Ao nos aproximarmos do Bugatti, ela parou abruptamente, os olhos arregalados, como se estivesse diante de um milagre ou de um monstro prestes a devorá-la.
— Santa madre… Isso é um carro ou um jato particular? — murmurou, os olhos varrendo cada detalhe da lataria brilhante do carro.
Revirei os olhos.
— É um carro. Agora entra logo. — Abri a porta e me joguei no banco do motorista.
Ela continuou parada, hesitante, encarando a maçaneta como se estivesse tentando decifrar um enigma alienígena.
— Você tá esperando um convite especial? Ou prefere que eu te jogue lá dentro? — rosnei, batendo os dedos no volante.
— Eu… tô tentando entender como abre essa coisa. Parece tecnologia de outro planeta.
Puta merda.
Suspirei, me inclinei e empurrei a porta de uma vez. Ela deu um pulo para trás e depois entrou devagar, como se qualquer movimento brusco pudesse disparar um alarme ou explodir alguma coisa.
— Senta essa bunda logo antes que eu desista de ser generoso e te largue na rua. — resmunguei, ligando o motor.
Ela finalmente sentou e, no momento que meu carro rugiu, a expressão dela mudou.
Peguei a pistola ao lado do câmbio e a deixei no meu colo. Sempre bom estar atento.
Ela ficou rígida na hora. Os olhos dela foram da arma para mim, da arma para a porta.
— Mierda… — sussurrou, quase sem respirar.
Pelo menos ficou em silêncio. Aleluia.
O carro deslizou pela estrada, rápido, preciso, cortando o vento como uma lâmina. A garota se agarrou ao banco como se estivesse num foguete prestes a decolar para Marte.
— Madre de Dios! Você tem certeza que isso tem freio?! — ela gritou quando dobrei uma curva fechada sem diminuir a velocidade.
Sorri de canto.
— Se eu quisesse te matar, panda, teria te deixado na despensa.
Ela resmungou algo inaudível e agarrou o cinto com mais força.
Meu coração estava correndo mais rápido que aquele carro assassino. Que porra de vida era essa?! Um minuto atrás, eu estava presa em uma maldita despensa. No seguinte, estava presa no carro de um mafioso psicopata que dirigia como se quisesse me mandar para o além.
— Você tá indo rápido demais! — reclamei, sentindo meu estômago revirar.
Ele riu. Ele realmente riu. O cretino estava se divertindo!
— Se vomitar no meu carro, eu te mato.
— Então desacelera antes que eu faça isso de propósito!
Ele bufou, mas não reduziu a velocidade.
Depois do que pareceu uma eternidade e várias preces silenciosas, chegamos na frente da minha casa. Assim que ele parou o carro, tentei abrir a porta para fugir dali o mais rápido possível.
Nada.
A porta não abria.
Olhei para ele, e o desgraçado estava encostado no banco, me encarando com aquela expressão cínica.
— Amanhã. Cedo. Na minha casa. — ordenou, voz firme.
Arregalei os olhos.
— O quê? Não! Não, não, não! Senhor Martinéz, eu… eu sou uma cozinheira péssima! Tem gente muito melhor que eu! Eu sou desastrada, distraída e…
— Cállate. — Ele ergueu a mão, me cortando. — Amanhã. Você vai trabalhar pra mim. Fim de papo.
Minha boca se abriu e fechou várias vezes, como um peixe fora d’água.
— Mas… mas eu tenho direitos! Eu não sou uma escrava! Senhor, eu juro que encontrará alguém muito melhor...
Ele inclinou um pouco a cabeça e descansou a mão sobre a pistola no colo, o dedo roçando o gatilho.
Engoli em seco.
— Eu aceito. — sorri nervosa. — Estarei lá.
Ele sorriu de canto, satisfeito.
— Ótimo. Isso será o seu castigo por ser tão insolente. E não pense que eu não sei o que escreveu naquele bilhete…
Minha alma deixou meu corpo.
— Q-que bilhete?
Ele arqueou a sobrancelha.
— “Rabugento”, foi isso?
Fudeu.
— E-eu… estava estressada, sabe… E não sabia o que estava escrevendo…
Ele inclinou o corpo na minha direção, a voz baixa, perigosa:
— É bom começar a ter mais controle sobre o que fala e o que escreve, señorita... — ele disse, tentando dizer meu nome.
De repente, me senti a pessoa mais insignificante do planeta.
— Kiara. — murmurei, retraída.
— Señorita Kiara.
Revirei os olhos, mas permaneci calada.
Ele finalmente destravou a porta.
— Agora pode ir.
— Até que enfim! — murmurei baixinho, mas ele ouviu.
Seu olhar me perfurou e eu tratei de sorrir nervosa.
— Digo… Tenha uma ótima noite, patrão! Eu estarei lá amanhã antes de o senhor acordar! Eu prometo!
— Cuidado para não tropeçar na calçada, panda. — Ele disse. Eu senti vontade de mandá-lo ir à merda, mas me contive.
Saí do carro com todo o cuidado do mundo, fechando a porta como se fosse feita de cristal.
Assim que entrei em casa, bati a porta atrás de mim e soltei o ar dos pulmões.
— Finalmente, menina! Você tá bem? Tá pálida! — exclamou minha tia, olhando pra mim com preocupação.
Apenas balancei a cabeça e joguei meu corpo no sofá.
— Tia… Eu fiz um pacto com o diabo.
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Atualizado até capítulo 81
Comments
Neiva Kokemborger
esse dois são uma comédia ri tanto que quase que acorda os que tavam dormindo 🤣🤣🤣🤣🤣
2025-02-19
58
Magna Figueiredo
Eu amor esse senso de humor da autora...os personagens dela são intensos,ricos, engraçados e fodas /Casual//Casual//Casual//Casual//Heart//Heart//Heart//Heart/
2025-03-23
5
Gedna Feitosa Gedna
Deus do céu vou morrer de tanto rir da Kiara.
2025-03-22
9