Capítulo 18 - Entre Olhares e Segredos

Narrado por Aurora

Ficar na mansão Morelli estava se tornando mais difícil do que eu imaginava. Hoje era apenas o segundo dia, mas parecia uma eternidade.

Por mais que o lugar fosse enorme, havia muitas pessoas ali. Os irmãos de Dante eram agradáveis principalmente Mia, que fazia questão de vir ver os bebês sempre que podia, mas os tios e o primo dele… esses já eram outra história. Desde o primeiro momento, percebi que não gostaram da nossa chegada. Seus olhares avaliavam cada movimento meu, como se esperassem que eu cometesse um erro.

Respirei fundo, olhando pela janela do quarto. O jardim da mansão era impecável, com fontes, estátuas e flores perfeitamente podadas. Mas, por mais belo que fosse, eu me sentia sufocada.

O barulho de uma batida na porta me trouxe de volta.

— Aurora?

A voz doce de Mia ecoou pelo quarto.

— Pode entrar! — Respondi, ajeitando Bella nos braços enquanto a balançava suavemente.

Mia abriu a porta com um sorriso animado e se aproximou.

— Vim ver meus sobrinhos. Posso segurar um deles?

Sorri para ela. Era impossível não gostar de Mia.

— Claro. Você quer segurar o Bento?

— Sim! — Seus olhos brilharam quando Clara entregou Bento a ela.

Mia sentou-se ao meu lado na poltrona e começou a brincar com o bebê.

— Sabe, Aurora… Eu gosto muito de você.

Aquela afirmação me pegou de surpresa.

— Gosta? Mas mal nos conhecemos.

Ela deu de ombros, ainda olhando para Bento.

— Sim, mas você parece ser uma boa pessoa. E eu sei que essa família pode ser… difícil.

Suspirei, segurando Bella um pouco mais perto.

— É difícil mesmo.

Mia olhou para mim e, por um segundo, pareceu hesitante.

— Dante já te contou sobre nosso primo, Leandro?

Meu coração acelerou.

— Não… Por quê?

Ela mordeu o lábio.

— Ele não gosta do Dante. E o sentimento é recíproco. Há muita rivalidade entre eles. Só tome cuidado. Ele pode ser perigoso.

Fiquei tensa. Eu já tinha notado a hostilidade de Salvatore, mas não imaginava que a situação fosse tão séria.

— Obrigada por me avisar, Mia.

Ela sorriu e voltou sua atenção para Bento, mas suas palavras ecoaram na minha mente. Algo me dizia que essa história estava apenas começando.

Depois que Mia saiu do quarto, fiquei com suas palavras ecoando na minha mente. Leandro pode ser perigoso. Aquilo só confirmou o que eu já sentia desde que pisei na mansão Morelli.

Suspirei, deitando Bella no berço e depois pegando Bento dos braços de Clara para fazer o mesmo. A cada dia que passava, essa farsa ficava mais complicada.

Saí do quarto e fui para o corredor. A casa era silenciosa àquela hora, e eu queria aproveitar para respirar um pouco. Mas, assim que virei a esquina, dei de cara com ninguém menos que Leandro.

Ele estava encostado na parede, com os braços cruzados, como se estivesse me esperando.

— Você e Dante são um casal estranho.

Fiquei imóvel, surpresa com sua abordagem direta.

— O que quer dizer com isso? — perguntei, tentando manter a voz firme.

Ele riu de lado, seus olhos escuros me analisando com um brilho de desafio.

— Dante nunca se envolveu com ninguém. Nunca trouxe uma mulher para casa. Mas, de repente, ele aparece casado e com filhos? Você realmente espera que eu acredite nessa história?

Meu coração disparou, mas mantive minha expressão neutra.

— O que acha que aconteceu, então?

Leandro se afastou da parede e deu um passo em minha direção.

— Acho que tem algo de errado nisso tudo. E eu pretendo descobrir o que é.

Engoli em seco.

— Se quer descobrir, talvez devesse perguntar ao seu avô. Ele aceitou nossa história.

Seu olhar se estreitou.

— Meu avô está velho e carente de um herdeiro para essa família. Mas eu não sou tão ingênuo quanto ele.

Antes que eu pudesse responder, um novo som invadiu o corredor.

— O que está acontecendo aqui?

A voz de Dante soou firme atrás de mim.

Virei a cabeça e o vi parado ali, os olhos fixos em Leandro, seu maxilar travado.

Leandro sorriu lentamente, como se estivesse gostando da tensão.

— Só estava tendo uma conversa amigável com sua esposa.

Dante estreitou os olhos.

— Se eu descobrir que você está incomodando Aurora, vamos ter problemas, Leandro.

O primo de Dante ergueu as mãos em um gesto de rendição, mas sua expressão dizia outra coisa.

— Relaxa, Dante. Só estou conhecendo melhor a nova integrante da família.

Ele se afastou lentamente, descendo as escadas, mas eu sabia que aquilo não terminava ali.

Dante se aproximou de mim e me encarou.

— Ele disse alguma coisa?

Respirei fundo.

— Ele desconfia da gente. E deixou claro que vai tentar descobrir a verdade.

Dante passou a mão pelos cabelos, visivelmente irritado.

— Droga… Era só o que faltava.

— O que vamos fazer? — perguntei, sentindo um peso no peito.

Ele me olhou nos olhos, sua expressão dura.

— Vamos continuar com o plano. E vamos ser ainda mais cuidadosos. Se Leandro quer jogar, então vamos jogar também.

Eu assenti, mas sabia que aquilo estava apenas começando.

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