Fiquei surpresa ao chegar ao hotel. Era um cinco estrelas, espetacular em beleza e conforto—nada comparado à pousada simples onde eu estava. Um funcionário me acompanhou até meu quarto, e assim que entrei, me permiti um instante de admiração. A cama era digna de alguém que havia trabalhado arduamente o dia inteiro, com lençóis macios e edredons que pareciam me abraçar.
Antes de me render ao descanso, aproveitei para tomar um banho digno de princesa. A banheira estava cheia de espuma e sais de banho, e por alguns minutos, deixei que a água quente levasse embora o cansaço do dia.
Na manhã seguinte, todos se reuniram para o café da manhã. Sentei-me próxima a Nico, que comentou, entre uma mordida e outra:
— Você trabalhou até tarde ontem, hein?
Sorri, mas minha atenção logo foi roubada.
Miguel entrou no salão, e meu coração errou uma batida. Ele usava óculos escuros e uma camiseta branca, e o cabelo ainda estava molhado, indicando que havia acabado de sair do banho. Ele parecia um crime premeditado.
Falava ao telefone e Francisco ao seu lado enquanto se dirigia à mesa onde estavam as comidas. Tentei focar na conversa com Nico, mas era impossível ignorar a presença dele no ambiente.
Quando Miguel estava voltando, finalmente me notou. Parou ao meu lado, sorrindo.
Meu coração deu mais um sinal de vida.
Merda de corpo.
— Bom dia — eu e Nico dissemos ao mesmo tempo.
Ele retribuiu com um sorriso.
— O que acham de nos sentarmos todos juntos?
Antes que eu respondesse, Francisco se aproximou.
— Não precisa — murmurei.
Miguel arqueou uma sobrancelha, como se duvidasse da minha recusa, e virou-se para Francisco.
— Eu estava chamando eles para tomarmos café juntos, mas Laura disse que não precisava — explicou.
Francisco deu de ombros, despreocupado.
— Ela tem dessas coisas, Miguel. De qualquer forma, Nico, preciso conversar com você.
Nico pegou seu prato e saiu, desaparecendo com Francisco.
Miguel riu baixo, balançando a cabeça.
— Francisco é um ótimo assistente. Sabe exatamente como tirar qualquer pessoa do caminho quando necessário.
Antes que eu respondesse, ele puxou uma cadeira e se sentou ao meu lado.
— Você descobriu meu disfarce — disse, divertido.
— O que vão pensar os outros candidatos ao verem o governador conversando com uma estagiária logo cedo?
Ele sorriu de canto.
— Eu não me importo. Não posso sentar apenas com você, mas posso te juntar à minha turma e assim te ter por perto.
— Não precisa, Miguel. Assim como não precisava do hotel.
— Não faz assim. Esse dinheiro não é meu, é dos empresários que tiram tudo dos trabalhadores e ficam com os lucros.
Revirei os olhos, tentando conter o riso.
— Assim você quase me convence.
— *Sabia*. Agora vem, quero você sentada do meu lado.
Peguei meu café e caminhei atrás dele até a mesa onde os outros estavam. Miguel sentou-se no meio dos grandões da política, deixando uma cadeira vaga ao seu lado.
Mas, ao contrário do que ele queria, me sentei à sua frente.
Ele arqueou a sobrancelha, me lançando um olhar questionador.
Ninguém pareceu surpreso com minha presença ali. Todos sabiam do meu feito no dia anterior e reconheciam meu mérito. O assunto na mesa era política. Eles falavam de política, comiam política e respiravam política. Apenas escutei em silêncio, sem me arriscar a participar da conversa.
Até que senti algo.
Uma perna roçou na minha, de forma sutil, mas inconfundível.
Meu corpo esquentou.
Porque eu sabia exatamente quem era.
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Atualizado até capítulo 92
Comments
Sonia
Vou ler mais um pouco.
2025-02-24
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