Capítulo 13

Romeu.

Quando cheguei em casa, a raiva de mim mesmo era insuportável. Eu detestava correr riscos, sempre me perguntando o que as pessoas poderiam pensar. O olhar que via no espelho era ofuscado pelo medo que percorre meu corpo, trazendo lembranças que mal consigo suportar...

Lembranças on:

“Fica de joelhos, eu estou mandando, Romeu!”

Ela me ordena com um chicote e, a cada lágrima que escorre do meu rosto, sinto a dor da chibatada em meu corpo nu e exposto. A vergonha é esmagadora, mas o medo, ah, o medo, me consome. O chão está coberto de pedras afiadas, e só de imaginar suas pontas cortantes percorrendo minha pele, me tremo, mesmo sabendo que só tenho 10 anos, sou apenas um menino assustado e cansado de ser maltratado, e me ajoelho...

“Que menino bonzinho, coloca a língua para fora!”

Não posso desobedecê-la, então coloco a língua para fora. Ela sempre exige que eu mantenha minhas mãos para trás, inertes.

“Quero que me lambe, gostoso, como se eu fosse sua comida preferida.”

Ela está nua, toda a sua intimidade à mostra. Puxa meu cabelo com força, e o medo transborda dos meus olhos. Quanto mais medo eu sinto, mais prazer parece provocar nela.

“Explora toda a minha intimidade com sua língua, Romeu! Como um cachorro com sede, me lambe bem gostoso!”

Assim o faço, mesmo que com nojo, pois quero me livrar dessa dor. Ela geme ao toque, e por vezes o cheiro é nauseante, mas não posso parar até que ela pronuncie a palavra "inocência", o único momento em que eu acho que o sofrimento pode acabar.

Lembranças off.

A raiva percorre minhas veias, e tudo que eu mais quero é esquecer essas lembranças, essa voz, essa sensação de medo. Destruo tudo em meu quarto, e ao olhar para os cacos quebrados do espelho, vejo o monstro que me tornei devido a uma mulher que um dia amei...

— Senhor Andrade... — escuto a voz de Rogem batendo à minha porta. Levanto do chão e sigo até o banheiro, lavando meu rosto antes de abrir a porta.

— Tem notícias? — pergunto, saindo do quarto e passando diante de Rogem, que observa a destruição ao meu redor, mas sabe que não deve comentar.

— Infelizmente, senhor, ainda não tenho boas notícias. A senhorita Maia não retornou à casa dos pais na aldeia.

— Inferno, onde aquela mulher se meteu? — digo, abrindo uma garrafa de uísque.

— Senhor, tenho homens espalhados por toda a aldeia e, assim que a encontrarmos, a trago direto a você. — Sento-me no sofá, bebendo meu uísque.

— Você nem imagina o quanto desejo ter Maia em minhas mãos. Agora, quero que faça algo por mim.

— Estou à disposição, senhor.

— Quero que investigue Charlotte Miller. Quero saber tudo sobre ela, até sua cor preferida. — Tomo um último gole do meu uísque, e a imagem de Charlotte invade minha mente. Ela me desafiou, e eu preciso ensiná-la uma lição, mesmo que isso implique riscos. Estou decidido a descobrir o que ela esconde... Sorrio enquanto caminho para o meu banheiro...

(...)

Um novo dia amanheceu, e, como sempre, me preparo para ir à R Max, uma das minhas conquistas mais valiosas após tudo o que passei. R Max me ajudou a me tornar o Romeu Andrade que sou hoje.

Estou na mesa de café, quando Rogem se aproxima.

— Senhor, desculpe incomodar, mas sobre Charlotte Miller e o assunto que você me pediu, já está em transição. — Limpo a boca, satisfeito com o bolo que acabei de comer. Amo me alimentar bem.

— Ótimo. Você está se saindo muito bem, Rogem. Suponho que saiba que ela é minha assistente e que o carro dela está com o pneu furado...

— Já mandei um borracheiro consertar, senhor. — Sorrio, satisfeito.

— A forma como você se desculpa pelo erro de ter deixado Maia fugir é surpreendente.

— Fiz uma promessa de ser leal e pontual ao senhor; entretanto, falhei e não quero cometer falhas novamente. Por isso, ontem não dormi até encontrar o que mais importa na vida da senhorita Charlotte Miller. — Ele me entrega uma pasta, e fico pensando se ele realmente fez toda essa pesquisa na noite passada. Abro a pasta e leio...

"Charlotte Miller, 18 anos, gêmea de Herry Miller, filha de Nina García Miller e Eduardo Miller..."

— Essas informações eu já conheço, Rogem. Eu quero que vá mais a fundo. Quero saber sobre todas as pessoas da vida dela, seus medos, suas fraquezas, o que ela mais gosta... — lanço a pasta de lado.

— Senhor, desculpe, mas o que ela mais gosta e admira é o senhor! — Ao ouvir isso, me viro para Rogem.

— Como assim, eu?

— Em uma postagem nas redes sociais dela, ela declarou que o homem mais lindo, sexy e perfeito é o senhor. Usou outras palavras, dizendo que o senhor é o seu desejo de consumo. Essa conta foi desativada por ela, mas, com minhas habilidades como hacker, consegui descobrir muita coisa sobre ela. — Um sorriso surge em meu rosto. Parece que ganhei na loteria, pois Charlotte Miller é uma menina atrevida que precisa ser punida. Ela se tornaria minha submissa perfeita, mas há algo mais sobre ela. Não é como as outras que buscam apenas dinheiro; Charlotte precisa de algo mais. Assim, posso fazê-la assinar um contrato, tornando-a minha "florzinha"...

E se quero que ela assine, preciso ser atencioso, realizando seu desejo e apresentando-me como o homem lindo e sexy que ela descreve. Decido que irei até sua casa; sem carro, ela precisará de uma carona.

Quando a vejo vindo em minha direção, sinto um desejo incontrolável de puni-la apenas por ela estar sem calcinha, com o sol refletindo em sua pele exposta.

Então, eu a beijo, e ao fazer isso, sinto minha sanidade desvanecer. Rogem pode até encontrar Maia, mas eu preciso de Charlotte Miller para saciar minha vontade de puni-la. Ela merece isso por ser essa menina travessa e rebelde. E em relação a Maia, quando ela retornar, eu a punirei e depois me livrarei dela, porque, enquanto a brisa entra pela janela do carro e toca meu rosto, olho para Charlotte Miller e sei que ela é o que eu quero e preciso agora...

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