Inocência ou um Contrato Mal Assinado? Livro 2

Capítulo 8

**Charlotte**

Quem diria que eu acabaria sendo a organizadora da sala de reuniões? Preparei tudo de acordo com os detalhes que ele enviou nos e-mails e, adivinha? Nada de café! Claro, lembrei que meu pai é fã de chá. Talvez esse sócio também prefira chá. Mas, convenhamos, eu simplesmente detesto a cozinha. As meninas da copa parecem ter feito um pacto e jogaram a responsabilidade na outra assistente, que era "a responsável" pelo café. Ah, sim, porque eu tenho "jeito de quem faz café", não é mesmo?

Sinceramente, eu nem sei fazer café, e chá? Pior! Quem precisa disso quando se tem uma máquina de café expresso que parece mais uma tortura? Ugh, já são 8:45 e preciso correr para preparar esse chá – o que pode dar errado?

Pego meu celular e, claro, o Google é meu novo melhor amigo. Encontro uma infinidade de receitas e, surpresa!, descubro uma coleção de sachês de chá escondidos no armário, como se fossem pequenos tesouros. Coloco a água para ferver e, na minha brilhante ideia, jogo todos os pacotes na água quente.

Levo o chá quente para a sala de reuniões e arrumo as xícaras lado a lado, como se fossem soldadinhos prontos para a batalha. E os tabletes? Agora é assim que se faz, não importa que eu não tenha a menor ideia do que vão falar nessa reunião. Vejo que tudo está em ordem. Sou uma assistente incrível, sem dúvida! Agora, só falta dar um toque especial no meu look. O que seria da vida sem um pouco de glamour, certo? Desço um pouco o terninho, empurro meus seios para fora e passo um batom vermelho, porque eu preciso chamar a atenção dele durante a reunião? E claro, não posso esquecer do meu perfume "desejo profundo". Tenho certeza de que ele tem um efeito afrodisíaco... ou pelo menos espero que sim. Não estou aqui para brincadeiras!

(...)

Depois de tudo pronto, volto para minha mesa, absolutamente radiante, rindo da imagem que a Nicinha me mandou – um casal se agarrando na sala de reuniões. Ah, uma hora ele vai me chamar para a sala dele, e aí serei a mulher mais feliz do mundo… ou a mais encrencada. Afinal, quem não sonha em ser a protagonista de um romance digno de novela, não é? Porque eu sonho todo dia com o meu Romeu Andrade!

Às vezes eu sonho demais, e quando volto à realidade, só vejo meu amor, Romeu Andrade, passando enquanto fala no telefone, e nem nota o tchauzinho que estou dando com a mão. Ele entrou na sala dele. Mas tudo bem, esse é só o primeiro dia. É melhor trabalhar com o meu amor do que ser só uma escrava do meu pai… Estou aqui, linda e poderosa, pronta para arrasar nesse meu primeiro dia.

Ouço meu nome e a voz encantadora do meu chefinho! Sigo até a sala dele. Bato na porta e o vejo e ele sorri me orientando a entrar com suas mãos esticadas. Eu entro toda nervosa, estou tremendo; nunca fiquei assim sozinha de frente para ele! Já assisti muito de frente com o ex, mas agora poderia dizer que estou de frente para o meu chefe e meu desejo de consumo.

— Me chamou, chefe? — pergunto toda sexy! Com minha voz encantadora, tipo Ariel!

— Sim, Charlotte, eu mandei uns e-mails e espero que tenha seguido passo a passo do que te mandei, essa reunião é muito importante. — solto o ar que eu segurara e estufando o peito.

— A sala de reunião já está pronta! — respondo com confiança, pois já arrumei tudo mesmo.

— Que ótimo! Sei que pais amam colocar castigos em seus filhos. Eu nunca pensei que uma Miller iria ser minha assistente, mas como eu não pude dizer não ao seu pai, eu concordei. — ele se levanta da cadeira e, com as mãos postas sobre a mesa, me encara nos olhos. — Mas se você cometer erros, eu não penso nem duas vezes e te coloco na rua! — fala ele em um tom autoritário, e eu me arrepio toda. Que homem é esse? Jesus, apaga a luz! Ele fala, e fala mais… meus ouvidos estão na hora de descanso porque meus olhos estão viajando na forma que a boca dele se move; imagina a língua dele com a minha...

— Ouviu, Charlotte? Preciso que faça isso! — droga, e agora o que ele quer que eu faça? Pois não ouvir, por viajar em meus pensamentos!

— Sim, pode deixar, eu faço tudo como pediu, chefinho!

— E outra, todos me chamam de senhor Andrade, então me chame assim também! — faço continência.

— Sim, chefinho, quer dizer, senhor Andrade. E não se preocupa comigo, sou uma Miller, mas sem nada no bolso; serei uma funcionária qualquer. E eu agradeço pela oportunidade. — ele se senta e me analisa com seu olhar, e depois aponta para a porta.

— Pode sair; nos vemos daqui a pouco na sala de reunião! — eu saio ainda olhando de lado para ele, que está com suas sobrancelhas levantadas me olhando também, e droga!

— Ai, merda, minha testa! — digo alisando minha testa!Pois dei de cara com a porta!

— Sugiro que olhe para frente quando estiver andando!

Ele nem sai do lugar para me socorrer, pois eu bati minha testa na porta; por culpa dele, quem manda ser lindo, cheiroso e gostoso!

Saí da sala tão rápido, pois que vergonha, Charlotte. Mas deixando a vergonha de lado, pensando bem, a minha mente viajou tanto que não ouvi o que ele disse que eu deveria fazer, e agora? O que eu faço?