Eu estava cansado pra caramba. A noite foi um inferno, cheia de sangue e problemas que eu tive que resolver do jeito certo. Tomei outro banho, tentando tirar a merda do dia do meu corpo. Saí do banheiro com a toalha pendurada no quadril, até depois do banho o calor era insuportável, meu corpo estava pesado de fome e exaustão.
Fui direto pra cozinha, esperando encontrar minha comida pronta, mas só tinha a porra de uma travessa esquecida no balcão. Franzi o cenho. Nada da cozinheira. Nem sinal dela. Mas o celular dela estava ali. Isso significava que ela ainda estava na casa. Meus seguranças confirmaram que ninguém tinha saído.
Algo não batia.
Caminhei pela casa, atento, e parei diante da despensa. A porta estava fechada. Tentei girar a maçaneta. Trancada.
— Mierda...
Lembrei que essa merda de fechadura tava dando problema. Bati na porta.
— Tem alguém aí?
Silêncio.
Bati de novo, mais forte.
— Se está aí dentro e não responder, vou derrubar essa porta.
Nada.
— Última chance.
Esperei um segundo e já estava sem paciência. Dei dois chutes firmes na madeira e ela cedeu, arrebentando. A porta caiu aos pedaços, revelando a cena lá dentro.
A garota estava caída no chão. Pálida, suada. Mas respirando.
Por um segundo, fiquei olhando pra ela. Eu deveria me importar? Provavelmente não. Mas ela era sobrinha da Cármen, e eu a considerava. Peguei ela no colo, sentindo o corpo leve e os cabelos grudados no rosto.
Carajo... por que essa cara não me era estranha?
Coloquei ela no sofá e, quando toquei o rosto dela pra tirar o cabelo, ela acordou de repente.
E gritou.
— AAAAAAHHHH! SOCORRO! ME SOLTA! — Ela tentou se debater, olhos arregalados.
Eu travei o maxilar, já puto.
— Para de gritar, coño (porra)! Vai acordar a vizinhança inteira.
— SEU TARADO! — Ela pegou uma almofada e jogou em mim. — ME SOLTA, MANÍACO!
Arqueei a sobrancelha.
— Maníaco?
— Você está sem roupa! — Ela cobriu os olhos e depois espiou entre os dedos, como se esperasse um ataque.
Revirei os olhos.
— É minha casa. Eu ando do jeito que eu quiser. Você que tá se jogando dentro dos armários alheios.
— Sua casa?! E-eu não me joguei! Eu fiquei presa!
A voz dela... o jeito esganiçado de falar...
— Espera aí... — Olhei melhor pra ela. O cabelo bagunçado, os olhos grandes, a voz, a expressão de indignação...
E então caiu a ficha.
— No jodas (não, Porra)... Você é a garota do bolo!
O choque no rosto dela foi instantâneo.
— NÃO! EU NÃO SOU! VOCÊ ESTÁ ENGANADO. — Ela mentiu, nervosa.
— Você atravessou a rua na minha frente. Eu quase te atropelei e você me xingou.
— O que você queria, Hm? o bolo caiu no meu rosto! — Ela revelou, as palavras escapando de sua boca.
Eu realmente tentei não rir. Mas a lembrança foi forte demais.
— Sim. Você parecia um panda desastrado.
— Você é um babaca.
— E você, infelizmente é minha cozinheira, e me deixou com fome.
Ela congelou.
— O quê?!
Cruzei os braços.
— Você trabalha pra mim. Você é a nova chefe.
Ela abriu a boca, fechou, depois abriu de novo.
— Eu... eu... — Ela piscou, processando. — Puta merda, você é o meu patrão... Oh, estou perdida...
— Agora fez sentido?
Ela levantou de um pulo.
— Você deve estar com fome... Eu não terminei seu prato! — E saiu correndo pra cozinha. Provavelmente tentando fugir de uma morte lenta e dolorosa.
Revirei os olhos e fui pro meu quarto me perguntando de onde essa mulher saiu. Vesti uma calça e uma camiseta antes de voltar. Quando cheguei, a comida estava na mesa, quente e bem arrumada.
Ela estava ao telefone, falando rápido.
— Sim, tia Cármen, eu tô bem. Eu só... tive um pequeno incidente, mas já tô indo pra casa... Sim, eu sei que já tá tarde... Não, eu não fui demitida. Eu acho. Tá, tchau.
Desligou e suspirou, me olhando enquanto eu pegava o garfo.
— Tá esperando o quê? — Perguntei, colocando a primeira garfada na boca.
— Você não vai me torturar ou me matar, vai?! Porque, eu sei que eu disse algumas coisinhas ali, mas eu juro que eu sou uma boa pessoa, nunca fiz mal a uma mosca... e...
— Relaxa... — interrompi, com um suspiro exagerado. — Você é tão irrelevante que até matar você seria um desperdício de bala. Mas não teste minha paciência, ou eu posso mudar de ideia.
Soltei um suspiro e continuei comendo. O gosto era foda.
Ela continuava me olhando.
— Você tá com fome? — Falei.
— Não tô. — O estômago dela roncou alto.
Levantei uma sobrancelha. Peguei um prato extra, coloquei comida e empurrei pra ela.
— Come logo antes que eu mude de ideia.
Ela arregalou os olhos.
— Sério?
— Não me faça repetir.
Ela não discutiu. Pegou o garfo e começou a comer. O silêncio foi estranho, mas confortável.
Depois de um tempo, ela limpou a boca e se levantou.
— Eu vou pedir um Uber. Prometo que já vou te deixar em paz, não se incomode.
Cruzei os braços, observando.
— Eu te levo.
Ela parou no meio do movimento.
— O quê?
— Você ouviu. Vou te levar.
— Você tá brincando, né?
— Eu pareço um cara que brinca?
Ela ficou muda. Depois riu nervosa.
— Isso deve ser um pesadelo.
Peguei as chaves do carro. Eu poderia deixar essa louca ir sozinha, mas eu não queria que Cármen tivesse um ataque, caso a sobrinha desastrada dela fosse sequestrada no meio da noite.
— Vamos logo, panda desastrado. Eu não tenho a noite toda.
O olhar de indignação dela quase fez a minha noite.
Quase.
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Atualizado até capítulo 81
Comments
Neiva Kokemborger
ri tanto do que ele chamou ela de panda desastrada kkkk
2025-02-19
54
Jessica Gabriela
que fofo ele já deu um apelido pro amor da vida dele 🤩
2025-03-14
10
Adriane Neiland
Por isso, amo seus livros, fortes, envolventes, muito hilários....além de muito bem escritos....
2025-04-15
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