A semana parecia interminável. Acordar cedo, assistir a aulas cansativas, fazer trabalhos intermináveis… e hoje não estava diferente. Ainda era o meio da semana e eu já sentia como se tivesse vivido um mês inteiro.
A aula de fotografia, por exemplo, foi um desafio. Eu adoraria dizer que estava aprendendo a capturar a essência dos momentos, a brincar com luz e sombra, mas a verdade era que as explicações do professor entravam por um ouvido e saíam pelo outro. Anotei tudo mecanicamente, sem ter certeza se fazia sentido, e no fim precisei pedir ajuda para Kelly, que ao menos parecia entender a lógica por trás das lentes.
Mas eu não podia ir para casa ainda. Antes disso, precisava resolver uma última pendência: falar com o professor Henrique sobre as vagas de estágio.
Henrique era o professor mais respeitado do curso de jornalismo, não só porque tinha anos de experiência, mas porque realmente se preocupava com os alunos. Ele sempre dava conselhos valiosos e era a única autoridade acadêmica que eu respeitava de verdade.
Atravessei o corredor apressada e o encontrei saindo da sala dos professores com alguns papéis na mão.
— Oi, Henrique.
Ele sorriu ao me ver.
— Laura! Em que posso te ajudar?
Respirei fundo.
— Eu gostaria de saber se as vagas de estágio ainda estão disponíveis.
Ele assentiu.
— Ainda estão, sim. Deixei o link na minha bio.
— Você sabe dizer para onde são essas vagas?
Henrique encostou-se à porta e cruzou os braços.
— Boa parte é para a área de mídia e comunicação, por causa das eleições. Muitos veículos querem estagiários para cobrir campanhas, coletivas de imprensa e marketing político. Mas há opções em outros setores também.
Tentei não fazer uma careta ao ouvir a palavra "eleições". Era óbvio que a maioria das oportunidades envolvia política. Esse era o assunto do momento, afinal.
— Entendi… obrigada, professor.
— Boa sorte, Laura! — ele disse antes de se afastar.
Segui para a biblioteca, onde abri o notebook e fiz minha inscrição em todas as vagas disponíveis. Não ia arriscar. A primeira que me chamasse, eu aceitava.
Respirei fundo e revisei meu currículo antes de enviá-lo. Meu histórico acadêmico era decente, minhas notas eram boas, mas não havia muitas experiências para encher a página. Mesmo assim, cliquei em "enviar" com uma pontinha de esperança.
Ao sair da biblioteca, encontrei as meninas no pátio. Megan estava sentada na grama, dedilhando o violão enquanto criava alguma melodia nova.
— Você não para, né? — ela comentou, olhando para mim.
— Fui tentar as vagas de estágio.
— E aí? — Kelly perguntou.
— Inscrevi-me para todas. Se alguma me chamar, já é lucro.
— Nós fizemos isso no primeiro tempo da aula — disse Ema, esticando os braços como se estivesse exausta.
— Andréh aposto que não fez — Megan brincou, lançando um olhar para ele.
Ele sorriu de canto.
— Não precisei. Já consegui o meu.
— Óbvio! — Megan riu, balançando a cabeça.
Andréh tinha contatos. Era rico e bem relacionado, então, para ele, conseguir um estágio não era um desafio, e sim uma questão de escolha.
— E você, Megan? — perguntei.
Ela deu de ombros.
— Vou continuar postando minhas músicas na plataforma. Quem sabe um dia rola algo grande.
Ema suspirou.
— Podíamos conseguir ao menos um estágio para alguém do grupo.
Olhei para ela e sorri.
— Vamos torcer.
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Atualizado até capítulo 92
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