Eu sempre odiei esperar. Sempre odiei me sentir vulnerável.
Minha mente estava em chamas, fervendo em ódio enquanto cada um dos meus homens caçava o responsável pelo ataque na noite passada. Ele ia pagar. Eu ia encontrar esse desgraçado e enterrá-lo tão fundo que nem o inferno ia querer sua alma.
Mas agora eu estava ali, me sentindo inútil, obrigado a descansar como se eu fosse um inválido.
Me levantei da cama, os músculos protestando contra o movimento, o curativo apertado ao redor do meu braço, e segui pelo corredor em silêncio. Estava sem camisa, apenas uma calça de moletom. Meu corpo estava quente, latejando, e não era só por causa do ferimento.
Kiara.
Onde diabos ela estava?
Passei pela sala, os olhos percorrendo cada canto da casa. A cozinha estava vazia. O sofá, intacto. Um gosto amargo subiu pela minha garganta.
Ela foi embora.
Claro que foi.
Não deveria estar surpreso. Mas isso me incomodava, apesar de eu não admitir.
— Senhor Martinéz! — A voz dela cortou o silêncio como uma lâmina afiada.
Me virei devagar, encontrando-a parada no corredor, os braços cruzados, as sobrancelhas franzidas. A expressão dela era uma mistura perigosa de irritação e preocupação. Mas por dentro, eu estava aliviado por ela ainda estar ali.
— O que está fazendo de pé?! — O tom dela era puro fogo. — Volte para a cama antes que esse ferimento abra de novo!
Minha boca se curvou em um sorriso torto. Que garota atrevida.
— Pensei que já tinha ido.
Os olhos dela faiscaram.
— E eu pensei que você tivesse um mínimo de amor à vida, mas pelo visto estava errada.
Ah, a audácia dela...
— Você fala demais, Pandinha.
— E você é um teimoso!
Bufei, passando a mão no rosto. Ela não ia ceder, e eu não tinha paciência para discutir agora.
— Onde você estava?
Ela cruzou os braços.
— Eu estava conversando com minha tia e com as minhas amigas. O mínimo depois do papelão que você me fez passar ontem.
Soltei uma risada baixa, cheia de escárnio.
— Se tivesse ido embora comigo quando pedi, nada daquilo teria acontecido.
Ela apertou os lábios, as mãos fechando em punhos.
— Você ainda me culpa?!
Eu ia retrucar, mas vozes ecoaram pela casa.
Porta se abrindo. Passos pesados.
Virei a cabeça, atento, e então a porra de um fantasma entrou pela porta.
— Carajo, é assim que me recebe depois de tanto tempo?! — A voz de Gabriel ecoou pelo ambiente. — Nem um “bem-vindo de volta, hermano”? Porra, Cristian, achei que ia encontrar pelo menos um whisky na minha homenagem.
Fiquei olhando para ele por um instante, absorvendo a cena. Gabriel estava ali. Depois de tanto tempo. Depois de tudo.
— Filho da puta, finalmente.
Fui até ele, e o abraço foi firme, forte, sem necessidade de palavras. Ele ergueu a mão para dar um tapa no meu ombro, mas hesitou ao ver o curativo.
Gabriel Martinez
— Mierda... pelo visto andou se divertindo sem mim, não foi?!
Sorri de canto.
— A vida cobra, hermano.
Olhei por cima do ombro dele.
— E onde caralho está o Ramón?
— Está vindo.
E como se tivesse ouvido seu nome sendo chamado, Ramón surgiu logo atrás.
— Hermano, trouxe Gabriel de volta, como prometi.
Passei a mão no rosto, rindo baixo.
— Eu jamais duvidei que conseguiria.
Ele sorriu, satisfeito, e me deu um tapa forte nas costas.
— Então, quem foi o filho da puta que tentou te apagar dessa vez? — perguntou, os olhos analisando meu ferimento com interesse.
Minha expressão endureceu.
— Ainda não descobri, mas isso é só uma questão de tempo. O que importa é que estou vivo.
Soltei um suspiro, relaxando um pouco pela primeira vez em dias. Mas não durou muito.
Minha atenção foi puxada para o sofá.
Kiara ainda estava ali.
Sentada com uma perna dobrada sobre a outra, mexendo no celular, completamente alheia à nossa conversa.
— E quem é essa preciosidade? — Gabriel perguntou, a voz carregada de interesse.
Me virei para ele, o olhar afiado como uma lâmina.
— Ninguém que interesse a você. E muito menos a você. — Meu olhar cortante passou de Gabriel para Ramón. Um aviso claro.
Gabriel sorriu de canto, já sacando tudo.
— Entendi… — Ele piscou para mim, divertido.
Filho da puta.
— Vamos, sentem-se.
Eles obedeceram, mas eu percebi os olhares. Kiara era o centro das atenções, mesmo sem querer.
E aquilo me incomodava profundamente.
— Kiara. — Minha voz saiu baixa, mas carregada de comando.
Ela levantou a cabeça, os olhos encontrando os meus.
— Nos deixe a sós.
Ela assentiu e saiu da sala.
Quando voltei meu olhar para Ramón, ele balançou a cabeça, rindo pelo nariz.
— Cristian, Cristian… você está fodido, hermano.
Soltei uma risada seca.
— Me diz algo que eu não sei.
Ramón apenas sorriu, mas aquele sorriso dizia tudo.
Eu estava encrencado.
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Atualizado até capítulo 81
Comments
Lucia Regina
nossa lê esses livros sem terminar e difícil principalmente pra mim que sou ansiosa aí jesus será que eu sobrevivo até o final
2025-02-23
31
Hadassa Cadete
Queridos Leitores,
enviei um esclarecimento no grupo de leitoras, sobre a retirada do Livro "O Destino do Sheik" da plataforma, lá eu expliquei direitinho sobre o que aconteceu. Bjos!
2025-02-23
3
Luiza Oliveira
Nossa autora, sua história está muito boa mesmo, parabéns. Agora mais capítulos por favorzinho 😘
2025-02-23
3