CAPÍTULO 19#

     O jipe SUV cortava as estradas escuras feito um demônio faminto. O motor roncava alto, e o vento zunia contra nossos rostos enquanto Gabriel pisava no acelerador, rindo como um lunático.

— ¡Joder! Isso sim é liberdade, hermanos! — Ele gritou, girando o volante como se estivesse em uma corrida mortal.

       Eu ajustava meu colete à prova de balas, sentindo o peso familiar da Glock na cintura, enquanto Ramón, ao meu lado, verificava o pente da arma com uma calma quase irritante. O ferimento do meu braço já não importava mais naquele momento, não havia dor, apenas adrenalina e emoção.

— Se bate esse carro, idiota, juro que faço você engolir os dentes. — Rosnei para Gabriel.

Ele apenas soltou uma gargalhada.

— Relaxa, hermano. Só estamos aquecendo.

Ramón revirou os olhos e engatilhou a pistola.

— Prefiro aquecer do jeito tradicional. Com bala e sangue.

         A viagem durou poucas horas. Quando nos aproximamos da fazenda, paramos em uma zona afastada, encoberta pela escuridão da madrugada.

Saí do carro e encarei meus homens.

— Atenção. Esses filhos da puta podem estar nos esperando. Se alguém fizer barulho antes da hora, eu mesmo enterro o infeliz. — Minha voz saiu baixa, mas carregada de ameaça.

Gabriel puxou o cigarro da boca, jogou no chão e esmagou com a bota.

— Então vamos acabar logo com essa merda.

Ramón conferiu o relógio e arqueou a sobrancelha.

— Será que dá tempo de um drink depois?

— Depois do massacre, hermano. — Dei um sorriso frio.

Sinalizei para os homens avançarem. Eu e meus irmãos liderávamos a invasão.

        Na entrada da fazenda, dois capangas estavam de guarda. Eles nem tiveram tempo de reagir.

Gabriel puxou a faca da cintura e a lançou direto na testa de um. O desgraçado caiu duro, os olhos vidrados na morte. O outro mal teve chance de levantar a arma antes de um tiro silencioso de Ramón estourar seus miolos.

Ramón soprou a fumaça imaginária da pistola e sorriu.

— Eu sou um artista.

— Artista de merda, só se for. — Gabriel debochou.

— Ótimo tiro. — Admiti, mas já avançava sem perder tempo.

A festa começou.

       Um disparo veio do alto. Me abaixei por instinto e disparei de volta, ignorando a dor latejante no meu ferimento. O sniper caiu do segundo andar com um baque seco, morto antes de entender o que aconteceu.

Gritos, tiros, caos. O som das balas cortando o ar se misturava com os gemidos agonizantes dos inimigos.

Afonso e os demais cercavam os fundos para garantir que ninguém fugisse.

       Gabriel puxou um dos capangas pela gola, quebrou o nariz do infeliz com uma cabeçada e ainda usou a arma do próprio desgraçado para atirar nele.

      Outro veio por trás, mas ele girou o corpo e enfiou a bota na cara do infeliz. O sujeito caiu para trás, e um segundo depois, um tiro certeiro encerrou sua existência.

— Carajo, que tiro perfeito! — Ramón riu enquanto disparava contra outro idiota.

Entramos no casarão. Corredores apertados, mais cães farejadores de merda no caminho.

— Limpem a casa. Não deixem nenhum vivo. — Ordenei, a voz carregada de puro veneno.

      Os disparos continuavam. Pisamos sobre corpos, cruzamos o rastro de sangue que deixamos para trás.

Mas nem sinal do Francesco.

Mierda. O suor escorria pela minha nuca, minha paciência indo para o inferno.

        Ramón agarrou um capanga que ainda respirava, o sangue escorrendo do ferimento no peito. Sem piedade, pressionou o local da bala, forçando um gemido de dor do infeliz.

— Onde ele está, desgraciado? — A voz dele saiu como um trovão, sombria, cruel.

O desgraçado tremia, os olhos vidrados no abismo da morte.

— N-no porão…

       Girei nos calcanhares sem hesitar. O som de um tiro veio atrás de mim. Ramón já tinha mandado o infeliz para o inferno.

        Chegando ao porão, disparei três tiros na fechadura. A porta cedeu, e Gabriel finalizou com um chute, fazendo-a bater contra a parede com força.

Ali estava ele.

Francesco Galli.

      O italiano estava encolhido no canto, pálido, suando frio. Seus olhos arregalados me encontraram, cheios de pavor.

Devia ter pensado nisso antes de tentar me matar.

Levantei a arma, apontando direto para o rosto dele.

— Perdeu, cabrón.

Ele ergueu as mãos trêmulas.

— M-Martinéz… podemos conversar…

Minha resposta foi um golpe seco na nuca com o punho da arma.

Ele caiu como um saco de lixo.

Sorri frio.

— Agora… é hora do show.

...----------------...

Minutos depois

      Já era de manhã quando estávamos no celeiro com o infeliz do Francesco.

O desgraçado estava pendurado pelos dois braços, sua carne atravessada pelos ganchos de ferro que antes seguravam peças de carne. O sangue escorria em filetes grossos pelos braços, pingando no chão de terra batida. O cheiro de ferro impregnava o ar, misturado ao odor de suor e medo.

      Quando ele acordou, os gritos de dor rasgaram o silêncio do celeiro. Ele se debateu inutilmente, os olhos arregalados de puro desespero.

— Droga — Ele arfava, tentando puxar o ar entre os gemidos de dor. — M-Martinéz… podemos resolver isso…

Ramón soltou uma gargalhada baixa, se aproximando com calma.

— Resolver? — Ele repetiu, inclinando a cabeça de lado. — Acho que não, cabrón. Agora é tarde para negociação.

Gabriel assobiou, analisando o estrago nos ombros do italiano.

— Bonito de ver, hein? Dá até um toque artístico no ambiente. — Ele riu e cutucou a carne exposta de Francesco com o cano da arma, arrancando outro grito de dor.

         Eu estava parado à frente dele, observando sua expressão de agonia como se analisasse uma obra de arte. O braço onde levei o tiro pulsava, e quando fiz um movimento brusco, senti o sangue quente escorrer, manchando minha camisa.

— Carajo… — Praguejei baixo, respirando fundo para conter a irritação.

       Peguei uma faca afiada da mesa ao lado, girando a lâmina entre os dedos antes de levar a ponta até o rosto do infeliz.

— Você tentou me matar, cabrón. Agora, me diga… — Pressionei a lâmina contra a pele logo abaixo do olho dele, sentindo o tremor de medo em seu corpo. — Prefere perder a visão ou a língua primeiro?

Ele arfou, o peito subindo e descendo descompassado.

— P-por favor… Vamos negociar…

Gabriel bufou, cruzando os braços.

— Que bosta.

— O que acha, Cristian? — Ramón perguntou, analisando o italiano como um açougueiro avaliando carne.

Antes que eu pudesse responder, meu celular vibrou no bolso.

— Mierda! — Praguejei, tirando o aparelho e conferindo a tela.

Kiara.

Respirei fundo, irritado por ter que interromper a diversão, mas atendi.

— Fala, Pandinha, estou bem ocupado agora. — Minha voz saiu mais ríspida do que eu pretendia.

Silêncio. Então, ouvi a voz dela fraca e embargada, seguida de uma tosse.

— S-senhor Martinéz… eu… cof cof — Ela tossiu ao fundo — … Não vou poder ir hoje… Estou péssima… Me sinto tão mal… — A voz dela soava arrastada, como se estivesse à beira da morte.

Minha expressão se fechou na hora.

— Carajo, Kiara, o que você tem? — Perguntei, meu tom carregado de preocupação. Ramón, ao meu lado, balançou a cabeça, segurando um sorriso divertido. Gabriel apenas revirou os olhos, já imaginando a cena.

— Eu… eu não sei… — Outra tosse, mais forçada. — Talvez uma virose… Preciso descansar por alguns dias… Tudo bem?

Eu franzi o cenho. Alguma coisa estava errada.

— Eu vou aí.

— NÃO! — Ela rebateu rápido demais, tossindo de novo. — Não venha, Senhor Martinéz! É… é contagioso! Eu estou coberta de manchas horríveis… Você não pode se arriscar, ainda está se recuperando do tiro… Não quero que fique doente.

— Você já foi examinada por um médico?

— S-sim! — Ela confirmou apressadamente. — Ele disse para eu descansar, evitar esforço físico e tomar os medicamentos direitinho… Oi! Oi! Senhor Martinéz? Alô?

O telefone desligou abruptamente.

Eu encarei a tela, o maxilar travado.

— E então? — Ramón perguntou, divertido.

— O telefone dela desligou.

Os dois riram.

— E você acreditou nessa palhaçada? — Gabriel debochou.

— Parece que sua Pandinha tá aprontando algo. — Ramón balançou a cabeça, claramente se divertindo.

Meu humor azedou de vez. O braço latejava, a porra da camisa suja de sangue, e agora Kiara estava aprontando algo.

Fechei a cara e voltei minha atenção para Francesco.

— Sabe, Francesco... eu até ia me divertir mais com você. Mas acabei de perder a paciência.

E sem aviso, enfiei a faca no peito do infeliz.

Os gritos voltaram a ecoar pelo celeiro, até que sua voz foi engolida pelo silêncio absoluto.

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Comments

Lucia Regina

Lucia Regina

kkkkkkk essa Kiara e uma verdadeira diaba kkkkk sabe que o cara é uma peste kkkkk ainda não sabe mentir kkkkk autora linda sua história está magnífica você está de parabéns kkkkkkk

2025-02-24

51

Mary Oliveira

Mary Oliveira

ansiosa agora 🤣🤣pra ver o que o mafioso vai fazer com o panda

2025-02-24

7

Maria Eduarda Wrobel Pinheiro

Maria Eduarda Wrobel Pinheiro

Autora o que aconteceu com a história do shki a história estava tão boa agora eu entrei pra ler e não está?

2025-02-24

4

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