A noite chegou rápido e, com ela, a mensagem de Andréh também.
“Vem aqui pra casa. Traz cerveja. As meninas já estão aqui, só falta a gente."
Ainda me impressionava com a casa de Andréh. Era uma mansão em uma área nobre da cidade, do tipo que você só vê em revistas ou sonha em morar um dia. O portão se abriu automaticamente quando me aproximei, e caminhei pela entrada principal admirando mais uma vez aquele lugar impecável. Bati na porta e, poucos segundos depois, Andréh me recebeu com um abraço apertado — apertado até demais.
Entreguei a cerveja para ele e fui até a sala principal, onde as meninas já estavam completamente embriagadas, rindo e dançando sem nenhuma preocupação. Quando me viram, se juntaram em um coro desorganizado e gritaram:
— **Vem, Laurinhaaaa!**
O som estava alto, todos bebiam, gritavam e dançavam. Eu, por outro lado, fiquei no meu canto, bebendo e fingindo interesse no jogo de futebol que passava na TV, mesmo sem entender muita coisa. Em determinado momento, voltamos a conversar sobre o futuro e cada um compartilhou em que área do jornalismo queria trabalhar. Era uma fantasia gostosa de imaginar.
Megan e Ema, já totalmente fora de si, acabaram desmaiando no sofá. O relógio já marcava altas horas da madrugada quando Andréh se aproximou e me chamou:
— Vem comigo, vamos subir.
Eu sorri e brinquei:
— Rápido assim, Andréh? Você nem me pagou um jantar e já quer me levar pro quarto?
—Fácil assim? Ele respondeu e riu.
Ele riu.
— Sendo assim, pago um banquete!
Rimos e subimos as escadas. No corredor, ele começou a falar:
— Sabe como meu pai é influente, né, Laura? Então, ele me arrumou um bico agora nas ferias. Não receberei nada, mas trabalharei com uma equipe grande.
— Infelizmente, um politico — perguntei, já sabendo a resposta.
Ele confirmou com um aceno de cabeça.
— Sim… Pascal.
Fiz uma careta automática.
— Andréh, esse cara é um nojento.
Ele ergueu as mãos, como se soubesse que essa seria minha reação.
— Eu sei, eu sei… Mas já sei sua resposta.
— Minha resposta para o quê?
— Eu pedi uma vaga pra você. Seria apenas para entregar documentação na repartição. Tentei pegar o mesmo cargo que o meu pra ficarmos juntos, mas toda a equipe já está fechada.
Suspirei.
— Andréh, você é um amor por pensar em mim, mas dessa vez terei que recusar.
—Gostaria de trabalhar com você por perto.
—Mas… Você sabe como eu penso.
Ele me observou em silêncio, esperando que eu continuasse.
— Minha mãe diria que para um início é ótimo, mas eu não quero me envolver com alguém que usa da religião para conseguir votos.
— Entendo, — ele disse, passando a mão pelo cabelo.
— Vou procurar algo por conta própria, porque se eu não encontrar, dona Marta vai ficar no meu pé, — brinquei, tentando aliviar o clima.
Foi então que senti o toque de Andréh na minha mão. Meu corpo reagiu automaticamente, afastando-se um pouco.
— Andréh… eu não estou tão bêbada assim.
Ele sorriu.
— Que bom… não quero que esteja.
Ele se aproximou devagar, sua expressão carregava uma mistura de carinho e desejo.
— Andréh, você é demais pra mim, — tentei argumentar, já sabendo onde isso ia dar.
— E outra… Ema gosta de você.
Ele deu de ombros, como se isso não tivesse importância.
— Eu não gosto dela desse jeito, Laura.
E então ele me beijou.
Foi um beijo lento, sem pressa. Ele era o sonho de consumo de qualquer garota: amável, atencioso, bonito e com o corpo perfeito. Mas eu sabia que por trás disso havia um garoto carente, que buscava em alguém o que os pais nunca deram. E eu não era essa pessoa.
Depois do beijo, nos deitamos na cama, abraçados, conversando sobre tudo e nada ao mesmo tempo, até que o sono nos venceu.
Quando despertei, Andréh já estava no banho. Aproveitei para vestir minhas roupas, já que dormi com uma camisa dele.
Ele saiu do banheiro com um sorriso no rosto e aquele olhar apaixonado. Se aproximou e me deu um selinho.
Empurrei ele de leve.
— Andréh, não quero acabar com o que temos. Eu gosto de ser sua amiga e… não estou pronta para um relacionamento.
Ele suspirou e assentiu.
— Tudo bem.
— Sério, Andréh… você deveria sair com alguém. A cidade tem várias garotas que adorariam ter você como namorado.
Ele sorriu de canto.
— Várias… menos uma.
Fiquei sem palavras. Ele virou-se e entrou no closet para se vestir. Aproveitei a deixa para sair daquela situação antes que ficasse ainda mais desconfortável.
Descendo as escadas, encontrei Kelly já acordada. Quando me viu, sorriu e jogou uma almofada em mim.
— Noite boa, senhorita Laura?
Revirei os olhos.
— Felizmente dormi em um lugar privilegiado, — brinquei.
Ema, por outro lado, me olhava com aquela expressão de desconforto. Eu sabia que ela gostava de Andréh, e vê-lo comigo provavelmente não foi uma cena fácil.
— Coitado de mim, que dormi no chão, — André reclamou. — Essa daí nem pra me dar um espacinho…
Antes que eu pudesse responder, Andréh apareceu e, com seu jeito leve e despreocupado, salvou a situação.
Eu sabia que aquela noite não terminaria ali.
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Atualizado até capítulo 92
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