O relógio marcava o fim do tempo.
Laura largou a caneta sobre a mesa e suspirou. A última prova do semestre estava feita. Se bem ou mal, era outra história. Mas, naquele momento, o único sentimento que importava era alívio.
Ela observou os outros alunos entregando suas provas. Alguns saíam confiantes, outros murmuravam respostas baixinho, tentando se convencer de que tinham acertado pelo menos o necessário. O professor recolhia os papéis com paciência, indiferente ao drama de cada um.
Laura pegou sua mochila e saiu da sala, sentindo o cheiro característico do prédio antigo da faculdade: um misto de café requentado, livros velhos e perfume barato. Passando pelo corredor, viu alguns alunos discutindo sobre as respostas. Mas ela não queria saber. O que estava feito, estava feito.
Ao empurrar a porta que dava para o pátio, o ar fresco da tarde a recebeu, junto com o burburinho dos estudantes que já comemoravam o fim do semestre. Foi então que avistou, ao longe, seu grupo de amigos reunido na mesma mesa de sempre.
Andréh, o mais focado de todos, estava sentado com a postura impecável, segurando um copo de café e analisando algo no celular. Ele era o tipo de cara que sempre parecia saber o que estava fazendo, mesmo quando não sabia. Com 22 anos, já tinha viajado o mundo em um ano sabático antes da faculdade. Dinheiro não era problema para ele, mas sua família queria que ele seguisse administração ou direito. Ele escolheu jornalismo – só para irritar os pais.
Quando Laura se aproximou, ele ergueu os olhos e lançou um sorriso de canto.
— E então, sobreviveu?
— Mal. Mas sim. – Laura jogou a mochila na mesa e se sentou, relaxando os ombros.
Do outro lado, Katy soltou uma risada divertida. Ela era a rainha da sorte. O tipo de pessoa que não estudava, mas sempre conseguia se sair bem.
— Eu não estudei nada e fui bem! – disse, dando uma piscadela.
Laura balançou a cabeça, indignada.
— Você é insuportável.
— Eu sei!
Ema, que mexia no celular com uma expressão irritada, resmungou alto.
— Diferente de vocês, eu tenho certeza de que me ferrei.
Sempre tem alguém no grupo que você não suporta, mas que, por alguma razão, continua por perto. Para Laura, essa pessoa era Ema. Pessimista, cheia de opiniões ácidas e, às vezes, dramática demais.
— Ah, vai ver que não foi tão ruim assim! – disse Naty, com seu tom sempre otimista.
Se Ema era o caos, Naty era a calmaria. Linda, solidária, espirituosa e absurdamente positiva, ela era o tipo de pessoa que via um lado bom até em reprovar uma matéria.
— Fácil falar quando você sempre tira as melhores notas – retrucou Ema, cruzando os braços.
— Gente, notas não definem a gente! – completou Meghan, com um ar de indiferença.
Meghan era o enigma do grupo. Rica, influente e acostumada a viver no luxo, ninguém entendia direito por que ela fazia jornalismo, em vez de apenas gastar os milhões da família em viagens extravagantes. Mas, de algum jeito, ela estava ali, firme e determinada.
Laura pegou um pacote de biscoitos da mochila e começou a comer, observando os amigos discutirem. Era estranho pensar que, de alguma forma, aquele grupo caótico a ajudava a ser quem ela era.
E então havia eu a garota de 21 anos que escrevia histórias e vivia mergulhada em dramas fictícios. Que detestava políticos, mas não fugia de um debate sobre política. Que não suportava discursos vazios, mas estava sempre nos bastidores ouvindo cada palavra.
Que carregava um peso no peito e um desejo ardente no coração.
Ela queria ser uma jornalista foda. E faria de tudo para isso.
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Atualizado até capítulo 92
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