Eu estava a caminho da cozinha quando Gabriela me interceptou. Seus olhos brilhavam com uma intenção que eu já conhecia bem demais. Antes que eu pudesse recuar, suas mãos deslizaram pelo meu peito, os dedos suaves explorando o tecido da minha camisa com uma familiaridade que não me agradava mais.
— Cristian… — a voz dela era um sussurro sedoso, um convite envolto em perfume doce e intenções óbvias.
Segurei seu pulso, afastando suas mãos.
— Não aqui, Gabriela.
Meus olhos varreram o ambiente. A última coisa que eu precisava era que alguém visse isso e começasse a espalhar rumores. O pai dela seria um problema, e eu odiava problemas desnecessários.
Ela ignorou meu aviso e inclinou o corpo, subindo nas pontas dos pés para me beijar. Seus lábios tocaram os meus, mas eu não correspondi. No instante seguinte, o som da porta se abrindo nos interrompeu.
Kiara.
Ela parou no meio do caminho, os olhos arregalados ao nos ver. Seu rosto ficou vermelho no mesmo instante, e ela tropeçou nas próprias palavras.
— Ah... é... eu... desculpa! Eu não queria... atrapalhar... — ela balançou as mãos no ar, recuando apressada — Quer dizer, eu devia ter batido na porta? Mas não tem porta... Ah, que droga, eu só...
Ela saiu quase correndo, murmurando algo incompreensível.
Soltei um suspiro e empurrei Gabriela para trás.
— Volte para a sala.
— Cristian, eu só...
— Agora, Gabriela.
Ela bufou, cruzou os braços e saiu rebolando, como se isso fosse me fazer mudar de ideia. Eu não mudei.
Eu só queria sumir.
O plano era simples: usar o banheiro, pegar minha bolsa e ir embora. Fácil, rápido e indolor. Mas o destino parecia se divertir às minhas custas, porque, ao dobrar o corredor, me deparei com a cena que eu jamais deveria ter visto.
Cristian Martinéz estava encostado na parede, e uma mulher estava praticamente grudada nele. A mão dela deslizou pelo peito dele, os lábios sussurravam algo que eu não queria, não deveria, ouvir. Mas era tarde demais.
Merda.
Eu congelei no lugar, olhos arregalados, completamente deslocada. Os dois me olharam, e o silêncio que se formou foi ensurdecedor.
— Ah... é... eu... desculpa! Eu não queria... atrapalhar... Quer dizer, eu devia ter batido na porta? Mas não tem porta... Ah, que droga, eu só...
Dei um passo para trás, tentando uma fuga digna, mas, claro, tropecei nos próprios pés. Me recompus rapidamente, girei nos calcanhares e saí praticamente correndo de volta para a cozinha. Madre de Dios. Que vexame.
Chegando lá, soltei um longo suspiro e apoiei as mãos na bancada, tentando recuperar o mínimo de dignidade. Estava demorando para acontecer alguma coisa errada.
Peguei minha bolsa. Já era tarde, e tudo o que eu queria era desaparecer dali. Estava colocando meu celular dentro da bolsa quando ouvi uma voz vinda de trás de mim.
— Está fugindo de algo, Panda?
Meu coração disparou. Por que ele se move tão silenciosamente?!
Me virei bruscamente, encontrando Cristian parado a poucos metros de mim. Perto demais. Sua expressão era indecifrável, mas havia algo nos olhos dele que me fazia querer recuar.
— Eu… não. Só estava indo embora. Já terminei meu trabalho.
— Quer que eu peça para alguém levar você? — Ele perguntou, a voz baixa e casual, mas carregada daquele tom que fazia parecer mais uma ordem do que uma oferta.
— Não precisa! — Respondi rápido demais. Droga.
Me recompus.
— Quero dizer… Eu posso pegar um táxi. Não precisa se incomodar.
Antes que ele pudesse responder, alguém entrou na cozinha.
— Então você é a nova chef do meu hermano?
Me virei, encontrando um homem que eu não conhecia. Mas não precisava de muito para entender quem ele era. Mesmo olhar afiado. Mesmo ar perigoso. Ele tinha que ser um Martinéz.
— Sim… — Respondi, tentando manter a compostura.
O homem sorriu. Ele era incrivelmente lindo.
— Espero que ele não esteja maltratando você.
Soltei uma risada sem graça.
Antes que eu pudesse dizer algo, Cristian interveio, a voz carregada de impaciência:
— Vá se foder, Ramón.
O tal Ramón ergueu as mãos, rindo.
— Relaxa, hermano. Só estou sendo cordial.
Ele se virou para mim, um sorriso fácil no rosto.
— Perdón. Como fui mal-educado… Eu sou Ramón, o irmão do seu patrão. E o mais simpático também.
Ele estendeu a mão, e eu apertei, tentando ignorar o fato de que Cristian parecia cada vez mais impaciente.
— Muito prazer, — murmurei.
Mas antes que eu pudesse soltar a mão de Ramón, Cristian cortou o momento como uma lâmina afiada.
— Já que terminaram as apresentações, vou mandar alguém deixá-la em casa.
— Eu estou de saída. Se quiser, eu levo ela. — Ramón se ofereceu, casualmente.
Eu congelei. Eu não o conhecia direito. Na verdade, eu nem o conhecia.
Antes que eu pudesse encontrar uma forma educada de recusar, Cristian respondeu primeiro.
— Não. Ela vai com Mateo.
A decisão foi tomada. Assim. Sem consulta. Sem sequer olhar para mim.
Eram poucas palavras, mas a maneira como ele as disse não deixava espaço para discussão.
Mateo. Claro. Um segurança que eu já tinha visto rondando a casa.
— Até depois, Kiara. — Ramón disse, um sorriso brincando no canto dos lábios.
Acenei com a mão, ainda meio atordoada, e me retirei.
Definitivamente, este emprego iria me matar.
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Atualizado até capítulo 81
Comments
Claudia
Ķiara ou melhor 🐼🐼 sempre tem que encerrar com chave de ouro 🤭🤭agora Christian que lute porque o Ramón vai frequentar bastante a sua casa😅😅😅😅😅♾🧿
2025-02-21
38
Rose Gandarillas
Porque ele a chama de panda? Ela tem olheiras só redor dos olhos?
2025-04-03
1
daniely aparecida
kkkkkkkkkk coitada da Kiara
quando a cobra resolver querer dar o bote......
mais quando eles perceberem que já se gostam vai ser uma explosão de fogos de artifício
não vejo a hora kkkkkk
2025-03-18
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