meu estômago resolveu se livrar de toda aquela bebedeira. A visão parece um carrossel.
— Você não deveria ter feito isso! Meu pai vai me atormentar pelo resto da vida! — digo, desabando em soluços.
— Eu não vou deixar você entrar em coma alcoólico. Que tipo de amiga eu seria? É melhor te trazer de volta à realidade do que deixar algo pior acontecer.
— Ok, você está certa, eu estou errada. Sou a filha que dá vergonha aos pais. Meu pai odeia me ver na capa da revista! — começo a chorar e me sento no chão do banheiro. — Eu nem dou tanto trabalho! É só o povo fofoqueiro que cria essas histórias!
— Amiga, você adora provocar seu pai! Precisava mesmo mostrar o dedo do meio para o deputado, justo no dia em que a designer Miller foi homenageada por ele? A mídia caiu em cima de você, mas o que se ferrou foi seu pai! — dou uma gargalhada. Tudo bem, admito, estou bêbada e a ideia de que meu pai vai me matar me faz sorrir. Acabo me deitando no chão e, ao olhar para cima, vejo ele...
— Papai, olha, eu só bebi um pouquinho, nada demais... — ele não diz nada, apenas bufando de raiva, me levanta pelos braços e me coloca em seu colo.
— Você não pode me colocar de castigo! Hoje é meu aniversário e, agora, sou maior de idade! — digo enquanto ele atravessa a boate, com todos gritando ao me ver sendo levada... Ele me coloca no carro com força e eu me sento toda torta.
— Coloca o cinto. E amanhã, mocinha, vamos ter uma conversa séria, bem séria. — diz ele, com aquele tom sério, mas eu não consigo me segurar e sorrio.
— E aí, papai Miller, sua mocinha está se comportando mal? Dessa vez a capa de revista vai ser de nós dois... Não deveria ter me pegado no colo — sorrio enquanto ele sai arrancando com o carro.
(...)
Meu nome é Charlotte Miller, acabei de fazer 18 anos, meus tão sonhados 18! Sou filha do empresário Eduardo Miller, dono da maior empresa de design da Flórida, e minha mãe se chama Nina, a melhor mãe do mundo. O único problema dela foi ter se casado com meu pai, e já deu para perceber que a minha relação com ele não é das melhores. Ao contrário do meu irmão Herry, que até ganhou o nome do vovô, sou a ovelha negra da família, enquanto o Herry, meu irmão gêmeo, é o sonho de todos os pais. Ele é o menino de ouro, e eu sou a de bronze. Sou sempre eu que dou trabalho e passo vergonha, enquanto o Herry está se formando em Medicina pela Harvard e prometeu ser o melhor médico que a Flórida já teve. Não duvido, porque o garoto é inteligente; já eu sou a burra da família, e meu pai sempre joga isso na minha cara. Já bebi demais e estou falando demais também, sinal de que tenho mágoas do meu pai, e faço o que faço só para deixá-lo furioso, ou apenas para chamar a sua atenção, eu costumo ser a “menina má” do dia para a noite!
Estou no ensino superior, apesar de não me dar muito bem com meu pai. Resolvi me apaixonar por design, desenhar e criar; é minha paixão, então estou me formando para seguir a carreira dele. Outra coisa que amo é moda; vocês nunca vão me ver vestida de qualquer jeito, porque se é para sair até só para comprar um pão, eu preciso arrasar. Se não, é melhor nem sair. E tem mais uma coisa que sou apaixonada, que suspiro só de ver a foto dele: é o "Romeu Andrade". Aquela criatura é um verdadeiro deus! Ele é lindo, sexy, charmoso, sério e misterioso — tudo que eu mais amo, já que adoro desvendar mistérios. E outra, ele é milionário, o meu sonho de marido! Mas só tem um pequeno detalhe: ele é 9 anos mais velho. E nunca é visto com mulher nenhuma. O homem é como um baú de segredos! Ou, na verdade, tenho outra teoria: ele pode ser gay! Seria um desperdício...
— Vai tomar um banho e dormir, porque amanhã vamos ter uma longa conversa, dona Charlotte. Chega, cansei dos seus joguinhos! Por que você é assim? — grita meu pai ao chegarmos em casa.
— Eu sou assim por sua culpa, que sempre diz que eu não presto para nada! Que só dou desgosto! — estou tão bêbada que falo coisas sem pensar. Amanhã não vou lembrar, mas ele vai!
— Se eu digo isso é porque você me dá motivos, Charlotte! Você disse que não queria uma festa aqui em casa com sua família, mas preferiu agir como uma bêbada qualquer, se expondo para os outros como uma vadia! — eu choro! E ele grita na minha cara!
— Você só me dá vergonha! O que fiz a você, Charlotte? Por que você não é como seu irmão? — diz ele, às lágrimas. E eu também estou chorando, mas não abaixo a cabeça de forma alguma para ele. Acho que isso é o pior em mim: eu sempre enfrento meu pai!
— E você, papai, sempre me faz te odiar cada vez mais! — eu grito. — Eu te odeio tanto, e um dia, vou sumir da sua vida e você vai se arrepender amargamente por me tratar assim. — Ele chora e levanta a mão como se fosse me bater, mas apenas a fecha e entra no escritório, batendo a porta com força. Olho para o lado e vejo minha mãe descendo as escadas.
— Ele nunca levantou a mão para me bater, ele iria me bater?! — digo, pasma, pois nunca apanhei na vida, algo que eu certamente poderia ter levado!
— E você nunca disse que o odiava! Ele é seu pai, Charlotte! Por que é assim com ele, filha? — diz mamãe, me dando seu beijo mágico, enquanto me ajuda a subir as escadas, porque estou trocando os pés de tão bêbada.
— Amanhã eu não vou lembrar disso, e aí a senhora, mamãe, me diz que eu tenho que pedir desculpas! Promete que vai me lembrar?
— Prometo, mas agora é hora de você dormir. Boa noite!
Ela me ajuda a tirar os sapatos e a deitar na cama, dando um beijinho, e eu apago!
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 107
Comments
vilma assis
a minha filha é igual a Charlotte pra comprar o pão 5 horas da tarde começa se arrumar 2 horas antes 😂😂a pouco tempo foi almoçar com a sogra começou se arrumar sete e meia da manhã terminou 15 pro meio dia 😂
2025-03-08
1
Silvana Schuwanz bernardo
nossa que situação difícil entre pai e filha, confesso que não consigo ficar do lado de nenhum dos dois, entendo tanto ela como ele,espero que eles dois consigam se entender 😔
2025-03-07
3
Flavia Oliveira
ALGUÉM MAS LEMBROU DO DUDU E A CUECA VERMELHA NA CAPA DA REVISTA KKKKKK
2025-03-08
2