A primeira semana no estágio foi um verdadeiro caos. Eu me esforçava, tentava prestar atenção, mas, no final do dia, nada saía certo. Sempre havia algo errado, sempre um detalhe que eu deixava passar. Se me pediam para imprimir um documento, eu acabava pegando o arquivo errado. Se precisavam que eu grifasse partes importantes de um orçamento, eu destacava os trechos errados. Quando anotava recados ou pedidos, minha forma de organizar as informações parecia completamente inadequada para o padrão deles.
No começo, eu tentei me convencer de que era só um período de adaptação, mas logo percebi que meus erros estavam se tornando frequentes demais para serem ignorados. Nico, meu supervisor, não era de levantar a voz, mas sua paciência tinha um limite.
— Laura, de novo? — ele suspirou, passando a mão pelos cabelos. — Você precisa prestar mais atenção. Eu não posso parar tudo para revisar o que você faz o tempo todo. Se você não fizer seu trabalho direito, sou eu quem leva a bronca.
Seu tom era direto, sem rodeios, e aquilo me atingia como um soco no estômago.
Os meninos tentavam amenizar a situação.
— Relaxa, a primeira semana é sempre assim — disse Léo, lançando-me um olhar compreensivo. — Todo mundo se sente perdido no começo.
— Eu também cometi um monte de erros no início — acrescentou Lucas, ajeitando os óculos. — Mas com o tempo, as coisas se encaixam.
Eu queria acreditar neles, mas cada novo erro parecia um tijolo a mais em cima dos meus ombros. E o pior era quando alguém do terceiro andar descia para revisar nosso trabalho e descobria que algo estava errado.
— Quem foi que anotou isso? — perguntou uma mulher de terninho preto, segurando um papel com uma anotação minha.
Nico olhou para mim, esperando que eu me manifestasse. Com um nó na garganta, levantei a mão.
— Foi você? — ela arqueou a sobrancelha. — Isso aqui está completamente errado.
Engoli em seco, sentindo o rosto queimar de vergonha. Murmurei um pedido de desculpas e anotei as correções, mas, por dentro, queria desaparecer.
Cada nova bronca só reforçava a sensação de que eu não pertencia àquele lugar. Eu olhava para os outros trabalhando com tanta segurança, sabendo exatamente o que fazer, e me sentia uma fraude.
Na sexta-feira, quando o relógio marcou 22h, saí do comitê exausta. O metrô parecia mais silencioso do que de costume, ou talvez fosse só a minha mente desligando aos poucos.
Cheguei em casa e fui direto para o quarto.
E desabei.
Chorei de frustração.
Chorei por não conseguir entender aquele trabalho.
Chorei porque, pela primeira vez na vida, sentia que talvez não fosse capaz de lidar com aquilo.
O sábado passou arrastado. Eu não saí da cama. Minha mãe bateu na porta algumas vezes, perguntando se eu estava bem, mas eu só respondia que sim, sem forças para explicar.
No domingo, recebi várias mensagens no grupo e privado para saber como tinha sido o estágio e se queria sair, eu fingir nao ver, o peso da frustração continuava ali.
E pela primeira vez, eu me perguntei se deveria desistir.
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Atualizado até capítulo 92
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