— Sabe por quê, Kiara?
Minha voz saiu carregada de algo que nem eu conseguia nomear. Mas antes que pudesse continuar, um som seco rasgou o ar.
Tiro.
O vidro do carro trincou em um estouro alto.
— AAH! — Kiara soltou um grito agudo, se encolhendo no banco. — O QUE FOI ISSO?!
Outro tiro acertou a lateral do carro, fazendo um estrondo metálico. Olhei pelo retrovisor e vi um carro preto colado na nossa traseira. Os faróis altos piscavam como olhos de um predador.
Filhos da puta.
— Mierda! — rosnei, pisando fundo no acelerador.
— Estão atirando na gente?! — Kiara quase subiu no painel.
— Não, é só um show de fogos, panda! — rosnei, desviando o carro no último segundo de um tiro certeiro. — ABAIXA ESSA PORRA DE CABEÇA!
Ela se jogou no banco, tampando a cabeça com as mãos.
— A gente vai morrer! — ela gritou, a voz esganiçada.
— Nós não, mas eles sim! — minha voz saiu como um trovão.
Os tiros ricocheteavam na lataria. Malditos. Meu carro novinho!
— Filhos da Puta, isso vai me custar uma fortuna!
Kiara se virou, os olhos arregalados.
— VOCÊ TÁ PREOCUPADO COM O CARRO ENQUANTO ATIRAM NA GENTE?!
— Óbvio! É um Bugatti, não um Fusca, droga!
Puxei o volante para a direita, desviando de um novo ataque. Kiara soltou um berro e se agarrou no banco.
— JESUS, MARIA, JOSÉ! — ela fez o sinal da cruz.
— Pede por nós também, Pandinha, porque a coisa tá feia!
Eu estava rindo. Sim, rindo. A adrenalina me fazia sentir vivo. Mas, porra, aqueles desgraçados não desistiam.
Foi quando vi a curva fechada. Virei o carro bruscamente, e ela foi jogada contra mim.
— Mas que porra, Kiara?!
— Você que me jogou, SEU ANIMAL!
Seu rosto ficou a centímetros do meu. Os olhos dela brilharam, raiva e medo misturados em algo perigoso.
Tensão. Um segundo. Um olhar.
Outro tiro. Dessa vez, atravessou, passando de raspão entre nós.
— CARALHO! ESTÃO DE FUZIL!
O carro não aguentaria muito tempo.
Peguei o celular e liguei para meus homens.
— REFORÇOS, AGORA!
Mas sabia que não chegariam a tempo. E como se não bastasse, Kiara não sabia dirigir. Se algo acontecesse comigo, morreríamos de um jeito ridículo.
— Pega minha pistola! — gritei, mantendo uma mão no volante.
— Que?!
— Debaixo do banco, Kiara! PEGA LOGO!
Ela se abaixou, tateando o chão. Os tiros zuniam ao nosso redor.
— ACHEI! — ergueu a arma com a mão trêmula.
— Me dá essa merda antes que você se mate Sozinha!
Ela praticamente jogou a pistola para mim.
Abri o vidro e meti bala.
Três tiros certeiros. O carro deles balançou, mas os desgraçados ainda estavam na cola.
Foi então que vi a chance. Um caminhão enorme na pista. Se eu fosse rápido o suficiente…
— Ah não! Não, não, não! — Kiara balançava a cabeça freneticamente.
— Fecha a boca e SEGURA FORTE!
Pisei no acelerador.
— AAAAAAAAAAAAAH! — Ela gritou como se estivesse caindo de um prédio.
Passamos por um fio. Mas os inimigos…
Eles não tiveram a mesma sorte.
A colisão fez o caminhão explodir. Fogo, metal voando, caos.
Eu só sorri.
— Paguem essa, filhos da puta.
Saí dali, deixando o inferno para trás.
O silêncio preencheu o carro. Só o som da nossa respiração. Kiara estava pálida, os olhos vidrados.
— Você… você é louco. — ela sussurrou.
— E você ainda tá viva, não tá?
Foi quando senti algo quente escorrendo pelo meu braço.
Merda.
Olhei para baixo e vi o sangue manchando minha camisa.
— Senhor Martinéz? — Kiara se virou e…
— Aaaaaaaaah! — O grito dela foi tão alto que quase me fez desviar do caminho.
— Joder (porra), kiara! Quer me matar de vez?!
— VOCÊ FOI BALEADO! — Ela praticamente se jogou sobre mim, os olhos arregalados, tentando ver o ferimento enquanto eu ainda dirigia.
— Eu sei! Quem você acha que levou o tiro?!
Ela começou a respirar rápido demais.
— Oh Deus, oh Deus, oh Deus… você vai morrer! Meu Deus, você vai morrer!
— Kiara, se você não parar de surtar, eu juro que morro só pra te assombrar!
Ela me olhou, ofegante.
— Você… você é um filho da puta!
— E você é dramática.
Ela bufou, mas então pegou a barra do próprio vestido e, sem aviso, rasgou o tecido.
— MAS QUE PORRA?!
— Fica quieto! Vou estancar o sangue... Aiii, meu vestido novinho... — Lamentou ela.
Ela pressionou o pedaço de pano contra o meu braço, sem delicadeza nenhuma.
— AAARGH, KIARA, CARALHO! — grunhi, sentindo a dor latejar.
— Ah, cala a boca. Você não morre tão fácil.
— E você não presta pra enfermeira, Panda!
Ela me encarou, os olhos ardendo de raiva.
— Prefere sangrar até morrer, então?!
Eu a encarei de volta, um sorriso de canto se formando nos meus lábios.
— Se for no seu colo, talvez eu considere.
Ela arregalou os olhos, claramente sem palavras.
— Você... Tá me cantando?
— E se eu estivesse?
Ela apertou o pano contra o ferimento com ainda mais força. Propositalmente.
— AAAAH, KIARA, CACETE!
— Ah, desculpa, foi sem querer. — Ela sorriu.
Eu ri, mesmo sentindo a dor latejar.
Mierda. Essa garota ia me levar à loucura.
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Atualizado até capítulo 81
Comments
Laura Boloko
Autora amei esse capítulo 😆😆😆😆😆. Só mas uma coisa AUTORA eu amo os teus livros principalmente quando falas de que país os protagonistas são e fazes de tudo para que pelo menos eles falem um pouco da sua língua prova disso os castelli e essa obra maravilhosa
2025-02-22
62
Joselma Trajano
Jesus autora , vc como sempre mim surpreendendo , eu esperando tudo menos isso foi um capítulo tenso e engraçado , eu com as loucuras de Kiara e com a frieza do Martinez , aí Deus seria pedi demais um hot logo desse casal? pq eles prometem, vão canalizar essa loucura toda na cama , ui vai pegar fogo 🔥🔥🔥
2025-02-25
2
Selma
Kiara já sentiu a adrenalina do que à espera no mundo de Cristian.
Foi do cãos ao inferno em segundo.
Que adrenalina na fuga e, o melhor foi ela preocupada com ele.
Amor e ódio andam juntos.
2025-02-22
5